Não vejo grande associação entre o evento Campus Party deste ano e a promoção do software livre, apesar de saber da presença de vários colegas que foram pra lá falar ou fazer algo sobre softwares que são livres, liberdade do conhecimento, etc.

Durante a semana até fiquei atento aos meus feeds buscando notícias da imprensa (ou relatos publicados pelos presentes) sobre essas participações que pudessem levar a uma menção delas por aqui, mas até o momento não as encontrei. Mesmo a extensa cobertura do evento no PSL Brasil (lá no software livre.org) aparentemente não deu grande destaque a isso até o momento, cobrindo o que de fato parece ser a tônica do que interessa ao público-alvo do evento: um cracker internacional regenerado, casemods, gadgets bem legais, banda larga, etc. Aparentemente hoje haverá algum destaque maior a liberdade do conhecimento, e assim talvez a questão das notícias mude um pouco.

Mas não vejo nada de surpreendente neste quadro. Apesar de o evento ser organizado por pessoas que também organizam eventos voltados ao público do software livre, a Campus Party não tem este direcionamento, nem precisa ter – assim como a maioria dos eventos de informática não tem. Especialmente quando se trata de presença corporativa ou de patrocínios, que estariam abertos a qualquer empresa do ramo interessada, imagino – não atribuo a um evento a culpa por determinados patrocinadores não terem interesse nele, ou no público dele.

Mas aparentemente há quem se surpreenda e até atribua culpas pela ausência de algum destaque maior para as iniciativas de inclusão digital, como detalha a matéria da Ana Freitas no Link Estadão, reproduzida abaixo, e sobre a qual organização do evento, consultada por ela, não respondeu até o momento em que publico:

Apesar da longa lista de eventos relacionados a software livre disponível no site da Campus Party, além da presença de alguns ativistas do Partido Pirata, há os campuseiros que garantem que o apoio do evento à inclusão digital e aos softwares não proprietário está aquem do esperado. É disso que reclamavam Armindo Coelho, de 58 anos, e Eric Mazoni, de 27, ambos envolvidos em projetos de inclusão digital para comunidades carentes.

“Neste ano, os patrocinadores que trabalham com inclusão digital não estão presentes. Muitos grupos grandes de apoiadores do software livre não puderam vir em 2010″, diz Coelho. Para ele, o software livre tem que ser cultura de política pública. “E o evento ainda está dando pouco foco na inclusão. O Batismo Digital [sala com computadores e monitores para iniciar os excluídos digitais no conceito de sociedade em rede] por exemplo, esse ano, é uma salinha escondida”, argumenta. Ele lamenta que a #CPartyBR esteja “elitizada”. “É um evento burguês. O pessoal senta aí com seus Macbooks…”

Ele e Mazoni acreditam que a inclusão digital é a chave para muitos problemas sociais e responde, inclusive, a discussões polêmicas sobre mídia na web e o fim do jornalismo impresso. “A evolução da comunicação só vai se dar com a inclusão digital”, diz. “O fim da mídia impressa depende da popularização das ferramentas livres, que estão excluídas.”

Os militantes da inclusão digital da Campus Party avisaram que pretendem se manifestar amanhã, durante o evento, pela falta de apoio este ano. E atribui a culpa disso à Microsoft, que esse ano é uma das patrocinadoras do evento. “Eles são os reis do software proprietário, deve ser por isso que perdemos espaço”, diz Mazoni. Teoria da conspiração?

A assessoria de imprensa da Campus Party foi contatada, mas não respondeu até a publicação deste post. (via blogs.estadao.com.br)