Visite também: Currículo ·  Efetividade BR-Mac

O que é LinuxDownload LinuxApostila LinuxEnviar notícia


Gandhicon 3: Microsoft muda discurso e anuncia acesso a informações de interoperabilidade do Windows, MS Office e outros produtos

O Henrique Martin, do blog vizinho Zumo, mandou o link para a sua matéria que resume bem os dados sobre os anúncios de hoje da Microsoft. Começo pela conclusão, colocando um trecho em negrito porque vários veículos da imprensa divulgaram o oposto, erroneamente: “O anúncio de hoje não significa, entretanto, que a Microsoft vá abrir o código de seus produtos ou abraçar o open source de vez. É um meio de admitir, entretanto, que o mundo de TI mudou e eles precisam de alguma ajuda externa. Afinal, o futuro da empresa, nas palavras de Ballmer, está nas mãos da comunidade.”

Outro trecho interessante:

Na prática, o que vai acontecer:

Produtos de ‘alto volume’ da Microsoft terão conexões mais “abertas”. Na prática, a Microsoft vai publicar a documentação de todas APIs e protocolos de comunicação usados em seus produtos. Isso acaba com a necessidade de licenças ou pagamento de royalties. Com isso, desenvolvedores de outros produtos podem integrar seus produtos aos da Microsoft de uma maneira mais fácil (e barata).

Por “alto volume” entenda Windows e Office, basicamente, mas incluem no total Windows Vista (com o framework .NET), Windows Server 2008, SQL Server 2008, Office 2007, Exchange Server 2007 e Office SharePoint Server 2007 e futuras versões desses produtos.

Na opinião do Zumo, “depois de anos e anos apostando em formatos fechados e proprietários, mais cansativas guerras e guerras por formatos, o anúncio de hoje parece um aviso de novos tempos de Microsoft, agora com Ray Ozzie no comando do software na companhia.”

Na minha opinião, é preciso ir além do anúncio – vou esperar para ver os efeitos. À primeira vista, parecem ser vários passos na direção certa, sob o ponto de vista dos clientes, do mercado e dos desenvolvedores independentes. Sob o ponto de vista exclusivamente concentrado no software livre, ainda me faltam alguns detalhes para entender melhor os possíveis efeitos, mas divulgar abertamente APIs, formatos de arquivo, protocolos e listas de patentes envolvidas é algo que há muito se pede. Vou aguardar para ver o que o SFLC dirá sobre os anúncios.

Vários leitores enviaram notícias e links a respeito (obrigado!), selecionei a do Emerson Gomes(emersonΘchita·com·br) , que faz referência (provavelmente prematura – eu acho que a medida é sinal de Gandhicon 3), ao Gandhicon 4:

“Eu juro que verifiquei umas 3 vezes que hoje não é 1o. de abril.

“A Microsoft anunciou hoje que dará livre acesso a detalhes de interoperabilidade de alguns de seus produtos, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de programas independentes. Os princípios serão aplicados ao sistema operacional Windows Vista, Windows Server 2008, SQL Server 2008, Office 2007, Exchange Server 2007 e Office SharePoint 2007, assim como as versões futuras destes programas. A Microsoft tornará pública a informação técnica necessária em seu site e os programadores de software não precisarão pagar licenças nem outras taxas para ter acesso a ela.”

…and then you win.”

Leia também o posto do Guilherme Felitti: Comunidade de software livre vê com receio anúncio “marqueteiro” da MS.


• Publicado por Augusto Campos em 2008-02-21

Comentários dos leitores

Os comentários são responsabilidade de seus autores, e não são analisados ou aprovados pelo BR-Linux. Leia os Termos de uso do BR-Linux.

    Pravctambem (usuário não registrado) em 21/02/2008 às 9:28 pm

    Eu sabia que aquela vontade do Ballmer ser Google ia servir para alguma coisa, agora vão ser bonzinhos!

    É claro que fica tudo sob a “Microsoft Open Specification Promise”, que é a promessa da MS não processar os desenvolvedores que se utilizarem dessas documentações.

    Ah, e não esqueçam que o momento é estratégico, pois agora vai ser discutida a inclusão do OOXML como padrão ISO, e uma das principais críticas era quanto à especificações fechadas dentro do formato, que, a partir de agora então passam a ficar disponíveis, veja só:
    http://www.microsoft.com/interop/docs/officebinaryformats.mspx

    Bem oportuno mesmo ;)

    Sim, sem dúvida o momento é oportuno. Mas por que a empresa faria isso em um momento que não o fosse?

