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O Departamento de Defesa norte-americano ama o Linux - um estudo de caso informal

Notícia publicada por brain em fevereiro 22, 2004 07:10 PM | TrackBack


O texto abaixo foi enviado pelo Leonardo Brito (Pacozila), e inclui comentarios e uma tradução de texto publicado originalmente no Groklaw.net por um membro da comunidade deste site que é também funcionário do Pentágono, portanto está em situação privilegiada para comentar, embora extra-oficialmente. Escreve o Pacozila:

"Esta história foi tirada do Groklaw, ela começa com o descobrimento fortuito de que um dos colaboradores do sítio trabalha no Pentágono, então a PJ (mantenedora do Groklaw) pergunta em correspôndência privada se é realmente verdade que o Departamento de Defesa (DoD) ama o Linux (palavras ditas a ela por um senador). O que segue é uma resposta enxugada e preparada para o público do Groklaw.

Eu gostaria saber se algum leitor do BR-Linux sabe como está a adoção do Linux hoje nas nossas Forças Armadas e se há projetos com o uso de sistemas embarcados (embutidos para os que preferem). [nota do Editor: nesta semana mesmo o Manoel Pinho informou que nosso Exército também gosta do Linux. A nossa Marinha também investe no Linux, e até a ABIN tem projetos de desenvolvimento usando o sistema operacional livre - os leitores estão convidados a acrescentar detalhes nos comentários]

Antes desse texto há um aviso (bem grande) de que este texto é uma opinião pessoal e não reflete o pensamento do DoD e blá blá blá. Segue a resposta."

Segue a íntegra da tradução enviada pelo Leonardo Brito (Pacozila):

O Departamento de Defesa Estadudinense ama o Linux?

O exército dos EUA ama o Linux embarcado. O 'soldado do futuro' (http://www.boeing.com/defense-space/ic/fcs/bia/flash.html) e as comunicações de campo de batalha serão todas criadas em cima do Linux(http://www.boeing.com/defense-space/ic/fcs/bia/faq_c4isr_conf.html). Soluções embarcadas podem ser encontradas numa série de veículos de [situational awareness] (algo como em alerta para ocorrências, deve ter um termo militar equivalente em português) e 'blue force tracking' (rastreamento de forças amigas). Nesse ambiente são necessários chips de baixo consumo energético, então processadores como ARM são muito populares. Com o Linux você tem o código, é seguro, facilmente portável para uma variedade de plataformas, e o custo de desenvolvimento é muito, muito baixo. O Linux embarcado é o favorito para muitos sistemas de comunicação (http://www.lynuxworks.com/solutions/milaero/in-action/idm.php3).

A comunidade de Inteligência ama o Linux também. Estou certo que você já viu histórias sobre o Secure Linux da NSA (que recentemente adotou o kernel 2.6) (http://www.linuxsecurity.com/articles/vendors_products_article-8876.html). Assim como no mundo real você o encontra no 'quarto dos fundos' dos poderosos desktops dos usuários e nos servidores. Se você comparar o preço do Secure Linux em workstations X86 multiprocessadas versus Trusted Solaris em Sun HW, é uma economia e tanto.

Eu usei Linux num projeto da USAF (Força Aérea dos EUA) durante o conflito no Kosovo. Nós pegamos um protótipo do meu laboratório e conectamos uma variedade de lugares pela Itália com servidores de dados Samba e robôs em Perl que navegaram à procura de dados e catalogaram diretamente em bases de dados MySQL. As bases de dados eram acessíveis via Apache e PHP. Nós levamos o crédito por ajudar a salvar a vida (http://www.usafe.af.mil/news/news99/uns99239.htm) de um piloto abatido, porque toda informação crítica estava instantaneamente disponível aos comandantes e à equipe de operações especiais em seus helicópteros durante o resgate. Um dos pilotos abatidos era um comandante que havia conhecido uma semana antes conectando sua loja Intel. Vê-lo de volta ao trabalho 48 horas depois foi o melhor agradecimento que jamais recebi por meus esforços no trabalho. Você pode ler a versão pública (http://www.us.net/signal/Archive/Oct99/balkans-oct.html) da história online. Nela não aparece referÊncias explícitas ao Linux, mas usamos servidores Cobalt de primeira e sugunda gerações rodando versões do Red Hat 4.x. Mal dá para ver o servidor embaixo do laptop na foto da capa (http://www.us.net/signal/images/oct99.gif).

No momento estou emprestado a um escritório da Força Aérea no Pentágono, trabalhando como cientista em uma variedade de programas especiais. Quando vim para a USAF em 2001, foi para escalar todo o trabalho feito no Kosovo para os sistemas empresariais nos centros de comando e de controle, e por as informações integradas no cockpit. Tudo o que começou no Linux como um protótipo foi usado tanto no Afeganistão como no Iraque como uma solução empresarial totalmente integrada. O sistema está maduro e testado em batalha, e para mim está na hora de seguir adiante.

Eu monitoro o Groklaw porque uso Linux profissionalmente. Qualquer decisão favorável à SCO obviamente irá impactar o custo de adoção de novos sistemas e causará rupturas nos sistemas de missão crítica existentes. O lobbie da MS aqui no Pentágono, tentando proteger acordos de desktops existentes, tem que ser medidos em bilhões de dólares em todo o DoD (departamento de defesa). O Linux não é pervasivo ainda, mas dê mais algum tempo. Agora que atingiu o nível de certificação (http://www.redhat.com/solutions/industries/government/coe/) oferecido pelo Solaris e pelo HPUX haverá maiores aquisições.

Um programa típico de aquisição é comandado por um gerente de programa avesso a riscos, e o Linux ainda é considerado arriscado pelos não-educados. Programas [Fast track] e inovadores (http://news.com.com/2100-1040-5060885.html) estão usando Linux, o que o mantém sob um holofote favorável. Eu espero ver um crescimento continuado, especialmente com a IBM, Novell e Sun(?) empacotando soluções de desktop e servidores.

Em casa, eu sou um usuário Linux feliz, assim como você. A SCO me tira do sério, então não só o Groklaw me mantém informado, como me areja a cabeça de vez em quando. Acredito que seus esforços construindo (e liderando) uma comunidade é um dos tesouros da Internet. Eu costumava arrancar os cabelos tentando explicar para os executivos senior o quão importante pode ser criar uma comunidade, especialmente entre analistas da inteligência nas nossas redes seguras. Criar ferramentas colaborativas e ter alguém como você para liderar um grupo de analistas é realmente a chave do sucesso para transformar o nosso ?negócio?. Eu não acredito ter visto alguém fazê-lo tão bem como você com o Groklaw. (NT: Ele não conhece o Augusto nem o BR-Linux ;) )

Então existe uma resposta longa para sua curta questão. De alguém que está do lado de dentro, vários progamas adoram o Linux, para muitos outros ainda é um caso proibido, mas logo será um casamento público.

Boa sorte com seu novo emprego e obrigado pelo Groklaw.

 

Comentários dos leitores
(Termos de Uso)

» Roberto Valle () em 22/02 22:40

Sim o Exército também utiliza (e muito) o Linux. Através de conversas com oficiais e outras pessoas relacionadas ao Linux, eles mostraram que têm uma vontade muito grande de migrar toda a rede, inclusive estações para Linux. Existem vários projetos e mostraram grande insatisfação com os produtos "comerciais" e também nestes tempos de vacas magras, têm redirecionado os recursos que seriam gastos em licenças para outras áreas mais necessitadas.


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