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Conhecendo melhor o FreeBSD e a história do BSD

À luz do artigo “Linux e BSDs“, do final da semana passada (aquele que lembrou a afirmação de Linus Torvalds sobre a possibilidade de nem ter havido o Linux se o 386BSD já pudesse rodar no computador dele em 1991), o leitor Bernardino Soares encaminhou (obrigado!) esta matéria do The H que conta um pouco mais do histórico do FreeBSD (e dos seus antecessores), indo bem além do que foi apresentado sobre este tópico no final de semana, e também usando com frequencia o Linux como exemplos que complementam a exposição.

Um dos aspectos pitorescos que aparecem no artigo está próximo à raiz da família BSD, com a contribuição de Bill Joy na década de 1970 – que como estudante de graduação foi um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento do BSD e criou elementos cujas linhagens até hoje estão bem presentes, como o csh, o editor vi e o NFS, além da pilha TCP/IP do BSD que mais tarde foi incorporada a vários outros produtos – e sobre a qual o folclore conta que houve uma interessante reunião, narrada no artigo, entre Joy (então um estudante de graduação e usando camiseta) e executivos da BBN, cuja pilha TCP/IP foi rejeitada por Berkeley em prol da de Joy.

O BSD da década de 1970 passou por uma série de caminhos e ultrapassou diversas barreiras, inclusive a ação judicial da AT&T que ao final acabou estabelecendo definitivamente os direitos autorais envolvidos – e especialmente o direito de o BSD ser desenvolvido e distribuído livremente. Seu código também foi incorporado a uma série de outros sistemas operacionais, alguns mais amplamente, como nos casos do SunOS, DEC Ultrix e NextStep, e outros só parcialmente, como no caso da pilha TCP/IP adotada pela Microsoft ou da adoção (via FreeBSD) da pilha de rede, VFS e subsistemas de IPC e manipulação de arquivos (mas não do kernel, ao contrário do que tantas vezes vi ser afirmado) pela Apple para o Mac OS X. Também ao contrário do que muitas vezes é dito, o artigo também informa que a Apple contribui código de volta ao FreeBSD, mesmo que a licença adotada não exija isso.

A questão da licença livre permissiva do BSD (e a quase inevitável comparação com as licenças livres recíprocas) também é abordada, inclusive com menção a alguns aspectos específicos, como a inexistência de incompatibilidades de licenciamento, o que permitiu por exemplo incorporar ao FreeBSD recursos desenvolvidos no OpenSolaris como o ZFS e o Dtrace. Aspectos positivos das licenças recíprocas, especialmente aos olhos dos desenvolvedores corporativos, também são apresentados no artigo.

Outros temas de interesse (distribuições de Linux que adotam o kernel BSD em variantes, a árvore de ports, os destaques da versão corrente do FreeBSD, derivados como o DragonFly BSD e o PC-BSD) complementam o artigo, que fecha com uma interessante visão de um autor da comunidade BSD sobre a competição com outros sistemas operacionais, ou com a Microsoft.

Leitura de final de semana interessante para quem tem interesse no histórico e nas características de mais sistemas operacionais livres.


• Publicado por Augusto Campos em 2010-02-26

Comentários dos leitores

Os comentários são responsabilidade de seus autores, e não são analisados ou aprovados pelo BR-Linux. Leia os Termos de uso do BR-Linux.

    João (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 3:32 pm

    Já já aparecem uns malas de plantão falando que BSD é a melhor coisa do mundo, que Linux é um lixo, etc, etc, etc.

    zer0c00l (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 3:43 pm

    E não é verdade?

    psicoppardo (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 3:49 pm

    não!

    Allan Taborda dos Santos (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 3:58 pm

    Esse zer0c00l tá querendo provocar mais um famewar. Sugiro que deixem ele falando sozinho e negativem os comentários trolls dele.

    magic (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 4:03 pm

    zer0c00l a prova é, voce acessando o BR-LINUX constantemente. fickdick

    Saci de Patinete (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 4:05 pm

    Sou usuário de BSD há um bom tempo. Não vou entrar no mérito de quem é melhor ou mais adequado, até porque isso é muito relativo. O que eu acredito (e é aí que talvez a polêmica propriamente dita esteja criada) é que o usuário BSD entende mais da própria filosofia e “jeitão” do Linux do que seus próprios adeptos, e o contrário (usuários Linux entenderem a filosofia e “jeitão” do BSD) não acontece. Afinal, no BSD existem alguns conceitos de userland e add-ons que não recebem a devida importância por usuários do penguim.

    zer0c00l…
    Crie um login antes de ficar falando bosta =)

    Dyego Souza do Carmo (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 4:31 pm

    Algum Bentchtmark ?

