No 2º trimestre, Linux chega a 20,8% de participação nas vendas de desktops no Brasil
Em abril de 2008, a participação do sistema operacional Linux nos desktops vendidos no Brasil chegou a 20,8%, revelou a Gfk Marketing Services nesta quinta-feira (11/09).
O número representa um salto dos 9% de mercado brasileiro conquistado em junho de 2007. Embora tenha alcançado uma boa marca em abril, contudo, a participação do Linux no mês de junho caiu para 12%. (via idgnow.uol.com.br)
Saiba mais (idgnow.uol.com.br).
• Publicado por Augusto Campos em
2008-09-12
Quantos desses desktops vendidos com Linux instalado ainda permanecem com ele no HD ? Será que já foram formatados e tiveram o Windows instalado ?
Provavelmente uns 98% foram formatados.
Comprar micro com Linux é uma ótima maneira de pagar pouco e ainda assim poder usar o Windows pirata.
Várias pessoas que conheço fizeram assim e nem tiveram a curiosidade de pelo menos conhecer o Linux (o que, dada a ruindade das distros que vêm instaladas pode até ser uma vantagem…). Só compraram com Linux pelo preço, mesmo.
A única estatística ampla e publicamente disponível aponta para um índice de substituição imediata do Linux por Windows em 73% no Computador para Todos.
Os proponentes do Computador para Todos chegaram a anunciar, logo em seguida, que fariam uma pesquisa própria para refutar o resultado acima, mas esta nunca foi divulgada.
Medições paralelas efetuadas pelo BR-Linux à época não conflitaram com o resultado que foi divulgado.
73% de “desistência” ainda é um número muito ruim…
É preciso realmente rever essa política, pq acredito que a qualidade dos serviços sobre a distro instalada nesses equipamentos é péssima!
Em sua maior parte (na verdade, todas que já vi) das empresas que disponibilizam esses equipamentos não estão interessadas em fornecer realmente suporte, então procuram uma distribuição de terceiros que possam dar esse suporte para elas.
As provedoras de serviços falham em customizar suas distros para endereçar problemas comuns dos diversos perfis de usuário (facilmente suportadas no Linux hoje em dia), como:
a) Como posso fazer uma conexão discada?
b) Como posso me conectar à provedora de banda larga que utilizo?
c) Como posso usar o serviço de conexão de minha operadora de telefonia celular?
d) Posso jogar meus títulos favoritos no Linux? Como?
e) Meu equipamento tem câmera e rede Wi-Fi, mas ela funciona no Linux? Como?
f) Como posso instalar novos programas?
Uma questão é escolher a distro pelo que o usuário precisa e não pelo que é mais conveniente para o fornecedor.
Sejamos honestos: sem ter a intenção de gerar polêmica com os usuários de outras distribuições (que tem todos os motivos do mundo para gostar da distro que usam e continuar usando-a), sabemos que a preferência de usuários (pessoas físicas e até mesmo empresas) recém saídos do mundo Windows para o Linux recai sobre distros Debian-like, muitas delas com o suporte Knoppix para live-CD (é um fato histórico, não técnico).
Então, porque oferecer outras distribuições (Fedora, Mandriva, etc.) a usuários iniciantes?
Outras coisas que atrapalham a adoção do Linux são a falta de marketing e treinamento.
Enquanto houverem campanhas de marketing, vizinhos e técnicos de informática para aconselhar “não usa o Linux não (pq eu não sei nada sobre ele)” as reinstalações piratas tendem a continuar.
Precisamos de mais empresas que baseiem seus negócios abertamente no Linux, que façam propaganda (na TV, porque não?), mais cursos e programas de inclusão social.
Eu considero 73% de desistência um número extremamente ruim.
uma coisa que acho horrível…,
pois nao adianta somente colocarmos(jogarmos) o linux no computadores. Concordo e assino em baixo sobre o comentário acima do Copérnico Vespúcio, há de ter um melhoramento muito maior no sistema que vem instalados nas maquinas, pois somente jogar o sistema na máquina, por jogar é uma sacanagem com o consumidor e acaba vendendo errado a ideologia e o próprio sistema, onde todos falam que o sistema não presta… faltando assim competência das empresas que seguram uma montanha de dinheiro e não aplicam esse dinheiro para ajudar no desenvolvimento de projetos abertos e até mesmo melhorar o “sistema” que eles fazem!
abr,
Marcello.
