Coligação européia lança vídeo: “partilhar e copiar não é roubar”
“Os eurodeputados de uma coligação pró-ecologia não apenas se puseram contra a posição das multinacionais de mídia, no sentido de considerar o compartilhamento de arquivos como roubo, como ainda fizeram um vídeo em que ridicularizam esta idéia.
Mais informações e referências no link a seguir.”
Enviado por Sergio J Dias (daradjaΘgmail·com) – referência (pelenegra.blogspot.com).
• Publicado por Augusto Campos em
2008-01-23
Ótima idéia. O conceito de direito autoral está caíndo em muita discussão em ser ou não válido diante dos novos meios que temos atualmente de adquirir conteúdo cultural. Eu acho válido o artista receber pelo o seu trabalho. O problema é que o capitalismo é excludente, tendo como causa o objetivo de sempre lucrar acima de tudo. Então criam-se bons produtos que só ficam acessíveis a poucos. A “Pirataria” é uma forma de inclusão social, porque possibilita que todos possam ter acesso a bons conteúdos, programas e outras coisas sem precisar ser um privilegiado economicamente. Questões de igualdade sociais sempre serão o grande peso na consciência da humanidade, então naturalmente vão aparecendo alternativas forçadas, porém justas para que diminua esse abismo.
Peraí.
As pessoas estão colocando filmes e outros tipos de mídia de entretenimento como se fosse algo essencial para o ser humano, como se fosse comida, e que todos deveriam ter direito independente da vontade do criador da mídia. Somente porque é fácil de copiar e propagar.
Não me levem a mal, estou apenas dizendo que a vontade de quem criou algo deve ser respeitada, ainda mais quando este algo não é essencial para a sobrevivência de alguém. É um direito o criador fazer o que quiser com sua criação, se ele quiser distribuir gratuitamente ou cobrar apenas um pouco, ótimo, é problema dele!
Porquê eu iria querer assistir/ouvir o produto de alguém que queira me explorar, vou perder algo magnífico, essencial para minha vida? Ué, se o cara ou compania que criou aquele filme quer me explorar eu nem vou perder meu tempo assistindo nem baixando o seu vídeo para ver na faixa, não tô nem aí.
A questão é: quem produziu investiu alguma coisa, tem direito de escolher quem vai ou não assistir ou ouvir sua produção, ainda mais quando sua produção não é nada essencial para ninguém, como um filme ou música.
Se você quer apenas música, filmes ou software (ou qualquer outra coisa) gratuitamente (ou livres), apenas utilize esses produtos, eles estão por aí. Mas não espere que eles sejam os mesmos que as produções comerciais, não acho que são melhores nem piores, apenas diferentes.
Produção comercial pode se dar ao luxo de fazer grandes investimentos, pois espera obter grandes retornos. Isso muitas vezes cria um produto (filme, música etc) de altíssima qualidade, mas muitas vezes não.
Ou seja, porque não apenas deixar o criador decidir como sua criação será distribuída? Não seria isso uma liberdade mais saldável? Afinal, quem define o mercado é o consumidor, se ninguém estivesse pagando por nada mesmo, porque iriam distribuir mídia pelo qual você deve pagar sendo que esta não seria vendida e não valeria o investimento? Fariam apenas produções livres, com outros focos talvez.
Reflitam.
Já refleti. E no meu caso, eu tenho uma boa memória. Então, se eu decoro um música. e mando o meu cérebro “tocar” ela, estou cometendo um ato ilegal? Porque, uma vez que você exponha sua arte para os outros, não há mais como você ter o controle total sobre ela. Antigamente, os artistas ganhavam um trocado trabalhando. Praticamente não havia artistas ricos, a não ser que caissem nas graças de algum rei ou de alguém poderoso. Agora não. Um “artista” produz qualquer porcaria, o suficiente pra agradar alguma classe numerosa, vende seu produto e fica coçando saco, aparecendo na tv e em revistas de fofoca, mostrando pros otários que eles ajudaram o “artista” a exibir as suas posses por aí.
Sinceramente, eu não sinto o menor remorso em pegar um arquivo de mp3 na internet, porque eu sei que o “artista” não está nem aí. Seu padrão de vida não vai cair por causa disso. Vai cair se ele parar de produzir. Sim eu acho errado quem vende produtos pirateados, mas quem apenas compartilha algo, de graça e sem intenção de ganhar dinheiro com isso não é um criminoso aos meus olhos. Um artista deveria ser grato por atos como esse, afinal, seu trabalho está sendo divulgado gratuitamente e sem nenhum esforço pra ele.
