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Entrevista com o pessoal do Mono Brasil

Notícia publicada por brain em setembro 24, 2003 12:40 AM | TrackBack


O Anamim (nosso colaborador perpétuo da Coluna Software) aprontou de novo, e desta vez apareceu com uma interessante entrevista com o pessoal do projeto Mono Brasil. Veja abaixo a descrição que ele preparou, e leia a entrevista nos DETALHES. Depois, marque na sua agenda para comparecer ao chat que eles vão hospedar especialmente para os leitores do Linux in Brazil nesta sexta, 26/9 às 19 horas no #mono-brasil do irc.gnome.org. Quem sabe até o crítico aparece por lá ;-)

Diz o Anamim: "O Mono Brasil foi lançado em agosto de 2003 com o objetivo de criar uma comunidade de desenvolvedores brasileiros para a plataforma Mono e ser uma central de informações a respeito da mesma. O projeto conta com o apoio da Ximian, Gnome, GU Open System PR, Rede SOL, Projeto Software Livre RS, Software Livre Brasil e Faculdades ESEEI. Os nossos entrevistados foram Alessandro Binhara, aluno de mestrado do CEFET-PR em gestão de projetos, coordenador do GU Open System PR, fundador, motivador, e "animador" do projeto Mono Brasil. E Rafael Teixeira que é hacker do Mono desde 2001 e um dos fundadores do Mono Brasil. Rafael atua como arquiteto de sistemas além de dar aulas sobre o assunto na pós-graduação da FASP em São Paulo. "

Veja a entrevista nos DETALHES.

Apenas para esclarecer a todos, de uma forma geral o que é o projeto Mono ?

RafaelTeixeira : O projeto Mono é um porte livre (GPL, LGPL e X11) da tecnologia .NET para Linux e outras SOs, em diversas plataformas de hardware. Ele implementa:

Quantas pessoas estão envolvidas diretamente no projeto ?

RafaelTeixeira : Desenvolvedores ativos, uns 60, mas ao longo desses 2 anos tivemos mais de 100. Para ter uma idéia da atividade: Ocorem, tipicamente, de 2000 a 3000 commits no cvs entre releases consecutivos, que atualmente estão com periodicidade grosseiramente mensal. Especificamente o release 0.26 teve 2700 commits e fechou 189 bugs no bugzilla do projeto.

E o tamanho do projeto ?

RafaelTeixeira :

Qual o estágio atual do projeto Mono ?

RafaelTeixeira : Imaginam-se cerca de meia dúzia de releases até a 1.0, que será equivalente ao .Net Framework 1.1, sem boa parte da região Enterprise das bibliotecas.

Quais os objetivos do Mono Brasil ?

RafaelTeixeira :Facilitar a disseminação do Mono entre os desenvolvedores brasileiros. Para isso estamos:

AlessandroBinhara : Existe um documento, inclusive assinado pelo De Icaza com a proposta completa do nosso Projeto, que foi construido pelos fundadores. Você pode ver mais detalhes no primeiro item do nosso site. Copiando de lá temos vários itens, alguns dos quais já foram cumpridos. Vejamos :

Objetivo Geral

Objetivos Secundários

O que já está disponível no site do projeto ?

RafaelTeixeira : Bom:

Por outro lado precisamos de mais ajuda para: engordar o FAQ, tocar as traduções e gerar e testar os exemplos.

O que é preciso para começar a desenvolver aplicações usando Mono ?

RafaelTeixeira : Em Linux, basta instalar alguns pacotes, entrar no seu editor favorito, e sair codificando. Ainda não existe uma IDE razoável para programar para o Mono (em Linux), mas existe uma versão do Glade, o Glade#, que gera elementos visuais GTK#, de uso relativamente fácil.

Qual argumento vocês usariam para convencer alguém a desenvolver usando o Mono e, digamos C#, ao invés de Java, C/C++, Python, etc. ?

RafaelTeixeira : Primeiro é importante ressaltar que o Mono tem e/ou suporta diversas linguagens igualmente bem usáveis. C# é apenas a mais estável e pragmática, escrevemos todas as bibliotecas de classes do Mono com ela.

Efetivamente a maior vantagem é em relação ao C/C++: a produtividade global é muito melhor. Além de evitar problemas com ponteiros desgarrados com a coleta de lixo, e de ter portabilidade binária como no Java, temos uma vasta biblioteca de classes que oferece um leque imenso de funcionalidades, as quais elevam o nível de abstração para o desenvolvimento, sem perder a portabilidade.

Palavras do Miguel de Icaza: "O Evolution levou 18 meses para ser escrito e depurado, esperamos que com o Mono/C# possamos desenvolver softwares de complexidade semelhante em apenas 6 meses, e todos as indicações estão corroborando isto".

Python? Use Python.NET: Tudo que você gosta no Python, e ainda podendo utlizar/extender a ampla biblioteca do Mono. Mas a verdade é que C# tem melhor performance, e particularmente, eu prefiro linguagens fortemente tipadas em compile-time, por que forçam a análise prévia mais profunda, o que é fundamental em projetos maiores.

Java? Rode Java (binário) dentro do Mono com IKVM. Mas, seriamente, se você está contente com o Java e o J2EE, não vejo motivos técnicos suficientes para uma transição. Apneas momentaneamente, escrever aplicações desktop com Mono/GTK# gera aplicações com melhor performance que Java/Swing que é a opção 'oficial', já quem usa Java/SWT tem mais chance de equiparar-se. Tipicamente o que me afasta do Java é a Sun...