Sinceramente, acredito que a desistência é bem maior que isso.
Independente disso, os mais ausentes nisso tudo são as próprias empresas que criam a distribuição. Estão tendo uma chance de ouro de ganhar participação no mercado, ficarem mais conhecidas entre o público geral, vender treinamento. O Windows Vista está tendo uma péssima aceitação, o Linux vendendo e o que eles fazem? Nada! Fecharam o contrato com os fabricantes e não estão nem aí se a pessoa vai continuar usando seu produto ou não.
Infelizmente o Linux está ficando com fama ruim, bugado, difícil… e o Windows está ganhando fãs!
O que eu sempre me pergunto é : Quem precisa do Linux ? E a resposta é sempre a mesma : ninguém. Ainda mais agora, que o Windows baixou de preço, e vem “diluído” nas suaves prestações mensais de quem compra seu PC. Por isso eu prefiro indicar Aplicativos Livres, à insistir em mexer na máquina dos outros ;)
To usando o Portable Apps, quase tudo FreeSoftware, e estou gostando muito.
Quem precisa de linguagens de programação de alto-nível? Ninguém. Quem precisa de música clássica? Ninguém. Quem precisa de sushi? Ninguém. Quem precisa do Linux? Ninguém, claro!
Blá!!!!!!!!
Não sejam xiitas!!! Perguntem ao seu vizinho se ele precisa do Linux, ou se se sente bem servido com o Vista que veio na máquina do magazine !!! O que eu quis dizer é que o Linux não representa avanço algum, do ponto de vista do usuário. Se é pra fazer tudo o que ele faz no windows, qual a vantagem ? Qual o diferencial ? O que conquista o usuário ? linguagem de alto nível ??? Qual o usuário que se importa com isso, desde que a máquininha dele funcione direitinho ??? Por isso eu indico o Firefox, o Thunderbird, o Br-office, que gostem ou não, são Free Software, tem qualidade e nunca me queimaram o filme.
Eu acho que “X é indiferente para bom número de pessoas” não é a mesma coisa que “Ninguém precisa de X”
Marcelo, o Windows pode até ter software livre e de qualidade, mas o Windows não faz tudo o que o GNU/Linux faz.
O diferencial do Windows é grande quantidade de pessoas que conhecem o Windows o suficiente para ajudar alguém em apuros. Muitos usuários não são sequer capazes de instalar o sistema operacional (p. ex. Windows) ou resolver problemas simples do dia-a-dia. Eles precisam de alguém conhecido, acessível, que os ensine a imprimir um documento ou anexá-lo a um e-mail.
E esse diferencial acontece justamente pela pirataria descarada. Quase ninguém põe a mão no bolso para comprar o Windows se não tiver um risco sério de ser processado. Se muitos “computadores para todos” viraram palco de pirataria, o que se dirá então do Windows Starter Edition, com seu limite ridículo e artificial ao número de janelas abertas? E as pessoas que compraram seus computadores com Windows há vários anos, e desde então piratearam as atualizações?
O custo de uma cópia de qualquer software é muito, muito baixo. Se alguém vende uma suite de escritório por centenas de reais, não pode estar esperando do consumidor médio que realmente pague, está? Só as médias e grandes empresas e instituições vão comprar. A não ser, claro, que sigam o governo federal e adotem padrões livres.
haua Marcelo, chegou quase lá.
Te faço a mesma pergunta: e quem é que precisa de Windows?
A maioriaboa parte dos usuários nem sabe o que é Windows ou o que é Linux. Sei disso pois muitas vezes já me vi na missão de explicar para alguém o que é um sistema operacional, software, estas coisas. É extremamente complicado.Para estes seres mitológicos – os usuários – , existe uma unidade computador. Pura e simplesmente isto. Eles não diferenciam o “o Windows está com vírus” de “o computador está com vírus”. Aliás, vírus é algo que nunca vai acabar, pois não se trata mais de um problema computacional (informático?), mas de uma questão cultural. Mas deixa isto pra lá :-)
Fiz uma pesquisa e descobri que 83,3% dos usuários de computador usam Linux. Obs: fiz esta pesquisa numa amostra de 6 pessoas onde estudo, e a margem de erro é de… porque faltei na aula de estatística? :-(
Como disse o colega acima em seu comentário, simplesmente não é possível permanecer com uma distro ruim – sem suporte, programas , e que ninguém ouviu falar – por muito tempo. Eu nem me dou o trabalho de usar.
