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Modelos de negócio: é possível viver do software livre?

Agora que o manifesto do Anahuac sobre a ausência de sucesso comercial do seu projeto livre JeguePanel e a sua opinião sobre o apoio recebido da comunidade nacional já foi uma das notícias mais lidas da semana por aqui, e inclusive deu lugar a um contra-manifesto do leitor Timm, publicado lá no Meio Bit, creio que está na hora de falar sobre um outro lado da questão, que eu abordei brevemente na minha notícia sobre o manifesto original: a questão dos modelos de negócio.

Eu sou formado em Administração, e mesmo que não fosse, creio que teria a mesma visão que hoje tenho sobre 3 pares: oferta e demanda, oportunidades e ameaças, incentivos e punições, e a influência deles sobre o comportamento do mercado, ou mesmo da comunidade, mesmo quando deixamos de lado os aspectos que a maioria das pessoas que eu conheço associa com o Marketing.

Não quero falar especificamente sobre o JeguePanel, mas sim de modo geral. Não vejo grande chance de sucesso em termos de participação comunitária ou mesmo de adoção pelo mercado (ou pela comunidade) em projetos que não correspondam a uma demanda (pré-existente ou criada), e para a qual não sejam criadas oportunidades de participação e adoção, com os devidos incentivos. E muitas vezes criar o incentivo, no caso de desenvolvimento individual, é difícil, numa espécie de Efeito Tostines reverso.

Não acho que contar exclusivamente com o incentivo ideológico seja suficiente para atingir esta finalidade. E nem acho que todo projeto individual tenha condições de chegar a alcançar a “massa crítica” suficiente para que a comunidade ativamente contribua (com código ou recursos) para seu desenvolvimento, e um mercado consumidor surja e se mantenha. Alguns projetos conseguem, mas creio que a absoluta maioria não.

E isto não é motivo para não tentar, mas deveria ser motivo suficiente para não se surpreender quando a coisa não decola da forma como o autor desejaria. E certamente *deve* ser motivo suficiente para o autor fazer completamente o seu dever de casa, incluindo pensar num bom modelo de negócios e construir um plano de negócios realista.

Ganhar a vida não é a única razão para uma pessoa se interessar por manter um projeto de software de código aberto, e mesmo quem quer ganhar a vida desta forma não precisa necessariamente ser empreendedor. Mas se você está pensando em empreender, como o Anahuac fez e agora expôs o que aprendeu, talvez queira revistar o artigo que publiquei em 2004 indicando 7 modelos de negócios para o código aberto, todos com alguma viabilidade para obter vantagem competitiva. Exemplos, sem detalhamento:

  • Desenvolvimento patrocinado por uma organização interessada (provavelmente o caso de sucesso mais comum para desenvolvedores individuais)
  • Receita baseada em consultoria
  • Licença dual (como no caso da MySQL AB e da Trolltech)

O mercado mudou bastante desde 2004, então não tente aplicar o conteúdo sem adaptá-lo e atualizá-lo, e sem uma boa pesquisa sobre a sua própria realidade.

Software livre como participação em uma comunidade e software livre como integrante de um modelo de negócio são dois pontos de vista bastante distintos sobre um mesmo objeto. Note que aqui estamos falando do software livre como um negócio, que foi o que o Anahuac tentou alcançar.

Um bom modelo de negócio baseado em inovação considera, entre outros fatores, uma proposta de valor, um modelo de receita, uma estratégia competitiva e um plano de crescimento. Os modelos de negócio e a vantagem competitiva freqüentemente não têm uma dependência tão direta com o aspecto ideológico ou a obtenção do apoio da comunidade. Ambos (o aspecto ideológico e o apoio da comunidade) são muito importantes para considerar na hora de compor a estratégia, e podem até mesmo ser considerados como essenciais (isso depende do autor do software e do plano, na verdade), mas a tarefa fica bem mais difícil quando o plano se baseia integralmente (ou majoritariamente) nestes quesitos, pois é raro eles conseguirem formar diferencial competitivo fora de um nicho bastante restrito.

E lembre-se que o modelo não é tudo. Para que decole, é preciso encontrar um mercado interessado em pagar, e oferecer os incentivos necessários. Na ausência ou falha destes requisitos, o negócio termina no vermelho rapidamente. Bastante pessoas e empresas vivem hoje do software livre, e você também pode entrar neste grupo – mas isso não acontece por acaso, e nem por um simples ato de vontade.

Claro que você também pode contribuir sem interesse em retribuição. Bastante gente faz isso (com seus próprios projetos, ou com projetos alheios) e se sente recompensada – e assim faz o código aberto avançar. Aliás, esperar por retribuição espontânea, de alguma fonte difusa, é algo que você deve evitar mesmo – raramente acontece.

A situação não é tão análoga, mas no caso do BR-Linux (que é conteúdo livre, GNU FDL), eu hoje até obtenho bom resultado mensalmente (graças a um modelo baseado em publicidade), mas nunca me passou pela cabeça me sentir desvalorizado ao longo dos primeiros anos, em que poucos usuários contribuíam, e o site tirava dinheiro do meu bolso todos os meses. Ter saldo positivo é melhor, mas se o meu objetivo principal fosse esse, tudo seria diferente. E eu aproveitaria muito menos – neste sentido, acho que a idéia do Linus Torvalds está muito mais próxima da minha ;-)


• Publicado por Augusto Campos em 2008-01-27

Comentários dos leitores

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    Acredito eu que a maior dificuldade de negocio com Sotware livre, pelo menos aqui no Brasil, é “criar uma necessidade” na cabeça das pessoas.
    Tenho uma pequena empresa de consultoria e nesse ano estou disposto a investir somente em SL mas vejo impregnado na mente das pessoas o famoso “jeitinho brasileiro” quando trata-se de um suposto plano de migração ou licenciamento de software. As pessoas não se sentem na necessidade de sair da pirataria, visto que (alegam elas na sua maioria) “não acontece nada usando softwares piratas” e os poucos que licenciam seus softwares são aqueles que batem de frente com uma fiscalização e por falta de informação acabam comprando cópias do windows.