    É uma armadilha Bino!

    Agora vamos esperar e torcer para que isso se converta em algo bom para a comunidade, pois caso seja verdade, uma empresa como a Microsoft promovendo interoperabilidade é algo que com certeza melhoraria muito o ecosistema de TI.

    É claro que não podemos esquecer de ao mesmo tempo que eles divulgam isso estão tentando tomar a Yahoo! à força, portanto não dá para ter muitas esperanças..

    Camelo (usuário não registrado) em 21/02/2008 às 11:28 pm

    Depois de perder ver governos e instituições adotando padrões abertos e vendo a tendencia se espalhar, a microsoft foi forçada a rever sua estrategia pelo menos nos seus produtos mais populares.
    Mas não esqueçamos que essa empresa fatura muito com a posse do que chamam de “propriedade intelectual”, basta ver o caso dos museus que ela detém com obras importantes da humanidade, onde exploram sem piedade o uso de suas imagens.

    Pierre (usuário não registrado) em 21/02/2008 às 11:49 pm

    Na realidade é uma surpresa a decisão da MS, mas acho que estamos atravessando um momento historico na area de TI, na realidade um outro modelo de negocios esta se expandindo o “codigo aberto”, e a MS esta se adaptando a ele, sabemos tambem que é um momento oportuno ele luta para adoçao do OOXML como formato ISO, a compra do YAHOO para brigar com o google. Mas enfim, acho que devemos esperar os próximos capitulos porque é um momento no minimo interessante. Se formos especular pelo passado da MS e suas praticas monopolistas realmente parece um absurdo, mas vamos ver os próximos passos.
    Será que a MS não quer perder o bonde da história como em outros tempos fez Novell quando era lider no setor de redes?
    Isto é no minimo interessante!!!

    Flávio Pontes (usuário não registrado) em 22/02/2008 às 1:22 am

    Vamos olhar melhor os detalhes.
    A tal da “Microsoft Open Specification Promise” diz o seguinte: Nós não vamos te precessar pelo uso das nossas patentes se você desenvolver o seu programa para uso não-comercial. Se você usá-lo para uso comercial terá que licenciar nossas patentes.

    Ora, isso acaba com o uso desses “padrões abertos” em qualquer programa de software livre, pois para desenvolver ou usar, temos que pagar à M$!

    É uma armadilha! hahaha

    Um abraço a todos!

    A muito tempo, lá no fórum GdH, escrevi num tópico que a MS nunca acabaria, só se moldaria ao mercado, mas a passos lentos. E realmente é como tem sido, pouco a pouco as coisas vão acontecendo, este é apenas mais um passo, a velocidade quem vai determinar é o mercado, se ele pedir mais eles darão, caso contrario vai ficando meio morno, até ter algum evento (como o caso do OOXML) para despertar o adormecido.

    Uma coisa que aumentaria a velocidade e daria mais credibilidade seria a liberação de tal forma que garantisse realmente (e não apenas uma promessa) que o uso da documentação não vá gerar qualquer tipo de restrição ou processo.
    Até concordo (em termos, desde que feito de modo legal) que ela defenda seus interesses, todas as empresas devem isso aos seus acionistas, funcionários e tudo mais, mas, infelizmente, ainda não parece o caso, quem sabe se ela conseguir comprar o Yahoo e resolver mudar o foco a coisa ande mais rápido ainda.

    Queria saber de onde o Flavio tirou isso de que é pra uso não comercial. Esse link http://www.microsoft.com/interop/osp/default.mspx fala algo bem diferente.

    “Microsoft is providing a covenant not to sue open source developers for development or non-commercial distribution of implementations of these protocols. These developers will be able to use the documentation for free to develop products. Companies that engage in commercial distribution of these protocol implementations will be able to obtain a patent license from Microsoft, as will enterprises that obtain these implementations from a distributor that does not have such a patent license.”

    Foi daqui que ele tirou:
    http://www.microsoft.com/presspass/press/2008/feb08/02-21ExpandInteroperabilityPR.mspx

    Ou seja, se for algo não-comercial tudo bem, mas se não for vai ter de pagar (e reconhecer) as patentes (não reconhecidas na UE) da MS, ou então as empresas que fizerem uso dos softwares desenvolvidos por grupos nao-comerciais, mas que esteja usando para fins comerciais. (É uma cilada Bino?? :p)

    Alan Kelon (usuário não registrado) em 22/02/2008 às 6:43 am

    Companies that engage in commercial distribution of these protocol implementations will be able to obtain a patent license from Microsoft, as will enterprises that obtain these implementations from a distributor that does not have such a patent license.”