Pergunte à alguma banda de forró o quanto eles lamentam a pirataria desenfreada de suas músicas. Eles não lamentam NADA. Essa piraria ajuda-os a encher os shows que eles fazem, trazendo assim um retorno financeiro recompensador. Banda de forró que está começando PAGA pra que os outros conheçam seu trabalho (distribuindo CDs de graça), e agradecem quando alguém divulga suas músicas e os tornam famosos.
Existe sim um grupo na sociedade que é completamente contra essa linha de pensamento: os atravessadores. Eles receberam o nome pomposo de “industria”. Industria fonográfica. Esses sim, sentem na carne a pirataria diminuindo seus lucros, e condenando ao fracasso “artistas” incompetentes que eles tentam vender para o público, com pesadas campanhas de marketing, comprando horários na TV e nas rádios. Esses parasitas estão lentamente morrendo em sua agonia, ao ver que uma mídia nova surgiu e na qual sua “autoridade” não tem mais poder, onde eles não podem manipular mais o gosto do público. São estes parasitas que sempre vão entrar nas mais diversas mídias clamando questões morais, chamando a livre troca de conhecimento de nomes como roubo, pirataria e crime.
Reflitam sobre isso.
Concordo com o primeiro “Reflitam”.
E eu concordo com o “Já refleti”.
É que o Astro confundiu quem cria e quem distribui.
Não são os mesmos e é algo que o vídeo traz ao dizer que os artistas são explorados.
Comentando a opinião Clésio Luiz:
“Então, se eu decoro um música. e mando o meu cérebro “tocar” ela, estou cometendo um ato ilegal?”
Não, você não está cometendo um ato ilegal e provavelmente não está desrespeitando os termos do autor da música. A não ser que ele deixe isso claro: “Após ouvir minha música, não a decore e não pense nela!”. Mas como eu não concordo com esse termo de uso, eu simplesmente não a ouviria, o que eu perderia com isso? Tem trocentas outras músicas que eu acho boas e livres!
Enfim, sua idéia basicamente discorre sobre 1) o fato de artistas ficarem ricos e não estarem nem aí para a pirataria, pois seu padrão de vida é alto mesmo e 2) a pirataria ajuda a divulgar o seu trabalho.
Mas eu não acho que alguém desmereça respeito só porque é rico. Eu CONCORDO que a pirataria ajuda a divulgar o trabalho de qualquer um. Mas esse não é meu ponto.
O meu ponto é respeitar os termos dos produtos que você consome. Respeitar a vontade do autor. Se o autor é inteligente e sabe que a livre distribuição ajuda a divulgar seu trabalho, ele fará isso. Mas se ele acredita que não, que isso não o ajudará, e ele cobrar pelo seu trabalho, ele DEVE ser respeitado.
O meu ponto de vista é o respeito, se você não concorda com os termos de alguém, não consuma o seu produto, seja lá quais forem os termos.
Consuma os trabalhos que você valoriza, como os de livre distribuição, e você estará incentivando a sociedade e a “indústria” a produzir este tipo de produto.
Não julgue as pessoas e o quanto você irá respeitá-las pela sua riqueza. Se alguém ficou rico, é porque as pessoas deram dinheiro para esse alguém por causa de seu trabalho, então a riqueza é merecida. A não ser que esse alguém tenha enriquecido de forma criminosa, e dessa forma deve ser punido.
Resumindo, o meu ponto de vista é: consumir aquilo que você acredita (seja pela sua forma de distribuição ou qualquer outra coisa) e NÃO consumir aquilo que você acha errado. Mas SEMPRE respeitar os termos.
O fato de NÃO consumir algo será um grande incentivo para impedir a propagação de sua forma de distribuição (esse é o ponto da matéria, mas poderia ser qualquer outra coisa). Mas se um modelo de negócios continua funcionando, é simplesmente por que existe um mercado para financiá-lo. Simples assim, a indústria vive em função da sociedade.
O meu ponto não é o fato da indústria de mídia morrer ou não. O meu ponto de vista é fazê-la morrer pelo respeito aos seus termos (não consumindo seus produtos) em vez de fazê-la morrer pelo desrespeito aos termos de seus produtos.
Mas enfim, de uma forma ou de outra (respeitando ou não), é óbvio que nesse cenário haverá pouco espaço para que esse modelo de negócios (de música ou vídeo ou outra mídia paga) sobreviva.
