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Dreamlinux volta-se aos usuários internacionais

O leitor Marcelo Ulianov (marceloulianovΘgmail·com) deu a dica, e eu entrei em contato com os responsáveis pelo Dreamlinux para saber os detalhes sobre a mudança, cujo aspecto mais visível está relacionado ao idioma do site. Eles não se furtaram a responder, de forma detalhada, sobre as razões, e em deixar claro que estão prontos a acolher quaisquer interessados em manter uma versão em português do site.

Achei particularmente interessante o relato de surgimento espontâneo, pelos próprios usuários de outros países, de fóruns sobre o Dreamlinux em outros idiomas, como o francês e o checo. E fiz um paralelo com a situação do também brasileiro GoboLinux, cuja comunidade parece muito mais internacional do que brasileira.

Segue a íntegra do texto enviado pelo Nelson Gomes da Silveira, em resposta ao meu contato:

Tem havido muita especulação sobre o fechamento dos nossos forums (não foi somente o forum em português), bem como da decisão de manter, temporariamente, somente a versão em inglês do nosso website, de forma que vou lhe responder com muita franqueza o que realmente aconteceu.

Ao iniciarmos o projeto Dreamlinux, inicialmente eu, o drjesteves e o gda (que àquela época chamava-se katatau) e logo em seguida tendo o andrefelipe juntado-se a nós, tinhamos o objetivo de criar uma distribuição que fosse leve, mas não peso-pena, e que fosse fácil de usar. O projeto visava mais a trocarmos conhecimentos de forma a que crescêssemos todos juntos no processo. Nós já haviamos, os três primeiros, criado uma distro com base no Morphix, tendo o Xfce como ambiente padrão. O André (que é Designer Gráfico) iniciou uma série de belíssimas criaćões em forma de wallpapers, banners, botões, etc, inspirado nos temas do Mac OS. Ai o Dreamlinux ganhou uma identidade visual e uma assinatura, e passou a ser bem aceito por uma pequena comunidade que se registrou no nosso Fórum.

Como na internet tudo se descobre, rapidamente um usuário internacional clamou por um suporte, ao que solicitei ao gda que abrisse uma seção em lingua inglesa no nosso forum em português, me dispondo eu mesmo a mantê-la, pois o inglês é a minha segunda língua.

Pois bem, essa pequena seção em inglês cresceu mais que o nosso forum todo em português e eu solicitei ao gda que estabelecesse um forum em inglês separado, para atender a essa comunidade vibrante, que já àquela época se mostrava mais entusiasmada que a nossa comunidade brasileira. O gda mantinha os dois fóruns em seu servidor particular, em sua empresa.

A partir dai notamos um arrefecimento no nosso forum em português. Apesar de muita gente ter se registrado, muito poucos participavam ativamente. Em contrapartida, o site em inglês mostrava um crescimento assustador.

Fomos solicitados a também abrir um forum em lingua alemã, o que fizemos, e dois grupos, um francês e um checo abriram seus próprios fórums Dreamlinux em suas respectivas linguas. Em seguida um usuário inglês abriu um Wiki Dreamlinux. Resultado: a comunidade internacional se mostrou muito mais receptiva ao Dreamlinux que a comunidade brasileira. Nós vimos muito poucas notícias sobre a nossa distro nos meios nacionais. E quando vimos, as melhores eram reproduções de matérias de periódicos estrangeiros.

Com o incremento das atividades da Distro, sendo que somente eu e o André Felipe participamos ativamente de sua criação e configuração, não estávamos mais tendo tempo para dedicar aos fóruns em portugues e inglês. Designamos um dos nossos usuários mais ativos como coordenador do fórum em ingles, e depois como seu administrador. Esse usuário, por sua vez, também premido pelo tempo, admitiu um usuário americano como administrador do fórum. E aí começou a lambança. Ao ponto que comecei a receber montanhas de e-mails de usuários reclamando da atitude do administrador do fórum. Além disso, o nosso fórum em ingles passou a sofrer ataques, que o estavam utilizando para a colocação de conteúdo pornográfico. Como não estávamos conseguindo controlar tudo isso, conversamos os quatro e, de comum acordo, resolvemos fechar, inicialmente, o fórum em inglês e, em seguida, o fórum em português (sob leve protesto do drjesteves).