    Não está, necessariamente, dizendo que deve pagar.

    MaxRaven, não é bem isso que diz ali. Especialmente, não quer dizer que alguém vai *ter* de pagar. Significa, isso sim, que agora a Microsoft diz que não vai mais esconder a lista de patentes, e que topa vender o direito de uso delas, caso alguém queira pagar.

    Creio ser até bem provável que algumas empresas queiram pagar, mas certamente outras vão preferir continuar se preparando para contestar -especialmente as que não atuam em países que permitem patentes de software.

    Traço um paralelo com a recente aquisição pelo Samba de documentação e informações (previamente não divulgadas) sobre os protocolos de rede adotados pela Microsoft em seus produtos. Certamente havia patentes envolvidas (a lista também foi divulgada), e não tenho dúvida de que a Microsoft teria interesse em vender acesso a elas. Mas o Samba pegou só a documentação, agradeceu e saiu da loja, mesmo assim.

    Outro detalhe que não é trivial é que a Microsoft colocou o ponto de distinção da intenção comercial no processo de distribuição, e não no de desenvolvimento, ou de uso. Ou seja: o desenvolvedor de software livre que apenas o disponibiliza ao público em geral pode ter mesmo menos a se preocupar do que antes. Mesmo quem distribui comercialmente provavelmente tem menos a se preocupar do que antes, pois agora a lista de patentes não é mais uma incógnita, e há um caminho claro no caso de a empresa ter mesmo o interesse de comprar o direito de usar estas patentes. Não é perfeito, mas é um avanço em relação ao discurso anterior de “nós temos um bom número de patentes que coloca em risco o que você faz, mas não vamos te dizer quais são, a não ser que assines antes este pacto aqui”.

    Eu quero esperar análise do SFLC. Certamente não estamos vendo uma oferta puramente altruísta e isenta de espinhos, mas a presença de ressalvas com interesse comercial era de se esperar. Pode ser uma armadilha para quem leu tudo e entendeu erradamente que a Microsoft estava abrindo código de alguma coisa, ou liberando algum software, ou que tinha parado de lutar e de agora em diante seria boazinha; mas para mim está bem claro que a oferta dela são apenas alguns passos em direção a tornar públicas algumas informações de interoperabilidade, e não a se comprometer a dar acesso liberado ao que ela continua a considerar sua propriedade intelectual.

    kayo (usuário não registrado) em 22/02/2008 às 9:18 am

    Ela não vai abrir o código fonte, ela vai mostrar aos desenvolvedores como, internamente, está escrito A PARTE do código que você pode usar para interagir com o Software. Ela apenas vai melhorar a documentação dela.

    Pessoal, liberdade de escolha é tanto você escolher desenvolver um software fechado quanto escolher livre. Parem com esse fanatismo, pois é errado.

    MaxRaven (usuário não registrado) em 22/02/2008 às 9:21 am

    Eu havia lido que não há uma obrigação, apenas uma sugestão de pagamento, mas convenhamos, partindo do histórico de longa data e até mesmo o caso Samba, é uma *forte* sugestão, tanto é que não traduzi, dei apenas apenas a minha impressão das interlinhas, como vc mesmo diz:
    “não estamos vendo uma oferta puramente altruísta e isenta de espinhos”
    Também quero uma analise jurídica da coisa, mas não só do ponto de vista dos EUA e da UE, mas tbm por aqui, pois é onde me interessa mesmo, para ter uma idéia, já ouvi da boca de um juiz (quase desembargador) que os licenciamentos de software por aqui não valem absolutamente nada, inclusive os livres. Pelo que li no OSP, por aqui, ele só é isso mesmo, uma promessa muita bonita num site, mais nada e por isso a pergunta que fiz, é uma armadilha?
    Pode até não ser, por parte da MS, mas pode se mostrar uma no fim dos contas.

    “Pessoal, liberdade de escolha é tanto você escolher desenvolver um software fechado quanto escolher livre. Parem com esse fanatismo, pois é errado.”