Eu sinceramente não me importo com isso, me importo mais com a conduta das pessoas. Claro, é óbvio que baixar um filme não é igual a roubar uma bolsa, mas ainda sim é um desrespeito, é por isso que cada crime tem uma punição diferente, mais branda ou mais pesada. Acredito que o mínimo desrespeito é um crime, mas acho que ninguém deva ser preso por isso, apenas mereça uma punição de conduta, como um “puxão de orelha” (não literalmente, mas verbalmente).
“É que o Astro confundiu quem cria e quem distribui.
Não são os mesmos e é algo que o vídeo traz ao dizer que os artistas são explorados.”
Sim, isso é o que o vídeo diz. Mas se o artista é realmente explorado e não se importa com isso, porque ele não simplesmente disponibiliza suas criações para download e fim de papo, por sua própria conta? Bom, se ele não faz isso então eu suspeito que não seja tão simples assim, e me vem a dúvida se ele seria realmente explorado.
Eu acho que muitos não possuem recursos (estúdio, equipamentos etc), então eles fazem um negócio com a gravadora. Agora, o único que pode julgar se o artista é mesmo explorado é ele mesmo, foi ele quem fez o negócio, ele sabe (ou deveria saber) que negócio ele fez.
Na minha opinião esse é um vídeo manifestando a opinião de quem consome: “é só baixar o vídeo, música etc e pronto, porque devo pagar? Não tirei nada de ninguém, só copiei.”
Agora, até acredito que muitos artistas possam ter a mesma opinião, mas com uma dose de cautela muito maior. Pois copiar não pesa nada, mas ser copiado e depois não ver nada em troca é diferente. A não ser que desde o início o seu propósito fosse simplesmente distribuir livremente seu trabalho, o que pessoalmente acho bonito, mas não se encaixa em todas as situações de criação de mídia (música, filmes, conteúdo, software, livros, qualquer tipo de criação), então isso deveria ser simplesmente uma vontade do autor (ou de quem distribui, como você disse, mas com o óbvio consentimento do autor), e deveria ser respeitada.
Você pode respeitar um artista indo ao seu show, ou contando ao seus amigo o quão boa a sua música é. Deixar de comprar um CD você não prejudica um artista, você prejudica a indústria. Quem cria regras de como consumir um trabalho de um artista não é ele, são os advogados das gravadoras. Saiba que o direito de cópia das músicas do Beatles não pertence a eles, mas a Michael Jackson (se eu não me engano), que comprou os direitos autorais das músicas da banda da gravadora à algumas décadas atrás.
Saiba que muitos artistas, em busca do sucesso e dinheiro fácil, fazem contratos onde praticamente vendem as suas almas às gravadoras. Por exemplo, muitos fazem contratos onde está estipulado que todas as músicas que eles fizerem durante a duração do contrato, pertencerão às gravadoras.
Não tenho raiva nem inveja de quem é rico, só não vejo motivo pra ajudar alguém a fazer uma visita a Ilha de Caras… Se eles querem ir pra lá é a vontade deles, só não contem com meu dinheiro pra isso :-)
Quanto a gravação de um álbum independente, isso é muito fácil, já que você atualmente só precisa ser um músico de verdade, ter os instrumentos musicais e ter um PC razoável para isso. Acontece que é muito mais vantajoso para alguns artistas (especialmente os pseudo-artistas) fazerem contrato com uma gravadora para que ela possa ficar encarregada de fazer a produção, distribuição, propaganda e venda dos álbuns. Um estúdio caseiro é mais barato do que você pensa. O disco dos Tribalistas foi gravado na casa de Marisa Monte, por 4 pessoas (seu não me engano) e vendeu mais de 1 milhão de cópias, sem divulgação na mídia, sem comprar espaço nas rádios nem na TV. Vendeu porque quem fez é bom no que faz, e fez algo que motivou as pessoas a comprá-lo.
O artista em si não ganha muito com discos vendidos em lojas, ele ganha fazendo shows, isso todo mundo sabe (veja que me refiro apenas as músicas, não a filmes).
Muito da exploração que os atravessadores fazem hoje é fruto da incapacidade do público em geral tem em perceber que está sendo explorado, e brigar por seus direitos. Eu, como consumidor, não gosto que os outros me digam quais são os meu direitos e, como os números da pirataria mostram, nem a maioria da população liga para o que as gravadoras acham.