Quanto ao nosso site em português, a decisão de fechá-lo temporariamente foi em função do pouquissimo tempo que o André Felipe tem para atualiza-lo, pois dá um a trabalho enorme atualizar dois sites em linguas diferentes. Como o peso da comunidade internacional para a nossa distro é bem maior que o peso da comunidade brasileira, decidimos, então, pela lógica.

Entretanto, desde que fechamos os forums nós abrimos a possibilidade de a própria comunidade estabelecer e gerenciar os forums Dreamlinux, com o nosso apoio, sempre que possível. Tivemos uma resposta imediata da comunidade internacional, por meio do site linux-hardcore.com. Após uma breve troca de informaćões entre mim e o Administrador daquele portal, foi criado o http://dream.linux-hardcore.com, com sede nos EUA. Agora foi renomeado para http://dreamlinuxforums.org, com servidor próprio e exclusivo. Ninguém se interessou até agora, no Brasil, por uma iniciativa semelhante.

Da mesma forma, acolheremos muito bem em nossa equipe quem quiser nos ajudar a manter o nosso website em português e mesmo o nosso em inglês. E o fechamento dos nossos site e forum em português não significa que vamos abandonar o português na nossa distro. Ela terá o suporte internacional, como todas as demais línguas. Espero ter esclarecido a situação.

Atenciosamente,

Nelson Gomes da Silveira (nelsongs)


• Publicado por Augusto Campos em 2008-02-01

Comentários dos leitores

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    Isto é o famoso “Santo de casa não faz milagre”…

    Erick (usuário não registrado) em 1/02/2008 às 10:45 am

    A comunidade brasileira de software livre é uma vergonha mesmo, a cada dia temos mais confirmações. Será que o Brasil irá ficar para trás até nisso?

    Leonardo bragatti (usuário não registrado) em 1/02/2008 às 11:23 am

    Erick
    concordo com você, e infelizmente, acho que o Brasil vai ficar pra trás nisso sim
    Muitas empresas pela qual passei, quando tentava ao menos mostrar o que era software livre, os beneficios que todos nos temos com isso, sempre vem aquele mesmo comentario, que na minha opinião é infantil: “tudo que é de graça não deve prestar”
    E o mais engraçado que geralmente quem faz esse comentario, nunca viu um software livre na vida, e vive da imagem que o mundo cria para ela, e não a imagem daquilo que ela ve
    É triste ler uma carta dessa e ao mesmo tempo animadora, pois você ve com que seriedade o projeto DreamLinux é carregado por seus responsáveis

    João (usuário não registrado) em 1/02/2008 às 11:34 am

    O que mais se nota na comunidade de software livre do Brasil é uma espécie de adoração às distros internacionais e as desenvolvidas aqui uma certa orejira como se fossem coisas da pior qualidade. Engraçado que isto se repete há uns 250 anos pelo menos… quando trabalho feitos por brasileiros não tinham reconhecimento aqui eles iam para a Europa promover seu trabalho… daí ganhando notoriedade lá aí sim os brasileiros começavam a ver com bons olhos aqui. Há 200 anos isto se repete e acredito que por mais 200 anos isto se repetirá.

    João (usuário não registrado) em 1/02/2008 às 11:35 am

    corrigindo a postagem anterior, onde se lê orejira, leia-se: ojeriza

    Samuel (usuário não registrado) em 1/02/2008 às 11:36 am

    Realmente percebi isso também e cheguei a comentar isso no fórum do Ubuntu. O Dreamlinux realmente voltou-se ao seu público-alvo de maior expressividade (língua inglesa) e deixou aqueles que não colaboravam muito com a distro (brasileiros, por incrível que pareça).
    É engrado que o brasileiro é muito mais acostumado a usar o KDE, por exemplo, vide a quantidade de distros nacionais com esse gerenciador de janelas. O Gnome é na sua maioria usado por usuários do Ubuntu (falo isso aqui) e outros ambientes são raramente utilizados por nós. Acho que brasileiro gosta de ambientes mais completos e com mais opções em detrimento a ambiente mais leves e simples. Isso chega a ser uma contradição, pois majoritariamente nossos PCs são piores dos que os usados lá fora.
    De qualquer forma, fico feliz que a distro ainda terá suporte a PT-BR, e acho que é isso o que realmente importa. Eu mesmo tenho usado muito uma distro internacional (PCLinuxOS) e me vejo bem suportado nela.
    O bom do software livre é que a tradução de um pacote vale para todas as distros, disseminando a informação.