    Grandes empresas usam com muito sucesso o SL, mas o pequeno empreendedor (como eu) ainda tem um grande caminho a percorrer até chega nesse nicho.

    Lógico que tem varios outros planos de negocios com SL, mas a minha area é consultoria é quero investir em planos de migração porem ainda sem uma estrategia realmente definida, mas a ideia base é criar uma necessidade, acreditando (como eu acredito) que tem sim como ganhar dinheiro com SL.

    Eltern (usuário não registrado) em 27/01/2008 às 4:01 pm

    O erro está claro, ou seja, uns querem e esperam por milagres via software livre. Deixam a lógica de lado e depois, tentam empurrar a culpa de seu fracasso (que se inicia pela falta de capacidade de idealizar de forma correta) no processo.

    Sonolento (usuário não registrado) em 27/01/2008 às 5:10 pm

    Belo artigo, Augusto. É bom ver algo com pé no chão.

    Só acho que foi muito generoso chamando AQUILO que foi escrito no portal fanboy, digo, meiobit, de um contramanifesto.

    Lamentável a postura de birrentos-que-querem-só-provocar que vigora por lá. Justiça seja feita, não por todos.

    Enfim, parabéns.

    P.S.: Sugestão… poderia colocar um plugin , ou o que seja, para permitir respostas aos comentários. Permitindo visualizar melhor quando se trata de uma réplica a um comentário.

    Obrigado.

    Paulo Cesar (usuário não registrado) em 27/01/2008 às 5:23 pm

    Artigo muito bom este, é uma pena que me senti tentado a clicar no link do “contra-manifesto” e voltei a relembrar o quanto o pessoal daquele portal é preconceituoso, mal informado e ignorante.

    Quanto ao JeguePanel, para mim é uma questão simples, se um software não fez sucesso e não trouxe a gratificação que o desenvolvedor queria talvez ele não tenha sido bem desenvolvido ou também não era tão necessário assim..

    Sem ofensas, mas por que diabos eu contribuiria para algo que não me interessa?

    Se bem que em alguns poucos pontos eu concordo com o desenvolvedor. No Brasil tem muito pouca gente interessada em desenvolver de fato, a maioria do pessoal somente “apóia” o SL, não que esse apoio seja ruim, mas o fato de não existirem grupos fortes de desenvolvimento aqui acaba me frustrando as vezes.

    Enfim, por último vou citar o meu caso. Estou interessado em começar a desenvolver meu projeto opensource.

    Porque? Pois existe uma ferramenta que eu e mais colegas precisamos e não existe nenhuma boa solução multiplataforma.

    Porque não fazer o software closed-source então e vendê-lo? Pois a princípio não acredito que pessoas vão pagar por um produto desses (eu não pagaria), segundo pois o software vai conseguir muito mais projeção e se ele for útil para as pessoas ele vai receber muito mais funcionalidades do que eu poderia implementar sozinho.

    Eu concordo com o Augusto, se isso trazer um saldo positivo para mim, ótimo. Mas esse não é o objetivo, o objetivo para mim é desenvolver algo legal que vai ser útil para as pessoas. E isso é uma coisa que nem sempre eu posso fazer no meu trabalho… (útil sim, mas nem sempre legal)

    Paulo Cesar (usuário não registrado) em 27/01/2008 às 5:25 pm

    “Mais um exemplo do que é o Software Livre”

    aff.. o pior de tudo é ler por acidente umas coisas como essa

    Sonolento (usuário não registrado) em 27/01/2008 às 5:42 pm

    Paulo Cesar, concordo com essa sua visão, também penso em criar algo porque é algo que eu preciso e não existe. Ou existem uns Elefantes brancos de milhares de dólares que além de eu não ter dinheiro para pagar, julgo que não valem tudo isso.

    Quanto a critíca ao “contra-manifesto”, só uma correção, é pior que ignorância o que acontece lá.

    É saber das coisas, ser inteligente e falar porcaria só pra provocar.

    Abraços.

    Fernando Dias (usuário não registrado) em 27/01/2008 às 5:42 pm

    eu amo este blog…

    =)

    Ainda gostaria de saber por que as pessoas teimam que o modelo de negócio com software livre se difere um pingo do modelo com software proprietário, exceto a parte que você provavelmente não venderá os binários e o código (ênfase no provavelmente).

    Os três pares são os mesmos para ambos os caminhos.

    Empresas são empresas, mesmo que o único funcionário nela seja você. Então comece a tratar o seu negócio de forma tão séria quanto se fosse um modelo proprietário.

    Não sei… Após ver o texto do Timm no 1/2 bit, já me veio a cena de Stars Wars onde o Imperador Palpatine – interpretado aqui por Dr. House – diz: “De agora em diante você se chamará Timm. Darth Timm”. hauaahah

    Desculpem se eu escrever qualquer bobagem – imagina! -, mas estou com a mão direita legeiramente enfaixada, podendo utilizar somente a esquerda, por isso aqui vai:

    Não li o texto do Anahuac todo, mas pude entender onde queria chegar. Não sou formado em administração, mas também consigo ver algumas razões para o fracasso de projetos brasileiros em SL.

    O primeiro é a quantidade de desenvolvedores que se habilitam em desenvolver desta forma. Faço o curso de bacharelado em informática , e vejo q boa parto do q estudamos – principalmente em Engenharia de Software, eita matéria chata ;-) – ainda não leva em consideração o “novo mundo” que é o software livre como modelo sério. Some isso à professores “acostumados” ao sl proprietário, q não incentivam seus alunos a procurarem “novas aventuras”.

    Ou seja: ainda são formados nas faculdades programadores e analistas com uma visão muito estreita do mundo.

    Tá. Sei q a pessoa não é obrigada a fazer uma faculdade para se tornar um programador, mas me diga: Como q o cara q faz um “cursinho de Delphi” em qualquer esquina vai se interessar em produzir software livre? Não há incentivo, e às vezes chegamos na questão: “mas o q eh que eu ganho com isso”, que demonstra claramente uma visão a muito curto prazo.