O Linux surgiu no mercado de computadores somente para justificar a diminuição do preço do computador, quando na verdade esta diferença de preços acontece por causa do péssimo hardware (POSITIVO, é pra você mesmo) destas máquinas.
Alguém aí já viu uma máquina TOP com Linux? Ainda quero ver o cara das Casas Bahia dizendo: “E este computador vem com L-I-N-U-X, Isto mesmo, vem correndo comprar. É só amanhã no sábado da alienação consumista global!”.
Máquina com Linux não pode ter placa de vídeo boa, pois o Linux é naturalmente feio e nem uma placa de vídeo ajuda; aí o camagada vê no youtoba um vídeo do compiz e imediatamente cospe no seu computador que veio com Linux e uma super-placa-de-video SIS e não roda aqueles efeitos, que só podem ser “feitos no fotoxópi”.
Aí vê na vitrine um computador com Windows Vista e um monte de coisas piscando. Ele acha demais. Mas, quando compra o Computador, vê que os efeitos não existem e há um negócio impresso na Tela que não sai nem com paninho com veja multi-uso. É o logo do Windows, na sua forma divina Starter Edition. (É isto mesmo: Windows Starter Edition!!!!).
Como disse alguém num outro post, toda máquina deveria vir sem sistema operacional. Aí o usuário escolheria o que usar. Mas isto é ruim, pois o usuário inexperiente não conseguirá fazer isto, e provavelmente pedirá ao técnico da esquina que instale “o computador” para ele. São R$ 20,00 o xispê e R$ 10,00 o Uordi e Ecsséu. Se me pagar mais R$ 50,00 te instalo o Coreu Drau.
Ou seja: estamos no beco sem saída. O mundo não precisa de Linux – nem qualquer coisa que não seja Windows – e o que temos a fazer é simplesmente continuarmos levando nossas vidas, “evangelizando” como sempre, e percebendo que a única maneira de as pessoas utilizarem algo diferente é percebendo por elas próprias que existe este algo mais.
Hey!, acabo de me contradizer.
ps: o que aconteceu com o cara do “Quer pagar quanto?”. Alguém sabe?
Gostaria de saber quanto desistalam o Vista para colocarem o XP.
GoblinX, um livecd brasileiro com base Slackware
” Windows pode até ter software livre e de qualidade, mas o Windows não faz tudo o que o GNU/Linux faz…”
O windows não “entra” na internet ? Não tem MSN ? eMule ? Orkut ? Pq é isso o que o usuário dito desktop faz !
Tenchi, é por ai mesmo ! Usuário não usa Sistema Operacional, ele usa Aplicativos ! E é por ai que eu vou, indicando bons aplicativos que ele possa usar sem esquentar a cabeça.
Ninguém paga pelo windows ? Custando R$200,00 e ainda por cima diluído nas prestações, não conheço quase ninguém que compre uma máquina sem o sistema instalado. Os que ainda compram com Linux, sim, esses vão de Xpiratão made in camelô.
Ainda acho que só quando o Linux, ou qq outro sistema, tiver um diferencial tão impactante que o usuário sinta que não pode viver sem ele, é que irão considerar uma mudança. Olha o caso dos celulares: ninguém se pergunta qual o Sistema Operacional que roda ali. Quer dizer, a Bia Kunze pergunta, mas ela é uma excessão…
Gente, eu sou usuário de Linux há tempos, e o que estou dizendo se coloca no caso de usuários não-geeks, portanto o leitor fiel do br-linux não conta!!!