    Ye Olde Linuxer (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 5:15 pm

    Já já aparece um monte de mala criticando os usuários BSD e os outros malas colocando o BSD no pedestal… já tem 5 aí em cima, esquece. e até onde eu o conheço o zer0c00l ganhava verdinhas administrando servidores linux.
    No momento que eu escrevo isso só o comentário do Saci se salva. O BR-Linux (que eu comecei a acessar em 2002 pelo domínio linux.trix.net) era bem melhor a uns atrás…

    eu (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 5:52 pm

    Como eu aplico Base64, Rot13 e UUdecode em um comentário moderado para ver seu conteúdo em um ambiente Mac e Windows?

    Allan Taborda dos Santos (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 6:25 pm

    Na Internet, há conversores de Base64, Rot13 e UUdecode, onde você põe o texto cifrado no textarea e clica no botão e então o texto é decifrado.

    C. Faustino (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 6:50 pm

    @Saci de Patinete

    ‘é que o usuário BSD entende mais da própria filosofia e “jeitão” do Linux do que seus próprios adeptos,’ [2]

    psicoppardo (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 7:31 pm

    é que o usuário BSD entende mais da própria filosofia e “jeitão” do Linux do que seus próprios adeptos, e o contrário (usuários Linux entenderem a filosofia e “jeitão” do BSD) não acontece.

    Concordo, geralmente o usuário de, pelo menos, não posso afirmar pelo restante dos BSDs, é alguém que administra uma rede ou estuda o sistema mais a fundo, em resumo, um nicho especifico. Enquanto que o usuário linux, hoje, já está mais generalizado, são advogados, agentes administrativos, gerentes de lan-house, curiosos e etc. Essas pessoas g

    psicoppardo (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 7:42 pm

    é que o usuário BSD entende mais da própria filosofia e “jeitão” do Linux do que seus próprios adeptos, e o contrário (usuários Linux entenderem a filosofia e “jeitão” do BSD) não acontece.

    Concordo, geralmente o usuário de openBSD, pelo menos, não posso afirmar pelo restante dos BSDs, é alguém que administra uma rede ou estuda o sistema mais a fundo, em resumo, um nicho especifico. Enquanto que o usuário linux, hoje, já está mais generalizado, são advogados, agentes administrativos, gerentes de lan-house, curiosos e etc. Essas pessoas, geralmente, tem uma curiosidade por sistemas abertos e já conseguiram abolir sistemas proprietários do seu trabalho, pelo menos uma grande parte deles.

    Os usuários Linux são mais conscientes, pelo menos tem uma curiosidade maior, tem usuários colaboradores, desenvolvedores que participam da comunidade, mas acredito que os usuários openBSD, estou falando em termos de proporcionalidade, têm uma formação maior em administração de sistemas, mais precisamente em redes.


    distribuições de Linux que adotam o kernel BSD em variantes

    [modo mala=on]
    Não deveria estar escrito GNU ao invés de Linux? Distribuição de Linux sem ter nada de Linux, não faz sentido.

    Em tempos de Android, ChromeOS, WebOS é bom tirar o velho GNU da gaveta, pois haverá necessidade.
    [modo mala=off]

    Eu não li o artigo todo, mas no trecho que li (onde se fala do Debian e do Gentoo), o autor escreve o tempo todo GNU/Linux para por fim chegar no GNU/kFreeBSD (citando o nome da distribuição tb).

    Não é querer começar flame, eu mesmo falo muitas vezes simplesmente Linux, como uma simplificação de “distribuições Linux”, mas daí atribuir a algo ser uma “distribuições [de] Linux”, que não vêm com Linux nenhum, já fica meio esquisito.

    Como na FAQ anterior, do BR-Linux, dizia que aqui se chamava Linux de Linux e GNU de GNU, então eu acredito estar seguindo essa linha.

    Mackbet (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 7:54 pm

    Operação não alimente trolls. Eu apoio.

    erico (usuário não registrado) em 26/02/2010 às 8:06 pm

    Quanto mais se sabe a história melhor se pode escrever o futuro não é mesmo. Acho que esse artigo complementa o outro, que foi mais pro-gpl.

    O jack havia colocado na outra discussão uma entrevista com um dos desenvolvedores do darwin na outra discussão que relata o que o artigo afirma sobre a apple.link. Mas isso não deveria causar mais surpresa, se duvidar a microsoft até já doou código pro xandros.

    Sobre a estocada de leve no linux na questão da não-adoção do zfs por causa da gpl, questão que provavelmente ainda vai gerar muitas discussões. Eu penso que a questão está na forma como as empresa/organizações vêem a questão da propriedade intelectual.