    Digo isso pois vejo gente q estão em séries muito mais avançadas q eu – fui agora pro segundo, e daí? ;-) – q não tem quase idéia do q se trata o linux – tá, e outros softwares livres – q não seja numa pífia teoria. Saem da graduação e viram programadores de softwares fechado, indo trabalhar em empresas q desenvolvem neste método. Assim entramos num beco sem saída.

    Mesmo assim nem tudo está perdido – “Não temam!!” – pois de onde estudo mesmo saiu um projeto q foi pro SOC do Google, e vejo aqui muita gente q acredita do open source/free software e realmente trabalha em prol dele.

    A dificuldade em escrever me impede de escrever os links, mas tudo bem ;-)

    Enfim, isso é parte do q pensa essa minha massa cinzenta.

    Ah, e Augusto, sei q este não é o melhor lugar para fazer sugestões sobre o site, mas seria lega se vc colo9casse no site recursos como tinhamos no antigo, como edição de comentário, tracker para vermos novos comentários para comentários q fizemos, além da questão das respostas à comentários, já citados acima. Quero ver se algum outro leitor concorda comigo.

    Outra coisa é em relação ao layout do site, q já está me “incomodando”, como a área de notícias, q está muito pequena. Digo isso por estar lendo e tela-cheia e um monitor com 1440 pixels de largura, e boa parte da tela está vazia, pois a área de texto é mínima.

    Sei q você considera o site como um blog, mas sem os recursos do site antigo está mais para blog, do q para um site de discussão, como eu o via antes. Parece q o novo layout não incentiva q o usuário comente.

    Não estou reclamando do seu trabalho no site – que, sem querer puxar o saco, é excelente -, por isso, aceite o q escrevi como meras sugestões ;-)

    “Sim, Mestre”. Timm, é brincadeira ;-)

    Bruno, eu acho que não é teimosia: os modelos de negócios baseados em software livre costumam mesmo ser bastante diferentes que os de software proprietário, em vários dos componentes essenciais: a proposta de valor, o modelo de faturamento, o plano de crescimento e a estratégia competitiva.

    Há pontos de contato, claro, e eventualmente pode-se adotar modelos similares, mas me parece que essa não é a regra.

    Claro que em ambos os casos temos um ambiente econômico definido pelo memso conjunto de fatores: demanda, oportunidades, incentivos, etc. Mas os modelos costumam ser bem diferentes sim, e uma das razões principais para isso é exatamente a que apontaste, embora haja outras.

    Tenchi: O BR-Linux novo ainda está em testes, e ainda não instalei nenhum plugin. Tenho procurado deixar isto claro. Não sei se no futuro vou atender a todos os pleitos que levantaste (ou mesmo a algum deles), mas ainda está cedo para eu analisar isso.

    Aos demais: não acho correto desqualificar um texto ou argumento com base no veículo no qual foi publicado, ou no seu autor. Isso é base para uma falácia comum, e não precisamos disso por aqui. Discordo de vários aspectos tanto do manifesto quanto do contra-manifesto, mas a forma de lidar com isso não é falar mal dos autores ou dos sites…

    Texto excelente, parabéns!

    Uso software livre há uns 3 ou 4 anos, mas nunca contribuí diretamente, a não ser em algumas poucas traduções. Gostaria de poder contribuir mais, e digo que suas palavras são um grande incentivo a isso.

    Wagner

    Apesar da péssima maneira como foi publicada a notícia no MeioBit, a área de comentários me surpreendeu por conseguir fugir do flamebait que foi publicado.

    Aliás, recomendo que ignorem o texto e leiam apenas os comentários, que estão muito mais lúcidos, e pragmáticos também (em geral).

    O autor do JeguePanel me desculpe, mas ele começou errado ao escolher o nome JEGUE para o front-end que ele desenvolveu e também errou ao querer desenvolver algo que ninguém precisa (prova disso é a estatística do site).

    Att,
    Renato

    Concordo com o Yamane. A verdade é nua e o quibe é cru :-) O programa é desnecessário. Já existiam vários projetos que faziam mais do que ele se propunha a fazer, inclusive. Existe uma mania de querer atribuir o fato do insucesso comercial em alguma área ao fato de não haver incentivo ao que é brasileiro. Lembro -me bem das histórias em quadrinhos nacionais, onde os desenhistas reclamavam que não havia mercado para os artistas nacionais, que as editoras de quadrinhos estrangeiros eram desleiais, etc. Hoje temos grandes artistas brasileiros fazendo sucesso no mundo todo. E agora, na área de informática? Software livre é software livre em todo lugar! Como explicar o sucesso de projetos como o Synaptic que é criação do Alfredo Kojima? Aqui não existe balela. Competência é o que conta! E, sinceramente, depois de uma década nessa louca-vida-Linux, fiquei ofendido com a colocação do Anahuac. Espero que tudo isso que está acontecendo sirva de contraponto em sua vida e ele reconsidere muito do que falou!

    “Só acho que foi muito generoso chamando AQUILO que foi escrito no portal fanboy, digo, meiobit, de um contramanifesto.”

    Eu conheço [de net] o Timm e posso dizer que aquilo é o mínimo que podemos esperar dele. Já foi-se o tempo em que alguém cria algo sensacional, coloca na Internet e, no dia seguinte, tem milhares de pessoas baixando e pagando para você pelo que você fez.

    O Stallman vive nos Estados Unidos, onde a realidade é diferente da nossa. Lá, talvez ele [o Stallman] possa se dar ao luxo de não usar Windows e passar o dia digitando comandos em um terminal, fazendo tudo em seu eMacs. No Brasil, infelizmente, isso não é possível.

    Por exemplo (isso já aconteceu comigo) imagine que você trabalhe como webdesigner e seja um amante do software livre, que faça suas páginas com CSS e PHP e edite seus textos no vi. Tranqüilo, pois o cliente não quer saber como você faz o trabalho, ele quer que você lhe entregue algo que funcione como ele imagina que deva funcionar.