Até considerei colocar o Slax no meu pendrive, mas a escola em que eu trabalho não permite que eu saia fazendo “coisas” por aqui… Em tempo : Escola Municipal, com um laboratório com 25 máquinas HP, todas com XP/Office originais. E ninguém quer nem ouvir falar de Linux por aqui, por mais que eu tente…
“Ninguém paga pelo windows ? Custando R$200,00 e ainda por cima diluído nas prestações, não conheço quase ninguém que compre uma máquina sem o sistema instalado. Os que ainda compram com Linux, sim, esses vão de Xpiratão made in camelô.”
vc esta se esqueçendo de que maquinas vendidas em lojas de computador são maioria do que as de lojas de departamento, quantas vezes vc viu alguem comprar maquina na lojinha da esquina, e esta vir com o selinho do windows, se o camarada pede pra compra windows eles botam mais 600,00 no preço da máquina!
Eu acredito que temos de partir do ponto de que se queremos que usuários ditos “comuns” começem a usar linux, temos que mostrar para eles distro que valham a pena usar, a muitas por ai e não vou entrar no mérito de dizer qual a melhor.
Windows apela para acordos interminaveis com deus e todo mundo, para vender seu sistema nos computadores.
E eu digo a todos os que vierem aqui e falarem por que usar linux?
-quantas vezes vocês já tiveram de formatar seu computador com linux, sem que tenham deliberadamente causado um problema?
- Quantas vezes vcs tiveram seu computador com linux infectado por centenas de pragas que deixam um pc com Core 2 Quad, que nem uma carroça?
- quanto tempo vc perde esperando seu pc com linux escanear o pc todo atrás de virus e trojans?
Na minha opnião, pelo menos nas empresas, o linux tem um lugar sempre garantido, mas no caso do usuário é questão de mal costume, como que uma pessoa que assiste novela das 8, come no Macdonnalds, é fã dos EUA, como que esta pessoa vai ter condição de escolher algo que preste, ela deixa os outros escolherem para ela, ela deixa a Rede
Dominar oGlobo, as Casas Bahianagens, e os EUA dizerem o que é melhor para sua vida, e obviamente para eles o melhor é vc continuar a usar Windows e continuar Alienado a todo o resto do mundo que não esteja no orkut!Prezado, Marcelo Ulianov
Concordo com a sua afirmação: “só quando o Linux, ou qq outro sistema, tiver um diferencial tão impactante que o usuário sinta que não pode viver sem ele, é que irão considerar uma mudança.”.
Bom, sou usuário de Linux há cerca de 5 meses,antes usuário de Windows pirata, não sou profissional da área de informática (estudante de medicina) e, para mim, o Linux representou sim diferenciais impactantes nos seguintes aspectos: segurança, estabilidade (redução significativa de travamentos), facilidade de instalar programas via repositórios, detecção de hardware e, algo que poucas pessoas lembram ao defender o software livre, o senso de integração à comunidade de desenvolvimento dos softwares. Hoje eu sei que, caso encontre um problema em algum aplicativo ou tenha alguma idéia nova para algum programa, posso entrar em contato com os desenvolvedores através de um simples email e dar minhas sugestões/críticas. Bem é isso, sei que cada caso é diferente do outro, mas creio que o Linux já pode sim representar um “impacto” mesmo nos dias atuais.
Usuário iniciante faz m* independente do sistema. No Linux a m* cheira menos, mas ainda assim ele vai pedir ajuda à um “técnico”.
A Microsoft faz sim acordos com quem quiser, e o que falta é a Red Hat, a SUSE Novell, a Mandriva fazerem o mesmo. O mundo corporativo não perdoa ninguém, e quem quiser que jogue o jogo como ele é.
Não vamos falar de política aqui. se bem que não vejo muita diferença entre bush e chavez, ortega e noriega, etc e etc…
Leonardo, o Linux ainda faz “mais do mesmo”, e sim, ele faz direito. Mas o usuário comum não percebe isso. Ele quer counter strike e não quer saber se o sistema isso ou aquilo, se no vizinho tem, ele quer tb. Por isso eu sempre cito os celulares, aonde os aplicativos vem à frente do sistema. O sistema simplesmente funciona, e ninguém se lembra dele.
o Linux é um game tipo adventure bem legal e que prefiro ao counter strike. tem sempre um desafio novo pra superar (fazer wireless funcionar, por exemplo). por isso uso.
eu e todo mundo.
N é desistência, pessoal. É falta de vontade mesmo.