Existe algum projeto no Brasil que usa ou considera usar o Mono ?

RafaelTeixeira : Tenho dois projetos livres em fase inicial de análise: o MonoQLE (servidor de filas equivalente ao MSMQ), e o #Wiki, um wiki escrito em NET/C#.

Não tive notícias de projetos de maior porte, mas vários sites NET/C# poderiam HOJE migrar para Apache+Mod_Mono+Mono em Linux.

No site do projeto existe uma pergunta ainda sem resposta na página Por que Mono .. (WhyMono). "Usando o Mono não estarei dando trela para a MS ?". Como vocês pretendem responder a essa pergunta ?

RafaelTeixeira : Bom o Binhara pôs nesses termos mas na verdade, a discussão passa ao largo da MS. Estamos olhando o que tem de bom nessa tecnologia, a portabilidade que ela representa para as soluções, sejam elas livres ou proprietárias, e fazendo uma implementação livre. O erro estratégico da Microsoft é não nos apoiar...

AlessandroBinhara : Realmente, tenho que confessar que fui eu quem colocou isso na página. A intensão foi abrir uma discussão sobre o tema no grupo e tirarmos conclusões sobre isso. Mas como temos poucas semanas no ar não deu tempo de discurtimos isso ainda. Parece que a oportunidade para discutir isso veio a cavalo.

O que acontece é que as pessoas as vezes são muito xiitas, eu mesmo as vezes deixo de ver coisas boas no lado da MS, mas se as pessoas usam alguma coisa deve ter de bom. E se pretendemos um dia ter um Linux para desktop, precisamos aprender mais sobre o Windows, pois é no desktop que ocorrerá a grande batalha.

Não tem aquele ditado que diz que devemos combater fogo com fogo... ou ainda, a gente não se cura de picada de cobra com o próprio veneno da cobra.. ? O projeto Mono faz isso, traz uma realidade para o Linux que não existia antes, traz a possibilidade de vermos um AutoCad rodando nativamente no Linux ou um Photoshop, ou seja programas comercias que não tem tendência a serem portados por causa do custo. Costumo dizer que o Mono é a porta para o Desktop Linux. Vamos combater fogo com fogo.

O projeto Mono está preparado para uma eventual disputa relacionada a patentes de software com a Microsoft ?

RafaelTeixeira : Na FAQ do projeto Mono, temos uma longa discussão do assunto. Basicamente cremos que as patentes da Microsoft ou não se sustentam, ou são contornáveis sem perda de compatibilidade, ou apenas deixarão buracos de compatibilidade na nossa implementação, mas nesse último caso serão buracos de compatibilidade, mas não de funcionalidade, nossa funcionalidade, hoje, já cobre áreas não cobertas pela MS e com melhor aderência/compatibilidade com padrões.

Como é possível participar do projeto ?

RafaelTeixeira :

AlessandroBinhara : De diversar formas. Por exemplo da forma brilhante com que o Rafael (presente na entrevista) tem ajudado. Ele é um dos fundadores do projeto e o abraçou de uma forma fantástica, contribuindo de todas as formas possiveis... Mas listando precisamos de:

Ou seja, se você não é programador mas sabe fazer um layout html, tá ótimo!!!
 

Comentários dos leitores
(Termos de Uso)

» Aldrey () em 24/09 07:24

Adorei a entrevista. Creio que a adoção ao Mono Brasil vai aumentar à medida que forem divulgadas as portabilidades e funcionalidades dele. Isto já está sendo feito hoje. Queria deixar meu boa sorte e um grande desejo de sucesso.


» Joao () em 24/09 12:24

O projeto é bom, tem fortes raízes e será um sucesso com certesa, o único problema é que esse tal de Binhara não passa de um arroz de festa que gosta de se aparecer na mídia com o trabalho dos outros.


» Oliver Pereira () em 24/09 14:32

Ola, conheci o Rafael Teixeira e o Mono na Palestra do M.Icaza na Fiap, gostei muito do projeto, até fiz umas pesquisas e testes sobre o glade# e Mono.Como não sou profissional e nem amador rsrs.. vou tentar aprender um pouco mais de C para poder ajudar.


» fabio () em 24/09 17:05

acho legal o projeto e estou estudando C#. vejo uma grande possibilidade de desenvolver uma vez e usar nas diversas plataformas graças ao trabalho no Mono. Acho que vai ser um grande sucesso. Tomara que o pessoal consiga resolver logo a compatibilidade com os Windows.Forms.


» Peter Parker () em 24/09 19:44

Pelo menos uma entrevista em que os caras são sensatos... melhor que os fanáticos que nunca aceitam argumentos contra.


» Alexsandro Nunes () em 17/03 21:57

Falta conteudo técnico para instalaçao do Mono, pois eu possuo um servidor linux red hat 7.1 e nao consegui instalar de maneira alguma o mono.

Se alguem conseguiu instalar quiser ajudar a comunicade dotnetraptors eh so da um toque pois assim estaremos ajudando a divulgar o mono.

Eu gostaria de aprender e de esta utilizando o mono para estar difundindo para a comunidade.

[]s
Alexsandro Nunes
ICQ: 2215880
death@base1.com.br


» Bruno Soares () em 27/03 16:21

Estou torcendo para que o projeto dê certo! Estou estudando C# e gostando muito da linguagem, tomara que dentro de pouco tempo seja possível rodar aplicações comerciais em diversas plataformas, todos têm a ganhar com isso.


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