    Agora, imagine que o cliente chegue e diga: “Eu quero que você coloque um banner em Flash no topo da página inicial!”. Se você disser algo como “Não! Eu não vou colocar esse banner porque Flash é contrário aos padrões web e, além de tudo isso, não é um software livre e eu só uso softwares livres!” o que você acha que vai acontecer? É simples: se você não quiser fazer o banner em Flash, o cliente vai procurar alguém que esteja disposto a fazê-lo – e esse alguém vai ganhar o dinheiro que você poderia ter ganho. Simples assim.

    Aí, no “contra-manifesto”, vem alguém e diz:

    “Se não fosse o Stallman para discutir, brigar e ter criado a GPL, hoje estariamos reféns da M$ e Apple”

    Não é que hoje nós estaríamos reféns da MS e da Apple; nós SOMOS reféns da MS e da Apple, mais da Microsoft. Ora, se eu posso baixar Windows, Office, Photoshop e o diabo a quatro da internet e sei que a polícia NUNCA vai me prender – pois sejamos realistas e, além do mais, eles não podem invadir a minha casa, é necessário um mandato para isso – por que eu vou querer migrar para um software grátis se eu JÁ USO um software grátis?

    Claro, as mesmas pessoas que reclamam do mensalão são as que têm Windows XP com serial FCK**-*****-*****-*****[PEGUEI VOCÊS :)] mas isso é outra história.

    Outro ponto que foi levantado é o marketing. Estudei isso num curso. É necessário saber se há demanda para o que eu criei e qual o público alvo que vai usar o que eu criei. Além do mais, se eu fosse gerente de TI ou diretor de uma empresa, eu JAMAIS admitiria uma solução chamada JeguePanel, mesmo sabendo que esse julgamento é totalmente superficial e preconceituoso. Imagine o cara numa reunião de negócios internacional dizendo “E a nossa empresa usa o JeguePanel…” Se ainda fosse JPanel…

    Outro ponto é o fato do software ser livre. Dizer isso soa como algo alternativo, comunista, que não tem qualidade.

    Enfim, infelizmente concluo que o software livre, pelos motivos apresentados e outros, pelo menos agora, em nosso país, é uma ilusão. As empresas e usuários estão pouco se lixando pra ele, economicamente falando. Concordemos que é muito mais fácil e prático eu criar alguma coisa e cobrar uma licença para cada micro/servidor/wathever que for usá-lo do que ficar inventando planos de suporte mirabolantes.

    Como disse Morimoto, “o Windows venceu, conforme-se”. Assim, é hora dos desenvolvedores nacionais pararem de tentar criar soluções inúteis e partir para terras jamais desbravadas. Por exemplo: vi aqui um interessante artigo sobre Linux embarcado. Quem sabe esse não é o futuro, pelo menos para nós?

    Qualquer negócio, baseado em software livre ou não, tem o mesmo princípio básico: deve atender a uma demanda, existente ou latente. O que ocorre muito na área de TI (assim como em outras áreas) é a inovação pela inovação, ou a inovação sem valor. Um software ou uma feature “muito legal”, mas que ninguém está disposto a pagar mais por ela. Não posso falar com muita propriedade sobre o JeguePanel, até porque não conheço o software, mas isso por si já poderia ser sintoma de um problema com o produto, pois há muitos anos eu desenho projetos baseados em Linux para clientes e nunca vi necessidade de conhecer profundamente o software.

    Para que um empreendimento baseado em software livre dê certo, entendo que o software ou o serviço deve apresentar as características importantes para os clientes (e não as características que a empresa/desenvolvedor acham legais), deve ser interessante o suficiente para criar uma comunidade de usuários (os divulgadores) e desenvolvedores em torno do mesmo, e deve ser comercializado a um preço justo, que o mercado aceite pagar (se custou 1 trilhão de dólares para desenvolver, o problema não é do cliente – ele só vai pagar o que ele acha que vale).

    Mas a parte do “pagar” (ou melhor, do receber) é que é problema, afinal software livre, em geral, pode ser adquirido gratuitamente – até para poder formar a comunidade de usuários e desenvolvedores. Neste ponto eu creio que uma licença dual possa ser um alternativa, ou então, um modelo baseado em “serviço empacotado como um produto”.

    Explicando melhor o último conceito… Vender serviço pode se tornar algo complexo, pois isso dificulta o desenvolvimento de uma economia de escala (quanto mais serviço, mas pessoal é necessário para executar o serviço e, portanto, maior o custo). Deve ser por isso que o modelo convencional de venda de software é baseado em “licenças”, pois quanto maior o universo de clientes, menor poderá ser o custo unitário. E, após um certo ponto, o que entrar é lucro. E a receita que vai entrando gera caixa que possibilita o desenvolvimento da próxima versão, que corrige os bugs da versão anterior. Perfeito. :-)

    Mas então, como “empacotar serviço para parecer um produto”? Uma maneira é fazer como Red Hat e Novell/SUSE: cria um ecossistema de software e hardware que gera demanda por um produto “Enterprise” e vende um serviço de atualização e suporte, completamente padronizado. O item “atualização” é tranquilo: fez uma vez, replicou milhares de vezes sem esforço. Já o item “suporte” é um risco, pois quanto mais unidades vendidas, maior a probabilidade de abertura de incidentes – entendo que o risco esteja valhendo a pena, caso contrário o modelo já teria mudado.

    Outros exemplos de “empacotamento de serviço como produto” são as assinaturas de anti-vírus, filtros para servidores proxy (estilo Websense), filtros anti-spam, assinaturas de ataques para IDS/HIPS/etc, modelos de documentos para advogados, software de ponto de venda, etc.

    Certa vez eu li uma entrevista com um gerente ou VP da Red Hat (infelizmente não recordo o nome) em que ele dizia que os clientes pagam pelo RHEL principalmente porque consideram o produto bom e porque não querem que ele deixe de existir. Para mim faz todo o sentido.