    Onde você viu fanatismo aqui? Estão todos apenas discutindo quais as intenções da microsoft em relação à essa súbita mudança de comportamento. Não há motivo nenhum para ofender o pessoal aqui.

    carlos (usuário não registrado) em 22/02/2008 às 10:06 am

    Carissimos

    Ajudem nessa luta contra a malvada microsoft.

    http://www.petitiononline.com/stallman/petition.html

    Seiti Yamashiro (usuário não registrado) em 22/02/2008 às 1:44 pm

    kayo, a liberdade de escolha só funciona se você possui informações suficientes para lhe auxiliar e embasar tal escolha. E creio ser isto que todos procuram – bom, exceto o da petição aí em cima :-)

    Tadeu (usuário não registrado) em 22/02/2008 às 2:41 pm

    [2] É uma cilada Bino!

    bruno (usuário não registrado) em 22/02/2008 às 4:31 pm

    Se é verdade mesmo que pra uso comercial o desenvolvedor terá que reconhecer e licensear a patente da ms, então ele fica limitado em licensas livres sob as quais ele pode lançar o programa dele.

    Mesmo dentro do que se entende como software livre existe muita diversidade. Um desenvolvedor não pode criar algo baseado na documentação da ms e depois publicar sob a gpl, se esse software tiver que ter uma restrição adicional de não ser usado para fins comerciais e nem ser incorporado em outro produto que seja comercial.

    Portanto o uso dessa documentação de interoperabilidade da ms em softwares livres é pouco questionável…

    Rafael (usuário não registrado) em 22/02/2008 às 5:59 pm

    Acho super normal a Microsoft focar no Código aberto pois é um mercado que está incandescente no mercado.

    Ou vc acha que se o mercado se virasse pro SL a microsoft ia fikar boiando!!!

    Rafael (usuário não registrado) em 22/02/2008 às 6:01 pm

    Desculpa uma área que esta incandescente do mercado.

    a frase fikou meio confusa

    Elias (usuário não registrado) em 22/02/2008 às 9:08 pm

    gandhicon, auhauhauhuahuha! conhecia a citação do gandhi, mas não os níveis de alerta. sem dúvida o FOSS ainda não venceu, prova é que o bug #1 do ubuntu ainda está em aberto.

    mas ele quis dizer: depois do gandhicon 3, vem o 4, isto é, depois dessa fase, a microsoft perde.

    Não acredito que isso aconteceu antes do lançamento do Duke Nukem Forever ou do Chinese Democracy.

    E o DirectX? Vão abrir as especificações dele também? Se o fizerem, o projeto Wine fica completo, finalmente.

    Ah, só corrigindo: não quis dizer que só falta o DirectX para o Wine ficar completo, quis dizer que com a documentação da API só vai faltar o DX.

    O Bode (usuário não registrado) em 22/02/2008 às 10:51 pm

    [3] É uma cilada Bino!

    Andre Caldas (usuário não registrado) em 23/02/2008 às 3:28 pm

    Ao primeiro comentário de Augusto Campos:

    Sim, sem dúvida o momento é oportuno. Mas por que a empresa faria isso em um momento que não o fosse?

    Augusto, acho que você não entendeu a intenção do comentário que você respondeu… lendo as entrelinhas (à minha maneira, é claro), o que eu entendi do comentário do colega, é que ele tem muita desconfiança, visto que a Microsoft tem interesses escusos. Enquanto dizem:

    assegurar os códigos abertos, promover a portabilidade de dados, aumentar o apoio para os padrões industriais e buscar um compromisso mais aberto com clientes e indústria, incluindo as comunidades de código aberto.

    Na verdade o interesse é: fazer “passar” o OOXML; e tapear as investigações da União Européia.

    De qualquer modo, acho que seu comentário foi um tanto quanto inadequado, visto que o fato de que “é um momento oportuno” é bastante relevante à notícia em questão! Qualquer “jornalista” deveria levar isso em conta, ao invés de simplesmente desqualificar a observação como se fosse algo irrelevante. Se a Microsoft tem interesses escusos, que isso seja informado junto com a notícia. Caso contrário, é amadorismo.

    Falando em amadorismo… todo esse achismo sem embasamento nenhum do artigo em questão é um grande amadorismo!

    André Caldas.

    André: não sou jornalista, nem mesmo entre aspas. Não desqualifiquei nenhuma observação, com ou sem negrito.

