Uma das vantagens de um software livre como o Linux é que qualquer pessoa é livre para alterá-lo e redistribuí-lo da forma que quiser, desde que continue mantendo-o livre. Este é um dos fundamentos que permite a existência das distribuições comerciais de Linux, e também estimula usuários criativos a gerarem suas próprias distribuições.
Muitas das distribuições geradas por usuários finais e que atingem o conhecimento do público em geral são de pequeno porte, podendo ser armazenadas em um ou poucos disquetes, ou em um diretório em uma partição de outro sistema operacional. Claro que há exceções a esta regra, assim como há também mini-distribuições que não se originam do trabalho de usuários solitários, sendo mantidas por grupos de profissionais.
Conheceremos neste artigo alguns detalhes sobre algumas das mais populares mini-distribuições. Mas antes de seguir adiante, é bom que fique claro que as mini-distribuições não são amostras do Linux - você não pode fazer download de uma mini-distribuição esperando ter um primeiro contato com o Linux - as distribuições de pequeno porte são criadas com finalidades específicas (disco de recuperação de sistemas com problemas, funções básicas de rede, etc.) e não tem muita semelhança com um sistema Linux "normal", seja como desktop ou como servidor.
O Coyote é uma variante do Linux Router Project - uma distribuição que roda a partir de um único disquete e capaz de transformar o velho PC guardado no seu armário em um roteador capaz de conectar redes locais à Internet através de provedores de banda larga residencial: cable modems, xDSL e linhas privativas.
A versão corrente do Coyote Linux disponível durante a edição deste artigo possuía algumas diferenças em relação ao LRP original:
Outra diferença básica do Coyote é que ele é configurado e instalado a partir do MS Windows; portanto, seu uso não é isento de riscos ;) Após rodar um "wizard" simples no Windows, seu disquete personalizado é gerado, e você poderá utilizá-lo diretamente no computador que irá atuar como roteador, que naturalmente não precisará ter o Windows instalado.
Atualmente as configurações mínimas para um PC-roteador baseado no Coyote são: processador 486DX/25Mhz, 12Mb RAM, drive de disquete de 1.44MB e vídeo VGA. CD-ROM e disco rígido não são necessários.
Leia mais no site oficial.
O Dialup router MINI é mais uma distribuição de Linux que cabe em um um único disquete e tem como objetivo conectar redes locais à Internet. Com a assistência do diald e do ip-masquerade, ele dá apossibilidade a qualquer máquina da rede local de acessar a Internet como se estivesse conectada diretamente via modem. Outra vantagem do Dialup router MINI sobre outros roteadores não especializados em dial-up é a presença de um cache-only name server, que acelera bastante suas pesquisas de DNS a partir da rede local.
A firewall interna do Dialup router MINI protege contra vários ataques comuns a redes baseadas no Windows, como por exemplo os trojans (back orifice, netbus e outros).
Os requisitos para utilizar o Dialup router MINI são: CPU 386 ou superior, 8 MB de RAM ou mais, disquete de 1,44MB, porta serial com UART 16550 (bastante comum em modems internos), placa de rede 3COM 3c509, 3c905 ou NE2000 e modem externo, interno comum (não winmodem nem PCI) ou ISDN. Você não precisa ter um disco rígido nem unidade de CD-ROM.
As instruções de criação do disquete estão no site oficial. Após criar o disquete, no primeiro boot na máquina que fará o papel do roteador, o sistema detectará a necessidade de configuração, e fará as perguntas básicas; responda-as, e o sistema as salvará no próprio disquete, entrando em funcionamento em seguida.
LOAF é uma sigla para Linux on a Floppy, ou seja, Linux em um disquete. Seu objetivo é oferecer clientes de rede (www, ftp, telnet e ssh) para quem não pode instalar o Linux no computador que usa.
Ele roda em computadores 386 ou superiores, com 8MB de RAM e drive para disquetes. As seguintes placas de rede são suportadas:
Se a sua placa não consta na lista, não desista ainda - você pode compilar um kernel com suporte à sua placa, e gravá-lo no disquete, desde que seu tamanho não exceda 319KB - a documentação explica como fazer!
O LOAF atualmente não tem muitas facilidades. Para ativar a sua placa e definir seu endereço IP, você terá que dominar as artes do ifconfig; pode valer a pena para quem quer entender melhor como o Linux funciona.
O Linux Router Project é uma mini-distribuição especializada em tarefas de rede, que cabe em um disquete comum, e facilita a criação de roteadores, servidores de acesso, thin servers, thin clients, e outros embedded systems.