    A propósito, recentemente li um livro bastante interessante, chamado A Estratégia do Oceano Azul, que apresenta justamente estratégias para lançar produtos e serviços que se diferenciam da concorrência, tornando-a irrelevante. Leitura recomendada, para quem gosta do assunto.

    Vagner Farias.

    Desculpem a bagunça no comentário anterior, mas como o texto estava ficando longo, acabei terminado de escrever num editor com medo de perdê-lo caso desse algum timeout. Na hora de colar o texto de volta não percebi que tinha ficado ruim.

    Bem que seria legal poder editar os comentários. :-)

    Vagner Farias

    Beleza de texto Augusto, parabéns.

    Esse assunto se desdobrou até mesmo nas listas de discussão internas dos grupos de usuários, com flames quentes e divergentes, por incrível que pareça tem muita gente com a mesma cabeça do tal Timm, e muitos com a visão do colega Anahuac.

    Quero deixar aqui um pitaco falando de experiência de mercado. Todo o negócio que pretende ser comercialmente viável (SL ou não) precisa de planejamento, de capital de risco, de investimento e principalmente precisa estar preparado para se manter sozinho, no vermelho, por um período considerável (no mínimo 6 meses). Não existe negócio que você monta hoje e tá lucrando amanhã. Vide o relato do Augusto sobre o BR-Linux.

    Porém existe aquele projeto que não era para ser um negócio e com o tempo acaba se transformando em um, por exemplo um software livre que nasce para resolver um problema e que cai na rede, se ele for bom o suficiente vai ganhar usuários, que vão querer novas implementações, treinamento, passa a ser usado por consultores independentes que instalam nas empresas onde prestam serviçoes, que acabam gerando modificações, evolução, etc. e no final vira algo sustentável e contínuo. Temos milhares de projetos de SL que são assim.

    Acho que o projeto do Anahuac trilhou parte desse caminho, mas talvez tenha faltado um tino comercial, um planejamento voltado para os negócios, até mesmo aliar ao projeto aqueles usuários de SL mais contestados, os não desenvolvedores, mas que são as vias de relacionamento e fomentam a oportunidade de negócios.

    Longe de mim querer questionar o projeto, porque mesmo lendo o relato nós não sabemos tudo o que aconteceu, mas para o Anahuac vai a minha força e um conselho: Deixa o jegue solto no pasto, se o destino quiser ele vai definhar e morrer, senão ele vai achar o seu lugar, cruzar, gerar jeguinhos e quando você perceber terá uma manada (não sei se o termo é esse em se tratando desse animal tipicamente nordestino) e você terá o reconhecimento que merece.

    Abraço e força!

    pizza

    sergio (usuário não registrado) em 28/01/2008 às 12:32 am

    assim como todo tipo de negocio, terá sucesso tanto quanto a sociedade precisa dele… seja ele software livre, ou repelente de baratas..
    No meu caso escolhi vender o sistema operacional FreeBSD como uma solucao em notebooks. para profissionais liberais que ja nao aguentam mais perder dados usando ruindows. Isso inclui empresas que tem dezenas de notebooks… Quando a empresa nao gosta de “software livre”… ofereço SUN Solaris… ver: http://www.opensolaris.org (associo minha solução a um nome forte). O business people compra confiança e marca, e paga por isso, o fator “preço,economia” não vem em primeiro lugar, já que o “TCO” está amortizado e faz parte do “budget” (escrevo em economês para dar ênfase)…
    E o software livre??? ver como business. a mesma velha receita: Pesquisa de mercado, apresentação do produto, nome, marca…
    Eu, por exemplo estou apostando em notebooks.

    O tal contra manifesto tem algumas incoerências.

    Pra começar o título “Mais um exemplo do que é o Software Livre”. Aparentemente, para o autor, Software livre é sinônimo de fracasso comercial.

    Ele diz que não conhece nem nunca usou o JeguePanel e aponta como resultado da falta de lucro a modalidade de desenvolvimento. Mesmo não conhecendo ou sabendo se o software é bom ou não, se existe demanda por ele ou não, o autor não considerou qualquer dessas possibilidades, elegeu a forma de desenvolvimento como culpada. Então, se um desenvolvedor de software proprietário passa por dificuldades financeiras, eu posso responsabilizar o modelo de desenvolvimento adotado? :-/

    E por último, por diversos momentos ela afirma que vivemos num mundo capitalista, onde o que vale é o dinheiro e blah, blah, blah. Eu acho que existem diferentes maneiras de se ganhar dinheiro e algumas empresas o fazem de maneira mais correta e ética, enquanto outras não sabem nem o significado dessa palavra. Um exemplo, semanas após o anúncio do acordo entre Microsoft e Novell, o presidente da primeira afirmou que o Linux violava patentes da Microsoft. Enquanto isso o presidente da segunda disse que o Linux não viola patentes e que esse ponto do acordo tinha apenas como objetivo eliminar o assunto patente da pauta de discussão. Porém, algumas semanas depois em sua campanha publicitária na Inglaterra, a Novell anunciava que protegia os clientes de violações de patentes do Linux. Ou seja, a Novell grita aos clientes em campanhas publicitárias que eles estão protegidos contra processos por violação de patentes que ela mesma afirma que não existem. Mas pra deixar claro que nesse caso específico houve uma preocupação com leis de mercado e etc, eu deixo o comentário do próprio Anahuac:
    “Eu não sou tão ingênuo a ponto de ter começado esta empreitada sem ter um modelo de negocio que achasse funcional.
    Parti do princípio de que desenvolvimento de software é prestação de serviços e não venda de produto. Por isso liberei todo o código e toda a documentação e foquei meus esforços na melhoria contínua e constante dos dois.
    Para viabilizar o trabalho de venda dos serviços de implementação do JeguePanel criei uma rede de de parceiros espalhados pelo Brasil e Uruguay (http://www.jeguepanel.net/index.php?option=com_content&task=category&sectionid=2&id=32&Itemid=60) que fazem o trabalho de “venda” do serviço aos clientes em potencial e eu presto suporte a estes parceiros. Dificilmente lido diretamente com os clientes. Funciona muito bem com alguns parceiros e simplesmente não funciona com outros.
    Significa, resumindo, que o volume negocial e a falta de colaboração não permitem encontrar o equilíbrio necessário.”

