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Vídeo e fotos: Boot do Linux nas urnas eletrônicas

Conforme anunciado ontem, pedi à Secretaria de Tecnologia de Informação do TRE de SC a permissão para fotografar e filmar o boot de uma urna eletrônica rodando Linux, para satisfazer parte da curiosidade que o post da semana passada com a foto enviada pelo InfoG provocou.

As urnas brasileiras são um dos maiores parques instalados de Linux do mundo, e a Justiça Eleitoral tem orgulho deste case. Recebi a permissão, e fiquei durante meia hora, acompanhado por um especialista na aplicação do equipamento, entendendo como ele é operado e fotografando – sem qualquer restrição – o seu boot. Foram vários reboots, executados pelo especialista, a meu pedido, para permitir tirar meia dúzia de fotos em que dá para ler as mensagens sendo exibidas pelo kernel durante a inicialização.

A urna disponibilizada para as fotos abaixo é a mesma disponibilizado para a imprensa em geral em situações similares, embora a imprensa costume estar bem mais interessada em fotografar os aplicativos do que o boot do kernel. Ela tem suporte a identificação biométrica, e é exatamente o mesmo equipamento empregado no primeiro turno, na semana passada.

Seguem as fotos que tirei, com qualidade bem amadorística. Clicando em cada uma delas você vê a versão em tamanho grande (largura 950px), onde dá para ler as mensagens exibidas nas telas – exceto na tela do POST da BIOS, que ficou meio borrada. Como esta tela é exibida por menos de um segundo, e não sou grande fotógrafo, não consegui produzir uma imagem melhor.


(e) urna e microterminal do mesário com leitor biométrico; (c) flash card contendo o sistema operacional; (d) “wallpaper” exibido pela BIOS antes do boot


(e) POST da BIOS; (c) boot do kernel; (e) init


primeira tela do aplicativo

Já no vídeo abaixo, que eu gravei ainda mais amadorísticamente, não dá de ler mensagem nenhuma, mas a seqüência do boot fica ilustrada mais claramente.

Get the Flash Player to see this player.

São apenas poucas imagens, tiradas em uma rápida sessão, e certamente há muito mais a se conhecer. Talvez mais imagens e vídeos autorizados oficialmente estejam a caminho, e procurarei publicar todos. Se alguém tiver dúvidas tecnológicas sobre o Linux nas urnas brasileiras, pode inserir nos comentários, e tentarei buscar as respostas e publicar.


• Publicado por Augusto Campos em 2008-10-14

Comentários dos leitores

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    Flyer (usuário não registrado) em 14/10/2008 às 3:10 pm

    Legal, o processador é um amd george , o custo por cada urna deve ser bem baixo já que é montado em sima de um netbook.

    Credo (usuário não registrado) em 14/10/2008 às 3:30 pm

    george ? sima ? netbook ? bixo … no coments …

    Fabricio (usuário não registrado) em 14/10/2008 às 4:01 pm

    Muito legal mesmo… o que fiquei surpreso foi com a rapidez da inicialização da Maquina… porém tentei descobrir a distribuição que eles utilizaram… fiquei entre duas.. Slackware e CentOS, porém nada com muita certeza…

    Muito boa a materia e as fotos… Mais uma vez parabéns

    Fabricio Silva
    Diretor Técnico
    SixTI Informatica
    Linux Professional Certified Level One
    fabricio@sixti.com.br

    Leonardo (usuário não registrado) em 14/10/2008 às 4:14 pm

    Isso é bom para nós linux user. As eleições são seguras e agéis, só poderia ser no linux. ;-)
    Agora tirando os erros de gramática do colega. Tudo saiu quase de graça.

    Allan Taborda (usuário não registrado) em 14/10/2008 às 4:51 pm

    Na foto onde é exibido o init, dá para ver que o sistema de arquivos usado é o MINIX-FS, um filesystem jurássico!