    Eu penso diferente, João. Várias distribuições de origem internacional que são populares por aqui contam com participação, colaboração e mesmo software de origem brasileira.

    O inverso ocorre, de maneira muito positiva (e aprovada pelos mantenedores) com distribuições como o Dreamlinux e o Gobolinux: surgiram no Brasil, mas têm grande participação da comunidade internacional.

    Exceto nos casos de projetos individuais ou de equipes bem pequenas, a linha que diferencia uma distribuição “brasileira” de uma distribuição “estrangeira” é bem menos objetiva do que pode parecer a quem lê a tua descrição sobre algum tipo de rejeição aos produtos nacionais. A nacionalidade de quem deu início à distribuição é um critério válido de classificação, mas nem sempre reflete bem a realidade do produto em si.

    A escolha e adoção de um software, ou mesmo de uma comunidade à qual se integrar, passa por diversos critérios, nem todos eles objetivos, mas creio que é pouco freqüente que a nacionalidade dos autores esteja entre os 5 primeiros deles.

    Assim, as distribuições surgidas no Brasil acabam tendo que concorrer (pela atenção e apoio dos usuários) com as de todos os outros países: França, Alemanha, Estados Unidos, etc. Isso é natural, e não um desvio do modelo.

    Quando uma distribuição oferece aos usuários brasileiros algum recurso notavelmente ausente em distribuições feitas fora daqui, aí sim ela leva vantagem. Mas hoje várias distribuições internacionais fazem isso, o que eu vejo como algo positivo, e não algo negativo.

    Sobre o pessoal do Dreamlinux (e também do Gobolinux), eu fico feliz porque eles conseguiram encontrar um caminho internacional, indo além do que muitas outras iniciativas conseguiram.

    E não acho que isso seja alguma falha da “comunidade nacional”, seja ela quem for. É simplesmente a dinâmica natural das comunidades.

    A maioria das pessoas gostam de fazer estas críticas fáceis, tudo aqui é ruim etc. Eu acho até interessante uma distribuição nova, mas não tenho muito interesse, assim existem várias pessoas que não querem muito saber da distribuição xyz*ux, outra querem. Ai antes de criticar devemos comparam o número 170 milhões com 6 bilhões e entender por que algumas coisas funcionam melhor de maneira internacional.
    Assim, não é com este argumento que podemos criticar a comunidade brasileira.

    Osvaldo Santana Neto (usuário não registrado) em 1/02/2008 às 11:51 am

    A Conectiva sofreu algo semelhante. A comunidade Linux brasileira adorava repetir infinitas vezes que “Conectiva é só uma tradução mal feita do RedHat” e coisas do tipo.

    Bonito é o que “os gringos” fazem.

    anderson (usuário não registrado) em 1/02/2008 às 12:25 pm

    Na entrevista que fiz com André Felipe ano na GIMPZINE5, eu havia apontado este sucesso obtido lá fora e até questione sobre crescimento, mas pensei que aqui no brasil ela cresceria paralelamente.

    O trabalho gráfico na distro é excelente e muito elogiado pela facilidade. Parabéns.

    Ela sendo usada muito lá fora deve aumentar a vontade de ser usada aqui, veremos!

    Mais a atitude é correta se dedicar onde tem publico. Esta historia de trabalhos de brasileiros sendo reconhecido, mais lá fora que aqui é longa.

    Eudes Cruz (usuário não registrado) em 1/02/2008 às 12:57 pm

    Eu concordo com o João. Paulo Freire foi primeiro valorizado lá fora, para depois ser reconhecido aqui. E há outros exemplos.

    Tentei o último Beta no meu note. Não entrou no X. Há mais ou menos um ano atrás havia tentado o meu desktop. Aconteceu a mesma coisa. Dizem que ela é muito bonita, mas até hoje não pude confirmar.