    André Machado,

    Agradeço a sua audiência, e sei que você sempre lerá aquilo que eu escrevo. Ao contrário de você, não vivo num mundo ilusório de igualdade, liberdade e fraternidade. Tomara que um dia você perceba isso, ou não. O fato é, que eu agradeço, de coração, e ainda retribuo: Você nunca saberá o que esperar de mim, mas eu sei exatamente o que esperar de você, um certo screenshot que o diga. =)

    Forte abraço,
    Lucas Timm.

    Augusto,

    Existe um bug (?) no WordPress, eu clicava para logar e responder esse post usando o Opera, ele pedia meu login e voltava pra página inicial. Eu clicava novamente no tópico e ele estava deslogando, sempre fazendo um loop, estou respondendo com o FireFox. Talvez esse problema esteja ocorrendo não só comigo, acho interessante verificar. :)

    Ao assunto do tópico, o que eu quis dizer no post (e citei exemplos) é que existem modelos de negócios com Software Livre. Mas, não me lembro de nenhum (se existir me falem, agradeço) que coloque a ideologia “Stallmanista” em primeiro lugar. RedHat, Novell, Mandriva e até a própria Microsoft (não em sua totalidade) criam e vendem softwares livres, e é extremamente rentável.

    Na grande e esmagadora maioria dos compradores da RedHat, por exemplo, o fato do licenciamento ser livre é praticamente irrelevante. Quem compra RedHat compra por que é bom, ser livre não faz muita diferença. Uma redes de supermercados da capital goiana mesmo, tem licenças SUSE Linux 10.2 da Novell. E eles não alteram o código de fonte do produto, não existe necessidade pra eles. Quem tem necessidade não precisa comprar um RedHat, e logo usa distribuições mais personalizáveis, como o Gentoo ou LFS. Não estou falando das teorias que é possível, da beleza do software livre e etc, estou falando da prática e da vida real. Quem compra Linux e softwares livres, compra pelo suporte ou por que é bom.

    O caso do JeguePAnel poderia ter dado certo caso a forma que ele foi exposto ao mercado fosse semelhante à esses nomes que citei. Mas, o Anahuac tentou vender o software justamente pra comunidade, que não compra produtos assim e na grande maioria das vezes tem dual-boot com Windows pirata nem que seja pra mamãe usar. Pessoas assim não compram software e não fazem muitas doações, por mais que a comunidade diga o contrário.

    Muitos disseram que, se o JeguePanel fosse proprietário/shareware ele também teria fracassado, eu discordo em certo ponto: Pois, se ele tivesse feito um shareware, certamente o Anahuac ofereceria para quem tem interesse em comprar o produto, e não pra comunidade. Se ele fizesse assim, mas oferecesse pra comunidade ao invés do público alvo (quem paga), sem dúvidas que o fracasso seria ainda mais iminente.

    Em nenhum momento disse que a culpa é do Stallman, do software livre, ou do software dele ser livre, no artigo. Também não quis causar polêmica ou sensacionalismo, até por que eu não preciso disso. Pra mim, ele colocou a loja no lugar errado, e só. Se ele realmente queria vender o JeguePanel, ele deveria ter vendido pra quem compra, que por sinal, são as mesmas empresas que compram software proprietário. E a licença, nesse caso seria indiferente, aceite a comunidade ou não.

    Atenciosamente,
    Lucas Timm.

    Anahuac (usuário não registrado) em 28/01/2008 às 1:29 pm

    Lucas,

    Se você leu todos os comentários desta matéria e da original sabe que a sua afirmação “Anahuac tentou vender o software justamente pra comunidade, que não compra produtos” está errada.

    E não tentei vender nada para a comunidade. Faz mais de uma década que eu pertenço a essa comunidade, fazendo código, organizando eventos e fazendo palestras “evangelizadoras” sobre a filosofia do Software Livre.

    Num post anterior aqui eu disse:

    “Eu não sou tão ingênuo a ponto de ter começado esta empreitada sem ter um modelo de negocio que achasse funcional.
    Parti do princípio de que desenvolvimento de software é prestação de serviços e não venda de produto. Por isso liberei todo o código e toda a documentação e foquei meus esforços na melhoria contínua e constante dos dois.
    Para viabilizar o trabalho de venda dos serviços de implementação do JeguePanel criei uma rede de de parceiros espalhados pelo Brasil e Uruguay (http://www.jeguepanel.net/index.php?option=com_content&task=category&sectionid=2&id=32&Itemid=60) que fazem o trabalho de “venda” do serviço aos clientes em potencial e eu presto suporte a estes parceiros. Dificilmente lido diretamente com os clientes. Funciona muito bem com alguns parceiros e simplesmente não funciona com outros.
    Significa, resumindo, que o volume negocial e a falta de colaboração não permitem encontrar o equilíbrio necessário.”

    Não me confunda com um universitário. Não sou um aprediz. Reconheço que meu modelo não foi funcional.

    Mas a matéria não é uma choradeira deslavada sobre meu fracasso como empresário e sim uma dura crítica ao comportamento pouco comunitário da “comunidade” brasileira de Software Livre.

    Mas como tudo na vida tem jeito, o Jegue há de encontrar seus campos verdejantes.

    Anahuac,

    Você ainda continuará suas paletras de evangelização? Se sim, em que vão mudar?

    Abraço,
    Alan

    Lucas Timm (usuário não registrado) em 28/01/2008 às 1:54 pm

    (estou num computador público, por isso não logarei).

    Anahuac,

    Li sim os comentários, porém a minha opinião continua sendo essa. Na questão comunidade, a teoria difere (e muito) da prática. E, no meu ponto de vista, você ofereceu o JeguePanel para compradores da comunidade, que (quase) não existem, ao invés de ter oferecido para o público correto.