Cópia não-autorizada é + fácil do q conhecer o novo. 73% é muito ruim, mas eu achava q era 99%.
Eu sempre falo q o Linux está pronto para o desktop, o problema é que o usuário não quer! Enquanto continuar essa situação, que uma cópia (não-autorizada) do Windows custa R$ 10 (qdo custa), o Linux n vai crescer.
E o resto são conjecturas a respeito do mercado.
Por incrível que pareça, eu acho que, para o Linux ter maior aceitação no mercado, deveriam ter mais jogos pra ele.
Mas, para a grande maioria, até um Mac é coisa “estranha”.
Por aqui, a diferença do custo do SO com Windows é 120 reais. É difícil convencer um cara de usar Linux pra diminuir 10 reais na prestação da máquina. Windows tem a cultura de “todo mundo usa” e o Linux, em parte graças a essas distribuições bixadas que vem instalado tem a fama de “dificil e dá problema demais”.
Quando vejo alguém com computador e Linux, tento enfatizar: “nossa, que legal! Você está usando Linux, muito melhor, não tem virus, não deixa você invadir e roda os sofwares do Windows com um programa que chama Wine!”
Mas o máximo que consigo é uns dias a mais antes da pessoa arrancar o SO.
“Para estes seres mitológicos – os usuários – , existe uma unidade computador. Pura e simplesmente isto.”
Mitológicos não são os usuários mas sua relação com a tecnologia. Quase toda relação com a tecnologia hoje em dia é mitológica.
“Sei disso pois muitas vezes já me vi na missão de explicar para alguém o que é um sistema operacional, software, estas coisas. É extremamente complicado.”
Explicar um BubbleSort então nem pensar né? :D
Caras estamos falando de consumo. Pessoas compram sonhos. Se esse sonho vem com Windows, Linux, Minix, DOS, *BSD, Unix, Haiku, sei lá, qualquer coisa, não importa. Mercadologicamente é assim que deve ser.
Pois é, “hein”. Digo “mitológicos” pois sempre quando falamos de usuário o tratamos como algo distante, muitas vezes fugindo do contexto em que vivemos. Algo do tipo: “Usuário não quer isto; usuário quer acolá”. É como se estivessem dizendo: “Unicórnios tinham dois chifres!” E o outro retruca “Não! Tinham três.”, quando na maioria das vezes aquele que diz também é usuário – eu! – e não tem a mínima idéia do que quer, ficando imaginando o que é que os outros – os usuários :-) – querem. Mas deixa isto para lá.
Quanto à questão do mercado, infelizmente é assim mesmo. Temos a visão do “funciona para mim, então está bom”.
Mas esta visão é extremamente limitada. Quer que eu cite pseudo-exemplos?
O sistema de coleta de lixos funciona muito bem para mim: consumo, produzo lixo e coloco na lixeira em frente de casa. “Pronto! Minha parte no processo do lixo acaba por aqui”. Mas o processo em si não acaba aqui. Antes houve a questão da produção daquilo que consumi: pode ter sido fabricada por uma criança em regime de quase escravidão no lesta asiático. Ou pode ter sido fabricado por um cortador de cana nordestino que pode ter perdido uma perna para você poder ter algum prazer. Ou pode ter sido fabricado da derrubada de 30 pés de palmito – estes dias, numa chuva, caiu um pé de palmito que tínhamos aqui em casa. A árvore tinha quase dez anos. E sabem quanto de palmito havia lá dentro? Um cilindro de algo como 30cm por 8cm de diâmetro, mais ou menos. Quanto vem num vidro de palmito? Duas árvores? – ou mesmo para aquele anel de diamante que você deu para sua esposa várias pessoas tiveram que morrer numa mina na África do Sul ou serem mutiladas pela guerra que há por estas coisas transparentes e estúpidas, desejo de um prazer inalcançável.
Ou mesmo o que acontece depois com o lixo que produzo? Para onde vai? Será jogado num rio? Será que alguém terá a coragem de comer aquele pedaço de carne que misturei com o lixo do banheiro? Acontece que comem sim. Há pessoas que vivem em situações deploráveis em aterros sanitários, os populares lixões. Será que voltará de alguma forma para mim? Não. É claro que não.