    Concordo com você que há inúmeros motivos para desconfiar de qualquer anúncio deste tipo, mas sustento que a questão de o momento ser oportuno, sem qualificações adicionais (como as que você teceu, contextualizando com a questão do OOXML), não é um deles, uma vez que é de se esperar que medidas deste tipo sejam tomadas justamente em momentos oportunos a quem as toma. Se ela o faz por escolha, por que o faria em um momento que não o fosse?

    O link para uma matéria apresentando as desconfianças quanto à medida consta na notícia, bem como minha opinião de que é preciso esperar para ver, uma vez que o anúncio não basta.

    No mais, você será bem-vindo se quiser enviar para cá um link para algum artigo com o *seu* ponto de vista, incluindo as suas certezas e provas profundamente embasadas de que se trata de uma medida movida por interesses escusos. Terei o maior interesse em avaliá-lo para publicação. Por enquanto, na ausência disso, creio que o meu blog continuará exibindo a minha opinião e o meu ponto de vista, amador com muito orgulho, e lhe dando a oportunidade de comentar e criticar. Acredito que você não terá dificuldade em encontrar a cobertura de profissionais e jornalistas se desejar. Tanto na Internet quanto na banca.

    Andre Caldas (usuário não registrado) em 23/02/2008 às 11:51 pm

    A princípio, não parece haver nada de ruim com a decisão da Microsoft em “abrir” (seja lá o que isso signifique) as especificações dos tais formatos dos dados. Mesmo que muitos projetos já tenham conseguido fazer engenharia reversa de grande parte desses formatos, é um tanto óbvio que é uma mão na roda ter acesso a esses documentos. A princípio, os desenvolvedores também estão “seguros”, já que parece que não poderão ser processados por infringirem eventuais patentes.

    São apenas vantagens que a comunidade do software livre leva nessa? Se eu digo que “não vou lhe processar”… o que você perde?

    Na minha opinião, você perde porque está “legitimando as tais patentes” da Microsoft. Dê uma olhada na Microsoft Open Specification Promise:

    This promise is not an assurance either (i) that any of Microsoft’s issued patent claims covers a Covered Implementation or are enforceable [...]

    A Microsoft sabe que a patente em questão não tem necessariamente nenhum valor legal, a menos que seja testada no tribunal. Em geral, as patentes não levam o caso a um tribunal. Brigar em um tribunal (ao menos nos EUA) contestando o valor de uma patente é muito caro. Na verdade, eu só ouvi dizer que é caro, não sei exatamente… ;-) me parece que você tem que contratar peritos, advogados especialistas em patentes, etc. O que acontece é que se a empresa sendo ameaçada tem dinheiro, então ela simplesmente compra a licença da patente e por vezes, ainda sai “feliz”, já que nem todos os concorrentes poderão fazer o mesmo (Por exemplo: Acordo Microsoft/Novell). Se não tem dinheiro, a empresa simplesmente abandona o projeto (Por exemplo: o projeto zeroconf parou por aproximadamente um ano com medo da Apple). Além disso, em geral, a empresa acusada de violar patentes, mesmo acreditando que as patentes não tenha validade efetiva, preferem fazer um acordo indenizando o dono da patente (neste caso a Microsoft), simplesmente porque sairia muito mais caro tentar provar a inocência.

    Segundo Eben Moglen: “Sempre que alguém faz um acordo de paz em separado com um ‘dono de patente’, isso subtrai a habilidade de a comunidade se defender. Uma patente que já foi licenciada tem um certo peso que parece se agregar a ela.”

    Agora que outros aplicativos suportam satisfatoriamente (depende do ponto de vista) formatos “secretos” da Microsoft, eles tentam nos lembrar que esses formatos são “um campo minado de patentes”. Agora que existe pressão de governos para que os aplicativos adotados utilizem padrões internacionais, eles buscam o monopólio através de patentes. E esperam que a comunidade simplesmente “legitime” a situação.

    A Microsoft já tentou fazer com que organizações como a ISO aceitassem termos mais restritivos antes dessa tal OSD: “Covenant Not to Sue” (CNS). Felizmente não conseguiram. Aí então eles fazem o OSD que é bem mais permissivo. Recebem elogios da Red Hat e outros. E aí então criam uma “terceira” iniciativa, que NÃO É A OSD e serve apenas para causar medo. Quem não presta atenção, pensa que é tudo a mesma coisa e que quem está reclamando é apenas reclamão…

    Enquanto muitos se preocupam com o mal que o sistema de patentes pode causar (pdf), a Microsoft busca a simpatia dos menos preocupados/cautelosos. Eu me preocupo, porque muitos realmente não sabem distinguir termos vagos e não se preocupam com o real significado das coisas. Por exemplo, quantos perceberam que existe um Microsoft Open Specification Promise (OSD), um “Covenant Not to Sue” (CNS) e um artigo de 21 de fevereiro? Quem sabe sobre qual estamos discutindo? Pois é… “abrir” realmente não significa nada!! “De graça” também não!!

