Notícia publicada por brain em março 8, 2004 03:03 PM
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O Morvan Bliasbi (morvan_br(at)hotmail.com) mandou uma tradução do artigo "Brazil falls in love with Linux", publicado originalmente pela BBC e que causou bastante discussão aqui no br-linux na semana passada. Agradecemos ao Morvan, e quem não viu o artigo original por causa da barreira do idioma agora pode ver abaixo.
""Brasil se Apaixona pelo Linux"
http://news.bbc.co.uk/1/hi/business/3445805.stm
por Mark Ashhurst
Serviço BBC no Brasil - Negócios
Tradução voluntária de Morvan Bliasbi (morvan_br(at)hotmail.com)
Por trás de portas fechadas na Universidade de São Paulo, Professor Arnando Mandel tem aquilo a que se pode chamar de relacionamento "íntimo" com a Faculdade de Ciências da Computação.
Dois dos servidores da universidade foram batizados Kama e Sutra, baseado no milenar manual de posições amorosas, explica.
Servidores são raramente objetos de desejo, mas há algo de especial nas máquinas do Prof. Mandel.
É que eles rodam Linux, uma alternativa ao sistema operacional mundialmente dominante da Microsoft, Windows.
Linux é conhecido como "Open Source" ou software livre, por causa de seu código ser disponível, para algum programador poder personalizá-lo e adaptar ás suas necessidades.
Professor Mandel explica qual é a principal vantagem do Linux sobre o Windows.
"O mais importante é que se tem o controle sobres seus próprios dados", aponta.
"Em uma democracia, é importante que um governo livre não se deva submeter aos caprichos de uma companhia".
O completo "Movimento Pelo Software Livre" - pessoas que acreditam que as fontes de programas de computador não devem ser protegidas por patentes e copyrights para exploração comercial - está ganhando adeptos no mundo de desenvolvedores.
Software livre é popular na China, na Índia, mesmo em partes da África.
Não se pode afirmar com certeza, mas, na América Latina, estimativas sugerem que sistemas livres estarão instalados em por volta de um terço de todos os computadores.
O Brasil está na liderança, uma batalha em uma enorme contenda - por assim dizer, uma guerra - entre Microsoft e Linux.
Mudanças no negócios
Roberto Tricoulat, um exportador de café operando em São Paulo, ilustra o que o Linux está gozando de conceito entre empresários brasileiros, bem como nas universidades.
Crianças nas favelas aprendem Linux básico.
Ele, Sr. Tricoulat, enfrenta atualmente uma pane, onde várias máquinas dão reboot por causa de problema não identificado.
Sr. Tricoulat acredita que suas máquinas com Windows foram atacadas por hackers, ou estão infectadas por vírii.
Sua estratégia para ter suas máquinas operando normalmente de novo pode ajudar a Microsoft a afundar mais ainda no mercado mundial de software.
"Eu peguei uma da minhas máquinas que tinham o problema e instalei os dois sistemas - Linux e
Windows. Queria ver se o Windows Cairia e o Linux se se sustentaria", diz.
"Se tal acontece, mudarei para Linux no outro dia, com certeza. Terei que converter todos meus arquivos, mas, pelo menos, voltarei a trabalhar".
Também Sr. Tricoulat não está sozinho.
Diz ele sobre artigos regulares recebidas pela Microsoft, alertando usuários para atualizar seus sistemas ilustram bem como as falhas globais em computadores estão no Brasil.
"A mentalidade xenofóbica no Brasil é o que leva realmente as pessoas em direção ao software livre, em alguns casos".
Paolo Zappi, Zappitec
Isto, juntamente com o custo da manutenção de sistemas Windows, é uma ferramenta poderosa para exploração de alternativas.
"Toda vez que existe uma atualização, você paga algo. É assim que a Microsoft faz dinheiro", diz.
Distante de Casa
O Linux foi desenvolvido na Finlândia, treze anos atrás, por seu mantenedor(1), Linus Tovards.
Mas é no Brasil que ele encontra o seu apoio mais entusiástico.
O setor de alta tecnologia governamental quer criar o que ele mesmo chama de "Continente do Código Aberto".
Mesmo a prefeita de São Paulo, uma ex tevê-sexo-terapeuta(2), encampa um projeto para ensinar o básico do Linux em favelas - os subúrbios das maiores cidades.
Porém, pode ser que a torcida do Linux tenha sobrevalorizado os fatos.
Por exemplo, enquanto usuários do Linux não têm que pagar licenças, instalar e rodar o sistema não é totalmente "grátis".(3)
Windows: enfrentando resistência firme (foto)
Junte a isso o custo de treinamento, suporte técnico, personalização e software específico... e o menor custo do Linux parecerá menos convincente.
"Parece ser um pouco mais barato instalar o Linux se você observar o custo total do sistema, mesmo que você esteja mais protegido de vírii", diz Paolo Zappi, da Zappitec, uma empresa que instala sistemas Linux para pequenos negócios.