Este mercado, como você sitou, nos faz acharmos que devemos ignorar o mundo para viver nele. Tem relação profunda com a idéia de universo infinito, que nos fez acreditar em mundo finito, quando, mesmo o universo sendo finito em dimensão, nosso mundo é finito em recursos. Não existe processo início-fim. O processo é cíclico.
Esta limitação da visão é extremamente necessária para a manutenção do mercado atual. Se nos interessarmos por saber pelo menos um pouco de tudo que nos cerca, o atual mercado simplesmente faliria. Ele baseia-se na ignorância. Não que seja necessário saber tudo, mas que tivéssemos idéia do pouco que seja necessário para que possamos melhor usufruir daquilo que temos e entendermos suas conseqüencias.
E, depois deste meu fraco discurso anti-capitalista, coloco-o em nosso contexto da informática: as pessoas tem uma visão mágina e mística do computador. E só os “alquimistas” – os técnicos – sabem entender estas caixas maravilhosas. Eu realmente me irrito com o uso fútil do compuitador, dentre ele coisas como orkut, msn, etc, quando não sirvam para algo realmente útil (não tenho nada contra msn, pois é realmente muito útil em muitas situações). Mas as pessoas são induzidas a utilizarem o computador para isto somente. A maioria delas nem sequer sabe como instalar ou desistalar um programa, nem ao menos o significado de “instalar” e “desinstalar”. Não entendendo o funcionamento, o sentimento mais comum frente à máquina é o medo. Medo de clicar. Medo de carregar uma imagem, e coisas do tipo.
Obs: Bubble Sort? Acho mais fácil entender o BozoSort… hauahuaha
“E só os “alquimistas” – os técnicos – sabem entender estas caixas maravilhosas.”
Eu sempre brinco com os colegas dizendo: Isso não é tecnologia, é feitiçaria. :D
“A maioria delas nem sequer sabe como instalar ou desistalar um programa, nem ao menos o significado de “instalar” e “desinstalar”.”
Mas isso é válido sim. A pessoa quer usar seu programa, realizar uma atividade. Pra fazer isso não precisa entender como a coisa funciona, se o SO não oferecer transparência quanto a isso, algo está errado. Não é preciso saber como um avião funciona pra voar nele.
Marcos Alexandre, não é necessário conhecer a fundo o sistema, mas nunca é bom permanecer completamente ignorante frente à ele, senão você fica refém da máquina. O ideal é sim um sistema transparente, que funcione normalmente sem muita complexidade, mas acredito que seja útil que o próprio usuário do sistema entenda um pouco sobre aquilo que manipula diariamente.
É ruim para os técnicos, que genham dinheiro com formatações? Sim. Não trabalho como técnico, nem vivo disto, mas às vezes aparece alguém me pedindo para fazer alguma coisa no computador (coisa simples mesmo) e faço. Nem sempre cobro, mas as pessoas costumam querer pagar (embora como eu já tenha dito antes, não coloco o dinheiro como o centro de tudo, mas se ela quiser pagar, eu aceito, sem problemas :-)). É realmente complicado tentar explicar à pessoa o que exatamente aconteceu, pois você percebe que com o nível de conhecimento que ela tem, dificilmente conseguirá. Quando tenta, percebe que ela “bóia” totalmente.
De tanto ver estas “bóiadas”, adquiri estas idéias. As pessoas deveriam sim saber ao menos o básico (do ponto de vista técnico) sobre aquilo que é sua ferramenta talvez até diária. Senão, como disse, ficam escravas da própria tecnologia, que surgiu como libertadora da ignorância passada, o que é algo contraditório.
O Dado Dodabela diria: “Você traiu o movimento dos técnicos das esquina, véio“. Sim, traí.
Tá certo, exagerei no comentário (como estou exagerando nos últimos, como têm visto). Só quero mostrar que o “mundo da informática” está inserido num contexto cultutal muito maior, embora saiba que estas discussões não estejam dentro do escopo do site.
Simplesmente nunca gostei das coisas “simplesmente funcionando”. Procuro saber um pouco de tudo – e é claro que não consigo – sobre cada coisa que me rodeia. Quando criança já quebrei muita coisa por causa disto. Mas deixa pra lá :-)