    Se bem que não há como ter uma confiança total da coisa por utilizar sistema operacional aberto. Por exemplo, a (o?) BIOS é proprietária (a do fabricante da placa mãe). Talvez seja neura minha, que passei a desconfiar demais das BIOS que vêm nas placas mãe, por serem bugadas demais. Mas, ao meu ver, deveria ser utilizado um sistema básico que fosse de código aberto, como o openbios.

    Ah, e também achei o boot muito rápido. Sem dúvida um bom trabalho.

    Fabricio, ja foi falado:
    O Linux das urnas NÃO É NENHUMA DISTRO, pois foi “feito do zero”. É um sistema próprio do governo baseado em Linux.

    Eugeni Dodonov (usuário não registrado) em 14/10/2008 às 5:27 pm

    MINIX FS geralmente é usado quando a imagem é pequena e read-only. É só para iniciar mesmo, então não precisa de journal, inodes mais avançados, etc. É usada até agora para criar discos de boot em alguns casos. O legal desse sistema de arquivos é que ele é extremamente leve, não pesa nada no CPU!

    Mas a velocidade de inicialização é impressionante mesmo – ainda mais considerando que é um geode! Acho que a distribuição é customizada, não é nenhuma das conhecidas. O kernel com certeza é (pelo menos, o splash modificado :)). E, considerando que o “disco” é de só 32MB, nem slackware nem centos caberiam lá. Tem que ser um busybox + Xvesa + scripts customizados. Aí dá para caber até em uns 16MB :).

    Maicon (usuário não registrado) em 14/10/2008 às 5:58 pm

    Mas nao da pra ver em nenhuma imagem a citação do Windows CE.
    eu trabalhei nas eleições e tenho certeza de ter visto isso escrito na tela logo após ligar a urna.
    Se tu puderes tirar a duvida do porque aparece isso ao iniciar agradeço.

    É quase um boot em 5 segundos.

    Eri Ramos Bastos (usuário não registrado) em 14/10/2008 às 8:14 pm

    Uia… Headline no ./ e tudo. :)
    http://linux.slashdot.org/linux/08/10/14/1829242.shtml

    Cadu (usuário não registrado) em 14/10/2008 às 8:58 pm

    Eu me pergunto por que a etiqueta da Justiça Eleitoral foi borrada propositalmente nas fotos, sendo que o mesmo brasão e o mesmo nome aparece na tela depois.

    diebold é do mal.

    Legal, parece que eles chamam a distro de “uenux”, sendo “ue” provavelmente de “urna eletrônica” e “nux” de linux.

    Eu acho que ele não usa X. Deve usar framebuffer direto. Não teria sentido usar X, além de que provavelmente daria pra ver aquela tela interlaçada com o cursor “X” no centro (logo antes da tela “Inicializando o Gerenciador de Aplicativos”) caso ele usasse X. Mas não, a primeira tela carrega praticamente de forma instantânea após o processo de boot.

    Eu só achei estranho, lá na tela “(e) init”, ele configurando uma SWAP em uma partição que fica dentro do CompactFlash. Por que será que fizeram isso? Coisa mais estranha…

    Marcos Elias (usuário não registrado) em 14/10/2008 às 10:31 pm

    Legal, vlw pelas fotos!

    Você falou sobre dúvida… Seria legal a justiça eleitoral distribuir a distro, e arranjarmos uma espécie de software x86 “emulador de urna” pra ver como ela realmente funciona.

    Uma dúvida que tenho é sobre o que ela grava no disquete, se não há mesmo identificação do eleitor, rsrs… (já que é necessário validar a urna antes de liberar o voto).

    E outra, uma pergunta que cabe quando vc tiver oportunidade… Por que usar um antiquado disquete (visualmente é um disquete de 3,5″ comum, mas posso estar enganado), em vez de algo mais confiante, como um cartão SD ou microSD?

    Maicon, as fotos são de uma urna modelo 2006, e a mensagem mencionando o Windows CE só aparece nas urnas modelo 2002. É uma string “hardcoded” na BIOS, mas é inócua – na prática, essas urnas carregam o UENUX igual todas as outras, segundo me informaram os amigos do TRE de SC e do TSE.