As possibilidades são múltiplas: com um 486 e duas placas de rede você constrói um eficaz roteador Ethernet; um Pentium 100 vira um roteador/switch de 10/100Mbps; com um Pentium 100, placas seriais suficientes e um Zip drive você constrói um servidor de acesso PPP/SLIP radius; e muito mais!
O LRP suporta múltiplas interfaces: Ethernet, WAN (DS1+), Wireless, ISDN e até mesmo serial/dial-up. Os protocolos de roteamento RIP, BGP IP-IP OSPF são suportados. Precisa de segurança? Use Policy firewall, IP Masquerade (NAT), redirecionamento de portas, port translation, load balancing, transparent proxy, numberless interface spanning, interface load balancing, interface aliasing.
Se você precisa de recursos avançados, vai encontrar: IPX, Token Ring, Tunneling, Crypto VPN, limitação e shaping de tráfego, baseados em regras. Pode-se monitorar todas as interfaces via SNMP. O suporte a IPv6 já está planejado, e o LRP segue apenas padrões abertos não-proprietários.
Uma lista completa dos recursos está disponível no site oficial do LRP.
Como qualquer outra mini-distribuição, o disquete do LRP contém um kernel do Linux, e um sistema de arquivos compactado contendo os demais arquivos necessários para o sistema. Após o boot, tudo é transferido para um disco virtual na memória, e o disquete torna-se desnecessário (pelo menos até o próximo boot).
A documentação do LRP afirma que conhecimentos específicos de Linux não são necessários para instalar e administrar o seu roteador usando LRP - mas conhecimentos de redes TCP/IP e de construção de arquivos shell UNIX podem ajudar muito, principalmente se você não quiser ficar limitado à interface baseada em menus.
O muLinux (ou µLinux) é uma mini-distribuição baseada em 2 disquetes, com foco nas aplicações. Ele foi desenvolvido a partir de binários de outras distribuições de Linux, visando um sistema ao mesmo tempo funcional e de pequeno porte.
O muLinux não foi feito para ser operado por usuários inexperientes em Linux, e sim para curiosos em geral e fãs de carteirinha. O hardware mínimo é um 386 com 8MB de RAM,
Muitas aplicações estão disponíveis - é possível até mesmo ler e-mail, navegar na web e receber/enviar correio eletrônico. É a distribuição ideal para finalmente rodar o Linux na rede de sua faculdade, sem que os administradores da mesma percebam.
Alguns dos itens suportados pelo muLinux são:
O objetivo do Pocket Linux é ambicioso: a partir de um único disquete, converter um PC em uma estação de trabalho Linux usando o ssh (e outros clientes de rede) para conectar-se a uma estação remota. Na prática, ele parece transformar qualquer PC em um excelente terminal inteligente. Administradores de rede vão achar interessante saber que ele suporta o protocolo bootp para obter seu endereço IP diretamente da rede - mas a configuração manual também está disponível.
O Pocket Linux suporta placas de rede e modems, e vem sendo desenvolvido desde 1996. Segundo o site oficial, o Pocket Linux tem um grupo considerável de usuários, que contribuem ativamente com sugestões para o projeto.
O autor comenta: meu objetivo é criar uma estação de trabalho pequena e eficiente que se autoconfigure tanto quanto possível e que permita usar a rede com segurança a partir de qualquer lugar. A versão atual é uma bela tentativa, e as futuras vão melhorar ainda mais a automação e o suporte a mais protocolos e equipamentos de rede.
Este nome incomum vem de Tom's root/boot disk e pretende ser "o máximo de Linux em um disquete". Os objetivos do tomsrtbt são ao mesmo tempo ter um disquete de resgate/recuperação para emergências e um kit de ferramentas úteis disponíveis para quando não se pode usar um disco rígido.