Sr. Zappi aponta que o ressentimento popular contra a Microsoft é parcialmente político.
"[Microsoft] são o grande monopólio e eles são da América", afirma.
"A mentalidade xenofóbica no Brasil é o que leva realmente as pessoas em direção ao software livre, em alguns casos".
De baixo para cima
Ao mesmo tempo, existe agora um debate entre especialistas sobre se o Linux é realmente mais seguro.
"Fans do Linux e do movimento pelo código livre dirão que sendo disponível a todos, haverá mais pessoas trabalhando nele, mais pessoas a detectar problemas e podem oferecer atualizações bem mais rapidamente", diz Bryan Glick, de um jornal londrino especializado no tema.
"Do outro lado, Microsoft dirá que não há modo de gerenciar algo com essa dimensão a partir de programadores espalhados no mundo, você necessita de uma Companhia que tenha esta perícia dentro de suas próprias portas".
Seja qual for a razão subjacente, Linux cresce rápido no Brasil, mesmo sendo difícil estimar quantas organizações o tem adotado até agora.
"Isto se dá de baixo para cima, e não o contrário, com é normal encontrar em grandes companhias, diz Sr. Zappi.
Diversidade
Porém, companhias de grande porte, no Brasil, estão pegando um interesse considerável na batalha sobre o controle dos sistemas computacionais da nação.
Lawrence Pih é Chefe Executivo dos Moínhos Pacífico, a maior companhia de trigo privada das Américas.
Mesmo com seus computadores rodando Windows, ele se sente feliz pelo menos por haver pelo menos um desafio plausível ao domínio do Windows.
"Hoje, sem dúvida, Microsoft é um monopólio em todo o mundo, mas é permitido. É estranho para mim - O sistema americano sempre defendeu a livre competição", diz.
"Todo governante deveria ter alternativas e não ser dependente de um sistema, e não ser seu escravo".
Isto é dito por um industrial, não por um político.
Parece quase romântico insistir que a escolha de um sistema operacional realmente no dê um elevado senso de liberdade - uma espécie de idéia técno-utópica que acadêmicos debatem há anos.
Esta convicção vem crescendo através das nações e continentes onde tecnologia é só uma noção e perece a maior esperança de sobrevivência dos nós difíceis da economia global.
notas do tradutor:
procurou-se respeitar, e tal se deu, as idéias do articulista. mas, á guisa de registro, fazem-se estas observações:
(1) mas do que mantenedor, Linus Tovards é mentor do Linux;
(2) a menção à prefeita de São Paulo, pelo sr. Zappi, é totalmente descabida, preconceituosa, sexista e desqualificada - no texto, a tradução está literal, como de resto;
(3) mais uma vez, "grátis", ao invés de "livre". o Sr. Zappi fala a la Microsoft, como todos os seus articulistas."
Alguem conhece o SR. Zappi? Qual a sua relevância para a comunidade e a implementação do Software Livre no Brasil?
Até onde eu pude ver nada a ver com Linux ou qualquer Software Livre.
Se a ideia era fazer um contra-ponto porque não entrevistar alguem de relevancia nos dois lados?
Seguem os dados encontrados no site da Zappitec:
Zappi Tecnologia Eletrônica Ltda.
A Zappi Tecnologia é Representante de Indústrias de Componentes Eletrônicos no Brasil e Argentina (MERCOSUL).
A empresa iniciou suas atividades em 1986 produzindo equipamentos para testes não destrutivos destinados à indústria metalúrgica e passou para a área de representação técnica e comercial em 1993.
A Zappi Tecnologia é bem conceituada na Área de Potência, Automotiva e Telecomunicações. Nosso foco é o auxílio ao desenvolvimento de produtos fornecendo suporte técnico aos departamentos de engenharia de nossos clientes.
Zappi Tecnologia Eletrônica Ltda.
vendas@zappitec.com.br
Rua Caçapava, 49 cj 65 CEP 01408-010 São Paulo SP
Fone: + 55 11 3064 3303 Fax: + 55 11 3085 9455
Alguem conhece o SR. Zappi? Qual a sua relevância para a comunidade e a implementação do Software Livre no Brasil?
Até onde eu pude ver nada a ver com Linux ou qualquer Software Livre.
Se a ideia era fazer um contra-ponto porque não entrevistar alguem de relevancia nos dois lados?
Seguem os dados encontrados no site da Zappitec:
Zappi Tecnologia Eletrônica Ltda.
A Zappi Tecnologia é Representante de Indústrias de Componentes Eletrônicos no Brasil e Argentina (MERCOSUL).
A empresa iniciou suas atividades em 1986 produzindo equipamentos para testes não destrutivos destinados à indústria metalúrgica e passou para a área de representação técnica e comercial em 1993.
A Zappi Tecnologia é bem conceituada na Área de Potência, Automotiva e Telecomunicações. Nosso foco é o auxílio ao desenvolvimento de produtos fornecendo suporte técnico aos departamentos de engenharia de nossos clientes.