    Eu vi propagandas do JeguePanel no BR-Linux e Vivaolinux, algumas vezes. E quem frequenta sites assim não condiz com o público que o JeguePanel deveria atingir, na minha opinião. Se eu tivesse uma empresa, muito provavelmente eu nem saberia que o JeguePAnel existe/existiu. Como eu poderia compra-lo, sendo que eu seria público alvo do programa?

    Você já viu as propagandas da Novell, da IBM, e da RedHat que oferecem o “produto Linux” (ou ao software livre, whattever)? Como elas são veiculadas, e pra quem elas são oferecidas? Um bom exemplo do que eu tento te dizer é até contrário: Você lembra da Get the Facts, da Microsoft? Pois é, onde a propaganda eram veiculada mesmo? E quem era o público alvo?

    E francamente, ao contrário do que você disse, achei ingênuo demais da sua parte por ter largado o emprego de carteira assinada pra se dedicar inteiramente ao JeguePanel. Não é tempo de discutirmos o que você deveria ter feito ou não, mas isso foi mancada grande. Mas lembre-se, ainda que o seu projeto não tenha dado certo, não desista (fácil demais falar, desculpa). Aprenda com os erros de agora para não repetir da próxima vez. E por favor, cite isso nas suas palestras de evangelização ao SL, para mostrar que nem tudo são flores. Pelo menos aqui no Brasil.

    Atenciosamente,
    Lucas Timm.

    Anahuac parabéns pela publicidade conseguiu aprecer em todo lugar agora o Jegue Panel deslancha de vez, não ligue para o trolzinho dos infernos chamado timm é so procurar aqui mesmo no Br Linux e vai encontrar ele falando mau do WordPres, Linux e distrios baseadas no Debian, ele fala que é contra o software livre mas não consegue parar de usar, vai entender né….

    Samuel (usuário não registrado) em 28/01/2008 às 4:01 pm

    Mais um link para minha monografia (também de Administração).
    Muito bom artigo Augusto!

    “Você já viu as propagandas da Novell, da IBM, e da RedHat que oferecem o “produto Linux” (ou ao software livre, whattever)? Como elas são veiculadas, e pra quem elas são oferecidas? Um bom exemplo do que eu tento te dizer é até contrário: Você lembra da Get the Facts, da Microsoft? Pois é, onde a propaganda eram veiculada mesmo? E quem era o público alvo?”

    Será que dá pra comparar a orçamento publicitário dessas empresas com a empresa do Anahuac?

    O link com a lista de clientes foi postado pelo Anahuac: http://www.jeguepanel.net/index.php?option=com_content&task=view&id=36&Itemid=54
    Eles são todos membros da “comunidade”?

    Volto a perguntar. Depois de dizer que você nunca usou ou ouviu falar do JeguePanel, por que não considerou possibilidades como falta de qualidade do software ou falta de demanda de mercado por esse tipo de ferramenta? Você elegeu seu culpado, o software livre. Não estou dizendo que o software é ruim ou que não existe demanda, até porque eu também nunca usei, mas o que afirmo é que eu não posso responsabilizar a modalidade de desenvolvimento ou a estratégia comercial do desenvolvedor sem nem mesmo saber previamente se existe uma necessidade por esse tipo de software ou se ele tem qualidade.

    Pra finalizar, eu entendo suas colocações sobre a adoção de software livre. Discordo no ponto em que você diz que o fato de o software ser livre não faz a menor diferença. Faz sim, principalmente pra instituições públicas, mas não só para elas, que não querem ficar dependentes de uma única empresa.

    Lucas Timm (usuário não registrado) em 28/01/2008 às 5:09 pm

    Tiaggs,

    Garimpa aí, quero ver você achar um só tópico onde eu critico o WordPress. Se possível, também responda com português correto. E o que você disse com respeito ao tópico, curiosidade: O que você tem em mente? Que todos digam “Ó, coitadinho do Anahuac, vou usar/comprar o JeguePanel só por que ele se deu mal!”? Vê se cresce…

    Terramel (usuário não registrado) em 28/01/2008 às 6:48 pm

    Timm.. Não quero dizer nada ofensivo e nem fazer ataques como sempre dizem que costumo fazer… Também não ando com muita paciência de ficar argumentando, responder com algum post em meu blog ou comentar no site que você postou ou aqui… Acho que talvez eu esteja ficando velho… Por isso, vou apenas falar uma coisa da Bíblia:

    “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas sim o que saí da boca…”

    Sei que não sou ninguém para lhe dar conselhos, por isso escolho essa passagem da Bíblia…

    Espero que reflita sobre essa frase e pare de defecar pela boca!

    Abraços
    do Terrinha

    Terramel (usuário não registrado) em 28/01/2008 às 6:49 pm

    putz… escrevi sai com acento… (saí)… ignorem o acento que coloquei na pressa ;)

    Ao que parece o problema principal do jegue não foi a falta de usuários. Se a página com os usuários do sistema tiver informações verídicas, parece-me que o sistema foi bem-aceito por empresas e instituições públicas.
    O principal problema apontado pelo autor é: não há contribuição por parte da comunidade. Contribuição em todos os sentidos. E, ao que parece, muitos dos usuários do sistema não chegaram a ser compradores dos serviços sobre o sistema, e foi isso que deixou o camagada fulo da vida ;-)
    O problema maior é que um desenvolvedor de software livre, seja em tempo integral ou não, trabalha melhor se estiver ganhando. Até a FSF precisa de doações para viver. Só não entendi até agora porque Igrejas precisam de dízimo, mas tudo bem ;-)
    E nós – comunidade, povo, brasileiro – não temos o costume de contribuir monetariamente com os projetos q apoiamos. Em teoria sabemos q contribuir não é só com código, mas na prática esta parece ser a forma mais fácil e habitual.
    E tem a questão da honra: “Eu sou homem. Não vou contribuir com um projeto com dinheiro. Meu negócio é código”. Sei lá, nunca ouvi ninguém falar isso, mas parece verdade ;-)