    Quem demoniza as empresas normalmente as vê como sanguessugas do código livre e não imagina que há muita contribuição recíproca. A questão que nas empresas a propriedade intelectual é um ativo, uma mercadoria também, não é uma questão de escrever no código derivado o autor original, mas como a utilização poderá gerar benefícios para a empresa. Um exemplo, o negócio do google é vender publicidade, não programas, assim para eles a abertura do código não tem tanto valor.

    Para min essa é a forma que as empresas vêem os processo de abertura do código, nesse ponto uma licença permissiva é interessante apenas para a empresa que pode adicionar o código comunitário no seu produto sem ônus.

    @EmanuelSan: essa é a forma que a própria debian se refere ao port deles, segue a tendência que você evidencia de pensar linux como apenas o núcleo do sistema.

    EmanuelSan, espero que você tenha entendido a quais distribuições eu estava me referindo: são aquelas que em sua versão mais difundida adotam o Linux como kernel, mas que vêm desenvolvendo variantes ao redor do kernel do FreeBSD. Não sei se existe caso similar com alguma distribuição do GNU que não adote tradicionalmente o Linux como kernel. Mas sinta-se à vontade para chamá-las como preferir, no que me diz respeito.

    amoÇ (usuário não registrado) em 27/02/2010 às 12:19 am

    Todos aqui brigam por lixo que só nerds e virgens usam … Vão arrumar mulher, bando de tonto.

    @Augusto, eu entendi o que foi dito e acredito que dessa vez a maioria dos leitores tenha entendido (diferentemente do caso do “verdadeiramente livre” onde vc teve que ressaltar o contexto pois os leitores entenderam outra coisa).

    Eu por exemplo, entendo perfeitamente quando sai na mídia que algum SO BSD “é mais um [[tipo/espécie/distribuição] de] Linux”.

    O meu comentário foi para tentar mostrar aos leitores geek/nerds que é um paradoxo dizer que é uma “distribuição Linux” que não vêm com Linux nenhum.

    Nessa distribuição Debian é bem mais nítido dizer não é uma simples “distribuição de Linux”, já havia uma variante com o kernel do OpenSolaris, agora uma variante oficial com o kernel do FreeBSD.

    Espero que fique cada vez mais nítido que é errado, ou ao menos simplificar demais, chamar esses sistemas de “distribuição Linux”, vejam outras discussões por aí onde se fala que Android “não é Linux”. Para mim, na nossa discussão e nesta outra que citei, chamar GNU/Linux resolveria o paradoxo de ambas e não haveria discussão nenhuma usando um termo [mais] correto.

    Concordo plenamente que não faz sentido chamar variantes como o Debian/kFreeBSD (e similares) de distribuição de Linux, tanto que não o fiz.

    Quanto às distribuições de Linux que deram origem, no seio de suas iniciativas, a estas variantes com outros kernels, no futuro acredito que de fato a precisão sairá ganhando se houver um melhor nome genérico (e sem tentar reduzir sua característica a um único componente ou coleção de softwares, como ocorre hoje) popularizado, que abarque a todas. Nomes possíveis há muitos (acho que prefiro simplesmente “sistema operacional”, embora já tenha visto quem discorde por achar insuficientemente abrangente), mas não sei o que prevalecerá.

    staimeer (usuário não registrado) em 27/02/2010 às 11:58 am

    que maluco chato esse EmanuelSan, meu deos

    psicoppardo (usuário não registrado) em 27/02/2010 às 12:52 pm

    Então imaginem um Ubuntu com núcleo BSD, iria matar muita gente do coração!!
    kkkkkkkkkkkk.

    João (usuário não registrado) em 27/02/2010 às 3:44 pm

    O que eu acredito (e é aí que talvez a polêmica propriamente dita esteja criada) é que o usuário BSD entende mais da própria filosofia e “jeitão” do Linux do que seus próprios adeptos

    Esse é o custo de ter uma base de usuários maior, meu caro. É claro, eu poderia ser um elitista chato de nariz empinado, mas prefiro aceitar o simples fato de que nem todo mundo é obrigado a “entender a filosofia do Linux”. Se você quer angariar usuários só na base da filosofia, bem, boa sorte. O mundo é feito de pessoas reais, não de filósofos.

    Mário RPG (usuário não registrado) em 28/02/2010 às 1:20 am

    “Algum Bentchtmark ?”

    http://www.phoronix.com/scan.php?page=article&item=linux_bsd_opensolaris&num=2

    “UUUUUUUUIIIIIIIIIIhhh”

    Mário RPG (usuário não registrado) em 28/02/2010 às 3:00 am

    “debinha” acabou com o “BSDzinha”, ai ai ai, essa duel mãe!