Usuários experientes podem julgar a utilidade de um disco de recuperação/resgate pelo estilo das ferramentas disponíveis no seu interior. O tomsrtbt neste ponto garante uma boa avaliação, pois está repleto de utilitários para visualização e reparos de sistemas de arquivos de Linux, MS-DOS e Windows, além dos clientes básicos de rede (dica: o snarf é um cliente de ftp, gopher, http, e finger!) e manual online através do comando man tradicional. Outras funcionalidade incluem servidores (simplificados) de telnet e rsh,
A versão corrente do Tomsrtbt no momento em que este artigo foi escrito continha os seguintes arquivos no seu disquete: kernel2.0.37, módulos associados (3c589_cs BusLogic CVF DEC_ELCP EEXPRESS EEXPRESS_PRO EL2 EL3 EXT2 FAT FAT32 FD IDE IDECD IDEFLOPPY IDEPCMCIA IDETAPE ISO9660 JOLIET LOOP MATH_EMULATION MINIX MSDOS NE2000 NFS PROC RAM SD SERIAL SLIP SMC SR ST TR ULTRA VFAT VORTEX WD80x3 ah152x_cs aha152x aha1542 aic7xxx), ash, awk, badblocks, bdflush, bzip2, cardbus, cardmgr, cat, ce, ce.help, chattr, chgrp, chmod, chown, chroot, clear, cmp, cp, cpio, cut, date, dd, ddate, debugfs, df, dirname, dmesg, dmsdos, ds, du, dumpe2fs, dutil, e2fsck eata, echo, egrep, elvis, emacs, extend, false, fdflush, fdformat, fdisk, fdomain, filesize, find, findsuper, fmt, fsck.ext2, fsck.msdos, fstab, grep, gzip, halt, head, hexedit, hostname, i82365, ifconfig, ifport, ile, init, inittab, insmod, kill, killall5, ksyms, length, less, libc.so.5.4.13, lilo, lilo.conf, ln, loadkeys, login, losetup, ls, lsattr, mawk, memtest, mingetty, miterm, mkdir, mkdosfs, mke2fs, mkfifo, mkfs.minix, mklost+found, mknod mkswap, mnsed, more, mount, mt, mv, nc, ncr53c8xx, nmclan_cs, ntfs, pax, pcmcia, pcmcia_core, pcnet_cs, ping, plip, ppa, printf, ps, pwd, qlogic_cs, qlogicfas, reboot, rescuept, reset, rm, rmdir, rmmod, route, rsh, rshd, script, scsi_info, seagate, sed, serial_cs, setserial, sh, slattach, sleep, slip, snarf, sort, split, stty, swapoff, swapon, sync, tail, tar, tcic, tee, telnet, test, touch, tune2fs, umount, undeb, update, vi, vi.help, wc,
Existem dois pacotes diferentes do tomsrtbt, um instalável a partir do Linux, e outro para ser instalado a partir do Windows. Uma vez que você tenha feito o download da versão para Linux, a instalação no disquete é bastante simples: abra o arquivo .tar.gz ('tar zxvf nome-do-arquivo.tar.gz') entre no diretório que for criado ('cd tomsrtbt-xxx') e digite './install.s'. O script de instalação formatará um disquete de maneira não padronizada, permitindo o armazenamento de 1722K (o lime normal é de 1440K). Drives comuns não terão problemas com isso; se tiver dúvida sobre as capacidades do seu drive de disquetes, não use o tomsrtbt.
O tomsrtbt é bastante fácil de personalizar. Se você quiser instalar algum módulo de kernel não fornecido, algum utilitário, ou mesmo alterar as mensagens exibidas durante o boot do sistema, basta usar os scripts incluídos no próprio pacote e documentadas no site oficial.
Visite o site oficial para maiores informações.
O Trinux é uma ferramenta impressionante. Baseado em 3 disquetes, ele transforma o seu PC em uma estação de controle de segurança de rede, com versões pré-configuradas de muitos softwares conhecidos como o nmap, tcpdump, iptraf, e ntop.
Técnicos da área deveriam ter sempre os 3 disquetes do Trinux em seu kit de utilidades, já que eles permitem usar até mesmo o mais inocente servidor NT em uma estação de controle e diagnóstico de rede, e após um boot tudo volta à tranquiladade original, já que o Trinux roda 100% em RAM e não faz alterações nos discos rígidos.
O Trinux suporta muitas placas de rede diferentes, e a versão 0.6 é baseada nos kernels da série 2.2, apresentando compatibilidade de binários com o RedHat 5.2.
A grande vantagem de usar o Trinux, ao invés de outra mini-distribuição com suporte a rede, é que ele vem com versões pré-compiladas de muitas ferramentas de segurança de rede, incluindo sniffers (tcpdump, ipgrab, ngrep), monitores (iptraf, ntop), scanners de vulnerabilidades (nmap, exscan, saint, queso, hping, firewalk, cgichk), firewalls e proxies (ipchains, redir, tiniproxy) e outras ferramentas de uso geral. Lembre-se de que o objetivo do pacote é testar a segurança da sua rede, e não tentar invadir as redes dos outros!
O site do Trinux é trinux.org.
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