    Embora o autor tenha dito q preferiu seguir a GPL e todo o pensamento stallmaniano à risca, pegue o exemplo de um software de sucesso, como o Blender. O programa em si é grátis, mas sua documentação – oficial – é paga – e bem cara ;-). Não sei se o seu programa pode utilizar a mesma tática, já que não é tão complexo quanto o Blender, mas já é um caminho. Se talvez ele tivesse focado seu esforço somente no desenvolvimento do programa em si – e não em documentação, publicidade e coisas do gênero, além de não ter, desde o início, tentado utilizar o jegue como fonte primária de renda, poderia ter uma chance de obter maior sucesso com a ferramenta. Demoraria mais, é claro, mas, se a ferramenta for realmente boa e valer a pena cada centavo investido, o sucesso é garantido.

    Prova disso são os custos que ele teve com site, servidor, etc. Uma possível alternativa a isso seria hospedar ser projeto em sites específicos para isso, como o berlios, o sourceforge ou o brasileiro codigolivre.org.br. Vantagens? Acredito que várias, que vão desde svn/cvs, fórums, vários mirrors – que garantem q dificilmente não conseguirão baixar o programa, etc. Isso facilitaria contribuições de código, por parte da comunidade. Desvantagens? Acredito que a principal é que o jegue ficaria com uma cara de “amador”, mas isto é só impressão, já que há vários projetos realmente profissionais hospedados nestes serviços.
    Mas a principal vantagem seria que o projeto nunca morreria, com o autor parando de desenvolver ou não. Se um dia ele decide parar, acaba com o atual site, o que acontece com o código? Some? É esquecido?

    Aí, se o programa for bom, as pessoas estiverem dispostas a colaborar, ele terá destaque, e aí quem sabe você possa o utilizar como sua fonte primária de renda. Infelizmente há a chance de que isso não aconteça, assim como acontece com programas proprietários, que logo viram “abandonware”. Software livre não vira abandonware; se for bom, certamente é reaproveitado. Mas infelizmente isto não dá muito dinheiro. :-(

    Ah, Terramel, agora entendo de onde você tirou a expressão “Defecar pela boca” ;-)
    Logo quando você leu pela primeira vez a passagem em questão já imaginou merd*&*% hauaau

    Terramel (usuário não registrado) em 28/01/2008 às 10:34 pm

    Tenchi: haeahueahuaehueuea! Vou contar o meu segredo para todos. Já assistiu “Hermes e Renato”? Já viu aquela “novela” deles chamada “Sinhá Boça”? Se assistiu, tem um professor lá (interpretado pelo Gil Brother – o que grita “AWAYYY”) de Direito Penal, o doutor Gilmar. O cara toda hora fala isso. Uma hora na aula um de seus alunos compara um juri com os jurados do Silvio Santos hauehaeueahueahueuhea! Ainda fala de Pedro de Lara e Sergio Mallandro. Na hora o professor Gilmar grita: “Cala a boca meu aluno, você está defecando pela boca!!!!!”

    Procura um vídeo dele qualquer dia. Você vai morrer de rir ;)

    Desenvolvo software livre como hobby há quase 10 anos e gostaria de adicionar alguns fatos à discussão.

    Tenho um programa chamado funções ZZ (www.funcoeszz.net) que vai completar oito anos de idade agora em fevereiro. Inteiramente em português, ele possui uma grande base de usuários entusiasmados que colaboram com relatos de bugs, idéias e códigos para funções novas (http://www.funcoeszz.net/extra.html). Foram feitas 50 camisetas comemorativas dos cinco anos do programa, que os usuários compraram como forma de apoio ao projeto. Doação de dinheiro não teve, mas eu também nunca incentivei isso, pois não há um link nem instruções de como doar. Antigamente eu achava isso “errado”, por isso a falta de incentivo.

    Tenho outro programa chamado txt2tags (http://txt2tags.sf.net) que em julho completará sete anos de existência. Este é feito e divulgado em inglês e português simultaneamente desde seu lançamento e também possui uma grande base de usuários, em países que eu nem sei apontar no globo. Também recebo muita contribuição de usuários na forma de código, traduções, documentação e ferramentas auxiliares, com muitos brasileiros na lista: http://txt2tags.sf.net/team. Somente em 2005 abri o projeto para doações e desde então oito pessoas (anônimos e gringos) doaram um total de 180 dólares. Porém, 140 dólares vieram de um único doador entusiasmado que é uma exceção à regra. Então para uma análise mais pé-no-chão, são sete pessoas que doaram 40 dólares em dois anos e meio.

    Em ambos programas, a grande maioria de seus usuários são do mundo Linux. Há poucos usuários de Windows e raros de Mac.

    Mas também fiz um programinha para Mac chamado AdiumBook (http://aurelio.net/soft/adiumbook) há dois anos, também software livre. Para este, 13 pessoas (um brasileiro!) doaram 80 dólares.

    Minha percepção é que a comunidade Mac é mais acostumada a comprar software e isso também reflete nas doações a projetos de código aberto.

    Posso dizer que todos estes programas deram certo e têm bastante usuários espalhados pelo mundo. Mas apesar de render algumas doações de usuários satisfeitos, de maneira alguma isso pode ser considerado meu sustento. É um extra que vem de vez em quando.

    Não fiz plano de negócios e programei por prazer, não tendo o dinheiro como objetivo. Mas mesmo assim ele veio, em doses homeopáticas, com venda de camisetas e doações. As doações acontecem, mas não é aquilo tudo que o pessoal gosta de propagandear, e são feitas em sua maioria por gringos.

    As contribuições não monetárias superaram minhas expectativas, há muita gente que ajuda, opina e coloca a mão na massa. Brasileiros e gringos. Não tenho o que reclamar quanto a isso.

    Bem estes foram os dados que eu queria compartilhar.
    Espero que ajude na conclusão.

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