    Cadu, borrei nomes e logos do gabinete da urna nas fotos porque é proibido (por uma resolução do TSE) usar determinadas imagens para fins eleitorais. Fazendo assim, reduz um pouco o interesse para eventuais marketeiros malandros tentarem fazer arte a partir das fotos que eu tirei, e eles terão que procurar em outra freguesia, ou se resignar.

    Marcos, sobre a disponibilização para rodar em emulador, pessoalmente acho ótima a idéia, e esteja seguro de que vou repassar. Quanto ao uso de compact flash cards, toda urna já emprega 2 deles. O disquete (sim, é um disquete normal) é usado apenas como mídia de transporte.

    Neno (usuário não registrado) em 14/10/2008 às 11:21 pm

    É O BIOS! _O_ BIOS é um sistema (Google lhe ajuda)

    Newbrazuca (usuário não registrado) em 15/10/2008 às 9:08 am

    Hummm.. Diebold… onde vi esta logomarca mesmo?

    http://www.michaelmoore.com/words/latestnews/index.php?id=284
    http://www.michaelmoore.com/mustread/index.php?id=733
    http://www.blackboxvoting.org/
    http://itpolicy.princeton.edu/voting/

    Ainda bem que esta roda *nix.
    Agora com biometria, hein? Isto dá o que pensar.
    Como é admirável este mundo novo.

    Vou fazer uma pergunta e depois comento a (provável) resposta: se você tivesse a galinha dos ovos de ouro em seu poder, você faria um cozido dela?

    Agora o porquê da pergunta: a Justiça Eleitoral é o único órgão do poder Judiciário com atribuições executivas (fazer as eleições) e recebe verbas vultosas para isso. Porque ela arriscaria perder para o Executivo esta atribuição só para fazer alguma fraude (que NUNCA renderá tantas verbas quanto uma eleição)?

    Retirado o motivo, fica mais fácil entender porque é tão improvável uma fraude na eleição do Brasil. Como um ex-funcionário do TSE, que já participou de eleições, posso dizer que as pessoas que trabalham na preparação das urnas são, além de muito competentes, muito honestas (e muito vigiadas, por garantia). Fraude na contagem de votos é praticamente impossível na urna, o ponto mais vulnerável seria na hora de receber os dados das urnas nos TREs ou TSE e salvar os dados alterados. Por isso existem testes aleatórios que são feitos para identificar possíveis problemas e todos os programas são abertos ao escrutínio dos partidos e pessoas indicadas por eles (se fosse aberto a todos, os caras não fariam outra coisa a não ser acompanhar curiosos para ver os programas das urnas e da apuração). Um número limitadíssimo de pessoas tem autorização para logar nas máquinas durante a eleição e todas as atividades são extensamente auditadas e tem que ter autorização expressa para fazê-lo, muito bem motivada. Se algum problema for detectado nas máquinas, como somente essa meia dúzia de pessoas tem acesso, a ordem é prender todas elas e depois descobrir quem foi.

    Quanto à pergunta se é possível identificar o voto do eleitor, é somente em dois casos: se só um eleitor votar ou se todos os eleitores votarem em apenas um candidato a cada cargo (duhhh!). Em qualquer outra situação não é possível pois existem duas tabelas não relacionadas que são armazenadas: uma contendo os números dos títulos de eleitor das pessoas autorizadas a votas naquela urna com mais um campo onde diz que o eleitor votou ou não (que é onde a parte que fica com o mesário que registra ANTES do eleitor votar) e outra tabela contendo as entidades que podem receber votos (os partidos, o “Branco”, os “Nulos” e os candidatos, com um campo onde são totalizados os votos recebidos até aquele momento. Ou seja, não existe uma lista de votos (o que permitiria saber o voto do eleitor acompanhando a sequência). Se alguém conseguir saber voto do eleitor dessa forma, avisa a Justiça Eleitoral que eles consertam :)

    Por hoje chega.