    Francisco (usuário não registrado) em 28/02/2010 às 5:22 pm

    Bill Joy não era estudante de graduação em Berkeley, mas sim de pós.

    self_liar (usuário não registrado) em 28/02/2010 às 8:28 pm

    Nunca vou concordar com os ideais dos BSDs.

    O software livre requer que todos possuam direitos iguais .Permitir que esses direitos seja perdidos e ainda usando o trabalho feito pela comunidade é um péssimo ato.

    As pessoas deveriam pensar que as energias que elas colocam estão sendo utilizadas para o proprio mal delas. Apple usa muito dos bsds para destruir a liberdade.

    Como sempre é lucro a custa de tudo .

    self_liar (usuário não registrado) em 28/02/2010 às 8:36 pm

    Complementando.

    Muitos usam o argumento de que as licenças tipo bsd permitem que o software implemente os padrão de tecnologia corretamente,mas é um erro pensar assim .Se preocupar com a empresa que implementa padrões de tecnologia usando o modelo proprietário é apoiar o sucesso do software proprietário .E nós do software livre não queremos que o software proprietário seja bem sucedido. Se a empresa quer implementar um padrão aberto em seu software proprietário , que então se vire sozinha .E se a implementação for ruim é consequencia pois ela quis viver no modelo proprietário. Então aguente .

    Saci de Patinete (usuário não registrado) em 1/03/2010 às 8:28 am

    @João

    Sinto muito, li sua resposta diversas vezes e ainda não entendi qual é o seu ponto de vista. Vc fala de elitismo emergido de alguma opinião pessoal que realmente não consigo entender o contexto de sua resposta. Qualquer pessoa pode baixar o FreeBSD da internet e usar, assim como qualquer distribuição Linux, então não vejo algo como somente os elitistas de narizes empinados que andam por suas mansões em seus laptops, em seus robes de seda, tomando Dom Perignon, podem usufruir. Sobre angariar adeptos, é outra opinião emergida de alguma opinião pessoal, pois meu comentário não suscitou nada do gênero. Fique com o que vc gosta, vc é livre para tal. Agora, sobre os tais “filósofos”, é interessante como vc segmenta sua linha de raciocínio (os elitistas) e depois generaliza (as pessoas reais). Quem aceita ou entende uma filosofia é filósofo? Quem se importa? Não faça suposições deste tipo. Se vc não concorda com a licença BSD, aí é outra história, podemos discutir na boa. Agora, responder um comentário com divagações filosóficas (ó ironia, não acha?) não contribui em nada. Se vc falou das elites em resposta ao meu comentário, eu te digo que o seu comentário me lembra de sindicalistas.

    Boni (usuário não registrado) em 1/03/2010 às 1:43 pm

    @self_liar

    Se ilude muito quem acha que TUDO que foi feito em software proprietário vem de licenÇas BSD.
    Quem defende licenças GPL podem não concordar com licenças proprietárias e BSD, só não podem colocar em cheque as contribuições tecnológicas e o crescimento da informática.

    Já falei outras vezes, quer contribuir realmente para o Software Livre faça programas que qualquer um use, que não precise ser um geek ou analista de TI, algo que chegue as massas, ao vovô, pai, etc. Discutir licença é pura perda de tempo, todas as licenças estão aí e usa-se qual quiser e do jeito que prefirir.

    Ser partidário da GPL e falar que a BSD é ruim é igual um Palmeirense falar pra um Corinthiano que o outro torce errado! É ilógico.

    self_liar (usuário não registrado) em 1/03/2010 às 2:27 pm

    Boni

    O que quero dizer que existe certos problemas com as licenças do tipo bsd.

    Qual é os maiores empecilhos do software livre conquistar a sociedade?

    Um deles é que existem softwares proprietários muito bons e superiores a alternativas do software livre. E como as licenças bsd ajudam o software proprietário ficar ainda mais poderoso, a conquista do software livre é minada.

    E tudo isso a custa do software que a propria comunidade que desenvolve o software.

    @Boni, com a licença BSD vem uma empresa integra ele num software maior e vende fechado. Não acho que seja uma atitude muito sábia, os desenvolvedores trabalharam de graça pois não vão receber nada em troca, nem os lucros e nem as melhorias que fizeram no tal software.

    E no final ao invés de ter uma empresa investindo no mesmo software que eles, vão ganhar um concorrente. Vc fala ilógico!! Me parece realmente.

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