    Andre Caldas (usuário não registrado) em 23/02/2008 às 11:54 pm

    Legitimando as patentes e confundindo as “promessas”.

    A princípio, não parece haver nada de ruim com a decisão da Microsoft em “abrir” (seja lá o que isso signifique) as especificações dos tais formatos dos dados. Mesmo que muitos projetos já tenham conseguido fazer engenharia reversa de grande parte desses formatos, é um tanto óbvio que é uma mão na roda ter acesso a esses documentos. A princípio, os desenvolvedores também estão “seguros”, já que parece que não poderão ser processados por infringirem eventuais patentes.

    São apenas vantagens que a comunidade do software livre leva nessa? Se eu digo que “não vou lhe processar”… o que você perde?

    Na minha opinião, você perde porque está “legitimando as tais patentes” da Microsoft. Dê uma olhada na Microsoft Open Specification Promise:

    This promise is not an assurance either (i) that any of Microsoft’s issued patent claims covers a Covered Implementation or are enforceable [...]

    A Microsoft sabe que a patente em questão não tem necessariamente nenhum valor legal, a menos que seja testada no tribunal. Em geral, as patentes não levam o caso a um tribunal. Brigar em um tribunal (ao menos nos EUA) contestando o valor de uma patente é muito caro. Na verdade, eu só ouvi dizer que é caro, não sei exatamente… ;-) me parece que você tem que contratar peritos, advogados especialistas em patentes, etc. O que acontece é que se a empresa sendo ameaçada tem dinheiro, então ela simplesmente compra a licença da patente e por vezes, ainda sai “feliz”, já que nem todos os concorrentes poderão fazer o mesmo (Por exemplo: Acordo Microsoft/Novell). Se não tem dinheiro, a empresa simplesmente abandona o projeto (Por exemplo: o projeto zeroconf parou por aproximadamente um ano com medo da Apple). Além disso, em geral, a empresa acusada de violar patentes, mesmo acreditando que as patentes não tenha validade efetiva, preferem fazer um acordo indenizando o dono da patente (neste caso a Microsoft), simplesmente porque sairia muito mais caro tentar provar a inocência.

    Segundo Eben Moglen: “Sempre que alguém faz um acordo de paz em separado com um ‘dono de patente’, isso subtrai a habilidade de a comunidade se defender. Uma patente que já foi licenciada tem um certo peso que parece se agregar a ela.”

    Agora que outros aplicativos suportam satisfatoriamente (depende do ponto de vista) formatos “secretos” da Microsoft, eles tentam nos lembrar que esses formatos são “um campo minado de patentes”. Agora que existe pressão de governos para que os aplicativos adotados utilizem padrões internacionais, eles buscam o monopólio através de patentes. E esperam que a comunidade simplesmente “legitime” a situação.

    A Microsoft já tentou fazer com que organizações como a ISO aceitassem termos mais restritivos antes dessa tal OSD: “Covenant Not to Sue” (CNS). Felizmente não conseguiram. Aí então eles fazem o OSD que é bem mais permissivo. Recebem elogios da Red Hat e outros. E aí então criam uma “terceira” iniciativa, que NÃO É A OSD e serve apenas para causar medo. Quem não presta atenção, pensa que é tudo a mesma coisa e que quem está reclamando é apenas reclamão…

    Enquanto muitos se preocupam com o mal que o sistema de patentes pode causar (pdf), a Microsoft busca a simpatia dos menos preocupados/cautelosos. Eu me preocupo, porque muitos realmente não sabem distinguir termos vagos e não se preocupam com o real significado das coisas. Por exemplo, quantos perceberam que existe um Microsoft Open Specification Promise (OSD), um “Covenant Not to Sue” (CNS) e um artigo de 21 de fevereiro? Quem sabe sobre qual estamos discutindo? Pois é… “abrir” realmente não significa nada!! “De graça” também não!!