Zappi Tecnologia Eletrônica Ltda.
vendas@zappitec.com.br
Rua Caçapava, 49 cj 65 CEP 01408-010 São Paulo SP
Fone: + 55 11 3064 3303 Fax: + 55 11 3085 9455
Não quero defender a opinião do Zappi, mas acho que a história de xenofobia faz algum sentido. Se esse é o Zappi que eu conheci (não estou certo mas acho provável), então estamos falando de um cara do tipo "geek".
Ser "geek" é ser (com poucas exceções) um cara de esqueda... Quem lê o Slashdot percebe que muitos "geeks" de lá são contra a MS, contra as patentes, contra o sistema judiciário, contra a RIAA, enfim contra muita gente que faz do mundo um lugar pior sem violar a lei. Dá pra ver que são essencialmente de esquerda (lá também pintam uns da radical direita, mas isso é bem mais raro e é outra história).
Com os "geeks" daqui também há a tendência de esquerda, e não é surpresa vermos um certo viés anti-americano. Pragmatismo e ideologia parecem se misturar bem nesta receita (independência e economia de divisas + nacionalismo e ufanismo). Basta olhar os fóruns daqui e do PontoBR para vermos frases do tipo "os EUA que fiquem com a MS, nós vamos vencê-los com o Linux, etc".
Não quero dizer que todo "geek" é extremado, mas "que los hay, los hay"...
Acho que a reportagem não foi realmente tendenciosa, porque se mostrou a opinião de xenofobia do Zappi, também mostrou outras mais prudentes. As opiniões do professor da USP e do executivo da Moinhos Pacífico foram bem destacadas.
Não é por causa dessa notícia que os EUA+Inglaterra vão mandar uma armada pra cá... hehehe...
De resto, fica o lance do "país do carnaval, futebol, sexo e incompetência" de sempre. É a vida...
[]s
Até que enfim uma opinião sensata, com base e sem paixão. O Linux, diga-se Software Livre e todas as suas variantes,é algo bom? Claro que é, e o mais engraçado é que foi de iniciativa dos usuários de computador. Até os grandes pegaram carona nele porque de fato não acreditaram que o que produziam poderiam, apesar do mérito técnico, alcançar a Companhia de Redmond. Uns cinco anos atrás conheci um americano e debatiamos sobre sistemas operacionais e perguntei se ele usava Windows, a resposta foi um riso sarcástico e ainda disse de volta que Windows é pra crianças e se vc quiser saber mesmo o que é informática use Unix. Usei Linux em tempo integral, gostei demais e ainda gosto, hoje uso *BSD em servidores e no desktop ainda uso Linux porque o Windows não atende as minhas necessidades e aposto que mesmo em paises de primeiro mundo, sem favelas, sem sexo libertino, sem essas coisas que o infeliz mencionou, o Windows também não atenda e nunca vai atender porque é coisa de crianças como meu amigo falou e que bom que podemos usufruir desse poder também.
Hummmm... Né por nada não, mas, se a Marta Suplicy não é uma "tevê-sexo-terapeuta", ela é o quê, então? Pelo que me lembro, foi na televisão que ela começou a aparecer. Antes disso, era uma ilustre desconhecida para a maioria da população. Aliás, foi como sexóloga que ela apareceu, e fazia questão de ser reconhecida como tal. Portanto, não vejo nada de preconceituoso em se mencionar um fato. Não tenho nada contra a Marta Suplicy, mesmo não concordando com muitas das suas idéias, mas ela, para mim, não é muito diferente do que foi dito, apesar de ser, hoje, prefeita da maior cidade da américa latina.
Tenho um ponto de vista um tanto xenofóbico, mas todos entenderão. Primeiramente acho que devemos estar conscientes de que a única saída para evitarmos a violência, a miséria e a corrupção; é a EDUCAÇÃO! Acho que a idéia de treinar a comunidade das favelas muito válida pois proporciona uma oportunidade a mais a compatriotas de se integrarem à um mercado cada vez mais pinguim. Eu particularmente prefiro investir no Linux através de alguma distro brasileira, que vai gerar empregos a compatriotas, do que comprar sistemas que só vão aumentar o patrimônio de quem não dá a mínima ao Brasil. Se investir no que é nosso em detrimento à um símbolo americano, sou extremamente xenófobo.
Lamento muito que muitos de vocês tenham me entendido mal... Na verdade acredito que jogamos no mesmo time. O que eu quis dizer na entrevista é que em muitos casos anti-americanismo (que é um caso especial de xenofobia) impulsiona as pessoas para longe da Microsoft e em direção ao software livre. Eu acho entretanto que este motivo não é um bom motivo. Eu trabalho com software livre e adoro, porque ele é melhor e mais barato, e me permite fazer o que eu preciso. Concordo que é uma fantástica opção para paises como o nosso. Só acho que ser anti alguma coisa normalmente não é o motivo certo e de certa forma até vai contra tudo o que o software livre tem de bom.
Gostaria também de reclamar da tradução: está horrível.
Abraços,
Paulo Zappi
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