Se um artista acha que pode viver, nos dias de hoje, apenas dos direitos de copyright, é bom que ele reveja os seus conceitos. Se você quer vender bíblias em meio a baile funk, a falência o espera. Bonito ou não, essa é a situação do mercado. Quem se adapta tem uma chance de ganhar algum, quem não se adapta amigo, é melhor arranjar outra coisa pra fazer.
O conceito de software livre um dia também já foi colocado como coisa de louco, de desocupados que só queriam as coisas de graça. O mercado, esse sim o grande juiz, mostrou que o que dá dinheiro é serviço. Agora o grande juiz também está impondo sua lei no mercado musical. É só abrir os olhos pra ver.
Toda essa discussão levanta questões em vários níveis e que não deixam de estar corretas, mas não se vai muito longe assim, pois o que ocorre aqui é que é preciso mudar o paradigma. Vocês estão deixando de considerar o ponto mais importante: qualquer obra digitalizada é um bem não-escasso.
Bens escassos (“objetos” físicos, por exemplo, que não podem ser “copiados”) é que podem ser roubados, bens não-escassos podem ser reproduzidos em qualquer quantidade sem nenhum prejuízo ao bem original, portanto não podem ser roubados. É absolutamente impossível, ilógico e absurdo querer impôr limites ou regras à cópia ou ao uso que cada pessoa faz de um bem não-escasso, é como querer obrigar alguém a comprar “ar engarrafado” quando qualquer um pode respirar qualquer ar como quiser, justamente por não ter nenhum custo e não prejudicar (subtrair) nada do “dono” do ar engarrafado.
Antigamente, o armazenamento, duplicação e transmissão de informação tinha sempre um custo material considerável, pois a “mídia” (suporte físico) dependia totalmente ou mesmo confundia-se com a própria informação. Nesse caso era possível o controle sobre a sua disseminação e mesmo em certos casos era justa a preocupação com a duplicação “não autorizada”. Era preciso “produzir” fisicamente um livro, um vinil, um rolo de filme ou fita, uma foto, etc. A revolução digital mudou totalmente isto, pois o custo da duplicação de bits é praticamente zero e não agrega nem subtrai mais nada do que pura informação.
É aí que o paradigma muda! A partir do momento em que uma obra está em meio digital, ela passa a não ter nenhum custo de reprodução, ou seja, em si ela não possui mais nenhum valor de troca. Querer forçar o estabelecimento de um valor ou condições de uso *pessoal* para a informação neste estado é simplesmente impossível na prática, e eticamente inadmissível! Qualquer tentativa neste sentido implica em situações totalmente absurdas, no estilo de “1984″. O autor da obra não deixa de ser o responsável por ela e ter alguns direitos sobre seu uso comercial, por exemplo, mas não sobre a sua reprodução e uso pessoal.
Na verdade, esta nova situação é muito mais próxima do “natural”, como era antes da revolução industrial e do capitalismo, quando não existiam gravações para serem comercializadas. Música, teatro, etc., só existiam “ao vivo”, e tinham valor por isso (por serem únicos, ou seja, escassos). O período da “indústria cultural”, que hoje está agonizante pela quebra do paradigma que o sustentava, nos acostumou com uma realidade que (para a maioria ainda) parece natural, mas era uma excrescência profundamente anti-natural. E a nova situação da revolução digital traz ainda, além deste semi-retorno, a possibilidade da democratização total da informação, o que é mais relevante ainda!
Neste novo paradigma, os autores e artistas vão morrer de fome ou desaparecer? Logicamente que não, mas TODO o sistema vai ter que funcionar a partir das novas bases e regras, que ainda não foram estabelecidas ou ainda estão sendo imaginadas. Não é mudando uma coisinha aqui ou ali que o sistema vai se manter; o paradigma MUDOU! Não é mais possível retornar. Isso vai demandar alterações mais profundas na organização social? Sim, eu não tenho dúvidas, e acho que isso (conjuntamente com a crise ambiental) vai levar inevitavelmente o próprio sistema produtivista/capitalista à plena insustentabilidade.
Mas como vai funcionar? Não sei dizer, mas o próprio esquema de funcionamento do Software Livre, auto-sustentável e beneficiando a todos a partir da idéia de comunidade – onde a remuneração não precisa seguir necessariamente a estreita via mercantilista e ainda assim é organicamente viável – pode ser um indicativo muito bom.