    Flávio

    Amiled (usuário não registrado) em 15/10/2008 às 10:13 am

    Concordo com o amigo Marcos Elias em relação ao SD ou uSD o problema é que são 450.000 urnas ou mais e se um SD custasse R$ 10,00 o que eu dúvido muito, já seria um custo de R$ 4.500.000,00.

    JotaEle (usuário não registrado) em 15/10/2008 às 10:23 am

    Neno, também acho que deveria ser “o BIOS”, porém devido ao fato de que este sistema era gravado em uma memória EPROM, então era usado “a BIOS” por omissão da palavra memória na frase “a memória BIOS”. E sempre é difícil acabar com tradições, mesmo sendo inadequadas em alguns contextos.

    Marcos Elias (usuário não registrado) em 15/10/2008 às 12:20 pm

    Amiled, cartões de memória flash com 1,44 MB de armazenamento (ou pouco mais do que isso) creio que poderiam ser fabricados por um valor inferior ao de um disquete, se possível com uma parceria entre algum fabricante e o governo.

    Veja, uma mídia de CD ou mesmo DVD hoje custa menos do que um disquete (não a unidade gravadora, só estou comparando a mídia).

    Pelo visto nunca tiveram problemas nas eleições, até porque o disquete é usado uma única vez, creio eu (ou bem poucas vezes). De uso pessoal, só tenho péssimas recordações do tempo que eu dependia de disquetes, com problemas fáceis de aparecer na mídia e curto tempo de vida, e usá-los nas urnas me dá arrepios rsrs.

    Newbrazuca (usuário não registrado) em 16/10/2008 às 8:24 am

    Muito grato, Flavio.
    O pequeno Huxley em minha mente fica satisfeito em saber que o grande ditador é benévolo e justo.
    Para acalmá-lo ainda mais, não seria possível disponibilizar o código-fonte, adicionar um script de include randômico e separar fisicamente o teclado do mesário da urna em que estou votando?
    Ah, e contratar outra firma.
    Desculpe as ironias, mas é que sou muito desconfiado.

    tse (usuário não registrado) em 16/10/2008 às 12:27 pm

    O que não se conta é o tipo de escrutínio e auditoria extensa que a propaganda do TSE faz tudo para que não se saiba.

    Então, se você tivesse a galinha dos ovos de ouro em seu poder, você faria um cozido dela? Não, desde que não corra o risco de que venha aqui o joãozinho subir aquele pé de feijão para querer roubar minha galinha. Quem aquele nanico pensa que é?
    Eita povo ufanista. Ainda bem que Deus e o TSE são brasileiros.

    michaell dowglas (usuário não registrado) em 19/10/2008 às 7:48 am

    Quero saber como e feito o armasenamento dos dados , que tipo de dispositivo e usado?

    Daniel Souza (usuário não registrado) em 19/10/2008 às 3:40 pm

    Allan Taborda, o MINIX-FS é utilizado porque é simples e compacto, um sistema de arquivos ideal para o cartão flash da urna eletrônica.

    Luciow (usuário não registrado) em 20/10/2008 às 10:50 am

    Marcos, quando a urna dá problemas com o armazenamento dos dados (e volta e meia dá), é preciso que o presidente de seção leve a urna inteira, em vez de ser apenas o disquete, até o local de apuração.

    E caso algumas pessoas tenham votado e a urna dá pau, aqueles votos são desconsiderados e a velha urna de lona é ativada.

    Neno (usuário não registrado) em 20/10/2008 às 12:21 pm

    JotaEle, infelizmente o brasileiro costuma ter orgulho da ignorância. Fazer o quê? Paciência.

    O termo “memória BIOS” é absurdo. É uma memória Flash (ou qualquer ROM) que armazena um software chamado BIOS. Agora convencer anos de estupidez, perpetuada por muitos acadêmicos inclusive, deveria ser o nosso dever.

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