    Rafael (usuário não registrado) em 24/02/2008 às 9:39 am

    Agora o OpenOffice vai ficar bom :D

    kayo (usuário não registrado) em 24/02/2008 às 4:37 pm

    Cada vez mais eu fico com menos vontade de participar da comunidade livre. Como alguém se sente no poder de criar uma petição contra a liberdade de escolha de uma pessoa, empresa? Ele é quem, Deus? Não estamos falando de certo ou errado, estamos falando de escolhas! Se você acredita estar no lado certo, porque tanto medo do errado? Uma hora o cara bonzinho sempre vence.

    Vocês fazem toda aquela filosofia de o código aberto é a melhor solução, etc e talz, e que ele vai evoluir o mundo. Se isso for certo, com o tempo o mundo vai mudando, mas vocês vão atacando, atacando e querem FORÇAR uma pessoa ou empresa a entrar nesse fanatismo. Parem com isso, sério.

    Andre Caldas (usuário não registrado) em 25/02/2008 às 10:12 am

    Kayo,

    Como alguém se sente no poder de criar uma petição contra a liberdade de escolha de uma pessoa, empresa?

    Não sei se você percebeu, mas o post ao qual acredito que você se refere, é de um troll. Os usuários cadastrados podem auxiliar o br-linux através do sistema de moderação pela comunidade.

    Vocês fazem toda aquela filosofia de o código aberto é a melhor solução, etc e talz, e que ele vai evoluir o mundo.

    Acho que há um pouco de confusão a respeito do que você chamou de “comunidade livre”. Eu, particularmente sou mais Stallman, e prefiro dizer que liberdade é mais importante do que tecnologia [inglês]. O que hoje você conhece como “linux”, “gnu/linux”, “debian”, “mandriva”, “kurumin”, etc., é o resultado de um projeto chamado GNU, que foi lançado em 1985, com o único ideal de criar um sistema operacional totalmente livre. Por que ele queria isso? Por acreditar que “código-aberto” é a melhor solução? Não. Por acreditar na “liberdade”.

    Liberdade é um conceito cheio de conflitos. Minha liberdade de matar quem eu quiser acaba se acharmos que o direito de viver é mais importante. Minha liberdade de empregar trabalho infantil acaba quando a sociedade acredita que não é do interesse público permitir esse tipo de exploração. Muitas pessoas acreditam que uma empresa que faz esse tipo de coisa está apenas “fazendo o seu trabalho” e ninguém pode reprimi-la por isso. Afinal de contas uma empresa visa o lucro. (veja Alegações permissivas ao trabalho infantil (pdf))

    Software livre não se refere a tecnologia ou superioridade em tecnologia. O assunto é político. Por exemplo, vamos supor que as editoras estivessem fazendo lobby para que o governo passasse uma lei destinada a proibir as pessoas ou bibliotecas de “emprestarem” livros. Ou uma lei que proibisse as pessoas de lerem duas vezes o mesmo livro sem autorização da editora. Que interesse o público tem em permitir que editoras tenham esse tipo de super-poderes? Existe uma idéia até um pouco “boba” de que se não forem oferecidos esses tipos de “incentivo” às editoras, então a sociedade parará de publicar livros!! Oh meu Deus!! (veja: Interpretando Incorretamente o Direito Autoral [inglês])

    Eu não questiono sua liberdade de escolha. Eu questiono o direito tirano que é dado a empresas como a Microsoft, Walt Disney, IBM, Adobe e Apple, por exemplo, em detrimento do interesse público e da liberdade do indivíduo (veja por exemplo: DMCA ou DMCA [inglês]).

    Talvez eu não queira diminuir a sua liberdade de escolha quando digo a você: “Não compre esse produto porque empregam mão-de-obra infantil semi-escrava em sua produção”. Veja só, a princípio, não estou de fato lhe proibindo de fazer nada. Apenas acho que voluntariamente você não deveria apoiar/viabilizar esse tipo de exploração. De um certo ponto de vista, você estaria pagando para que alguém cometesse o crime por você. Lembre-se… quando digo a você “não use windows”, não estou ferindo em nada sua liberdade. Apenas acho que você não deveria fazê-lo. E convenhamos, tenho todo o direito de expressar minha opinião dessa maneira!! Meu interesse é que o maior número possível de pessoas conheça o lado político do movimento do software livre.

    André Caldas.

Este post é antigo (2008-02-21) e foi arquivado. O envio de novos comentários a este post já expirou.