    Por outro lado, o Augusto tem razão: isso de usar distro nacional ou estrangeira deve-se muito a critérios subjetivos. Não uso distros brasileiras simplesmente porque a mTODAS que testei (umas 15 até hoje) não tem o menor cuidado com nossa língua e isso é muito importante para mim.

    ssf@com.br (usuário não registrado) em 3/02/2008 às 4:06 pm

    O que aconteceu foi que o usuário “ADMIN169467″ (Sitemaranatha) estava ensinando os foristas brasileiros a modificarem e criarem distros genericas com varias dicas de programas + liths e costumizaveis, e a comunidade estava se libertando teoricamente do nome dreamlinux, então sumariamente, por inveja excluiaram todo o fórum em portugues.

    lxtd (usuário não registrado) em 5/02/2008 às 1:45 am

    “Modificar” todo o conteúdo é uma coisa, mas realmente “excluir” todos os conteúdos do fórum em português foi de uma infelicidade completa e um tremendo desrespeito aos usuários brasileiros, que contribuiram em algumas questões prestando os seus tempos livres e perdendo horas no suporte ao auxílio aqueles que precisaram. Digo perdendo horas pois geralmente uma pessoa passa um bom tempo a procura da solução certa para ajudar, seja por pesquisas, testes e etc. Desculpe se vou ser radical nesta parte, mas realmente os responsáveis por esta distribuição GNU/Linux não merece o respeito de um brasileiro. Isso talvez possa magoar alguém, mas infelizmente é a verdade até o presente momento.

    GEO (usuário não registrado) em 6/02/2008 às 11:08 am

    Concordo com o comentario do lxtd. Uma coisa é receber pouca ajuda da comunidade nacional e outra é ignora-lá. No e-mail ele comenta que não tinham tempo de manter o site em 2 linguas diferentes, mas quantas atualizações eram feitas no site por dia? Eu sinceramente era um usuário DreamLinux e via poucas atualizações no site, mas sim no fórum, que não imperdia de manter. O que custava manter o site em Português com o link para download do DreamLinux em português?
    Não acho muito dificiu de manter em duas linguas. Tudo só depende de rotina dos mantenedores. EU particularmente venho trabalhando no projeto Kosmo-BR mantendo suporte para usuários Brasileiros e Argentinos. Ao mesmo tempo que trabalho no meu emprego e faço mestrado. Como consigo isso? Criei uma rotina diária. Não dou respostas aos usuários que tem duvidas no momento da pergunta, mas quando posso responder (a noite ou no final de semana). Quanto as atualizações do site que mantenho, de inicio eu até quis fazer atualizações de noticias diárias, mas percebi que podem existir dois tipos de sites: de notícias e de trabalhos técnicos específicos. Mudei o site e tornei ele apenas com conteúdo direto não precisando fazer atualizações diárias (na verdade passam semanas sem modificar o site). Atuo apenas nos fóruns, por e-mail, lista de discuçãoe só modifico o site quando necessário. Acredito que o DreamLinux é o mesmo, pois não é um site de notícias e atualizações não são rotineiras, mas apenas quando lançadas novas versões da distro. O fórum da DreamLinux não é nada dificiu de manter, pois como ele mesmo disse são poucas postagens. Então qual foi o problema por retirarem da lingua portugêsa um site já pronto e um fórum ja criado e ativado? Acredito que não passe de uma jogada politizadora da Distro.

    GEO (usuário não registrado) em 6/02/2008 às 11:18 am

    Uma coisinha que esqueci de por acima. Sou usuário a mais de 6 anos de linux e este simboliza para mim um marco no ideal da liberdade do conhecimento. Portanto concordo que nenhuma distribuição linux deva ficar presa a finalidades comerciais ou a nacionalidades. Concordo que o DreamLinux não deva ser apenas uma distro nacional, porém criaram uma distro Gringa! Sou usuário do Ubuntu pois este não reconhece nacionalidade. Esta sim é uma distro internacional! Possui varias linguas e o site esta também em várias linguas, inclusive português. Ubuntu é uma distro mais nacional e mais ligada ao ideal do conhecimento livre neste caso.

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