Governo da Índia pretende desenvolver sistema operacional próprio
E tem pouca similaridade com os casos comuns no início da década por aqui, em que prefeituras do interior anunciavam na imprensa que haviam criado sua própria customização do Kurumin: segundo as notícias (não muito ricas em detalhes técnicos), a intenção parece realmente ser criar um sistema operacional à parte, e não um fork ou adaptação.
Cerca de 50 profissionais estariam dedicados ao projeto, que também teria participação de universidades e centros de pesquisa do país.
Segundo o que foi divulgado, o interesse que levou ao projeto seria o da segurança nacional – com as recentes notícias de governos (incluindo a India, mas também Emirados Árabes, Arábia Saudita, Indonésia e Líbano) se insurgindo contra o controle estrangeiro das comunicações criptografadas de seus cidadãos usuários de uma popular marca de smartphones, bem como do vírus que teria como alvo instalações estratégicas do Irã controladas por computadores da Siemens, não é de se espantar que outros governos comecem a questionar o tamanho da influência de empresas de outros países em suas infraestruturas de TI.
Aguardo mais detalhes para saber quanto do sistema será desenvolvido localmente, e quanto será aproveitado do código de sistemas existentes – possivelmente veremos surgir um modelo interessante que despertará questionamentos em mais países que vivem condições similares. (via tech.slashdot.org)
O governo indiano (e quem o assessora) demonstrou que não entende patavinas de sistemas operacionais, uma vez que aparentemente ignoram o trabalho hercúleo que é conceber, escrever, testar e auditar um sistema operacional. Ainda por cima um SO com o objetivo de garantir a “segurança nacional”.
Melhor seria pegar um linux ou um BSD da vida e direcionar essa equipe de não-sei-quantos engenheiros para proceder uma cuidadosa auditoria nos softwares livres disponíveis e montar uma distro para uso deles.
@ foo_bar
Entrei aqui pensando em escrever a mesma coisa, e ainda cogitando que eles poderiam colaborar no desenvolvimento do HURD, por exemplo.
Oi Pessoal,
Se algum povo acadêmico no mundo realmente “conhece o trabalho hercúleo de criar um sistema operacional” são os indianos.
Sim, eles sabem. Um exemplo é o SO jnode (www.jnode.org), um projeto com pouca visibilidade e poucos investimentos que alcançou um estado de maturidade (embora não de interface com o usuário ou suporte a hardware ainda, coisas que só crescem com a adoção e popularidade). Acho que os indianos lá (ainda) são a maioria.
Partir de uma tábula rasa garante, tecnica e politicamente, isenção de influências estrangeiras e segurança. Assim como a individualização da TI naquele país.
De quebra, o mundo todo possivelmente ganha todo um pack de idéias novas, e novas implementações de idéias antigas.
Não se trata realmente de “reinventar a roda”, mas sim inventar outros meios alternativos de transporte.
Espero que seja bem sucedido (eles têm capacidade de sobra por lá), no futuro, mais países se sintam inspirados pelo seu exemplo.
Soberania digital é coisa séria que deve ser levada a sério.
O Governo Russo pretende fazer uma distro nacional russa com software livre linux.
Um dos motivos da Mandriva ter sido comprada pelos russo foi para participar da concorrência que o Governo Russo vai fazer em 2011 para desenvolver uma distribuição linux nacional:
A Mandriva deverá participar da concorrência, diz a matéria:
Há anos que postamos coisas como essas aqui no BR-Linux (independência, auditabilidade, etc.).
Esperemos que eles adotem filosofias de trabalho das comunidades de software livre.
E esperemos tb que estejam fazendo pelos motivos certos e não para controlarem melhor a população (tipo o SO da Coréia do Norte).
Bem, se for um sistema baseado em unix do tipo “mais do mesmo”, creio que seja um investimento inútil. Uma coisa eu sei que os indianos tem: mão-de-obra (pesquidadores, desenvolvedores) e conhecimento de sobra.
Mas creio que o buraco seja mais em baixo quando se fala num trabalho destes. Coisas do tipo: em que arquitetura de hardware o sistema rodará? Em intel? Empresa americana, que aplica um poder tão grande ou maior que outras empresas americanas, tais como a Microsoft.
ARM? Mais flexível, mas ainda sim uma empresa estrangeira. Power PC? IBM. MIPS? Estrangeira tbm. Ah, tem o OpenSparc…
Aí que entre a ideia de desenvolver uma arquitetura de processador própria, um conjunto de tecnologias (barramentos, coisas do tipo) especificos, e aí meu filho, o trabalho é multiplicado por 1000.
Não entendo esta mania de governos querendo se intrometer nestes assuntos. O governo do país mais rico do mundo não inventou de criar um SO. Ele simplesmente deixa que suas empresas criem e ele usa o que achar melhor. Não é só pq a MS é americana que ela é um risco menor para o governo dos EUA.
Entendo as críticas de que elaborar um SO até atingir a maturidade é um trabalho enorme e demorado. Se o governo indiano pensa numa escala de tempo de uma década, pelo menos, creio que seja possível ter algo razoavelmente usável. Com certeza aqui no Brasil é impossível pensar em programa governamental que dure tanto, pois basta uma eleição para desmontar tudo.
Mudando o foco, os sistemas operacionais hoje, tal como estão, podem se tornar obstáculos para desenvolvimentos futuros. Portanto, se pensarmos numa escala de tempo de algumas décadas, não acredito que seja um desperdício se um grupo começar a escrever um sistema do zero. Mas estou saindo do tópico, pois não é o objetivo do governo indiano, ao que parece.
Como é de costume, só quando começa a acontecer algo grave para que prestem atenção ao que sempre se disse em relação a software Livre:
Não se trata somente de preço, a independência e possibilidade de auditoria geral são grandes vantagens.
Acho duro que desenvolvam algo novo completamente funcional. Ainda mais que anunciaram que iria conseguir rodar aplicativos windows. Quem não imagina wine nessa hora ?
Também acredito que não vão fazer completamente do zero. Não é questão de capacidade técnica. Ao contrário, justamente por ter gente especializada uma hora irão mostrar um plano que o reaproveitamento de Linux, xBSD ou Minix teria resultados muito mais rapidamente.
@Bremm
Concordo, ajudar projetos como o Hurd seria uma boa jogada, ainda mais vendo as grandes capacidades que esse sistema, em teoria, terá.
Acredito que não seja uma boa prioridade construir um sistema operacional do zero .É preferível que uso distros linux 100 % livres e bem auditadas.
A Índia passa muita fome lá .O crescimento economico como sempre é uma ilusão ,na verdade uma ilusão para os pobres e uma realidade para os ricos . Prefiro que pensem nisso e não gaste energias desta forma.
O governo da Índia não é bom e tem problema graves de direito humanos lá ,além das guerrinhas sangrentas entre a população .Não sei se criar um sistema operacional será de boas intenções.
Podiam “criar” a partir do Menuetos.
http://www.menuetos.net/
self_liar não confunda as coisas. Tem gente por aqui contra o novo documento único, com chip, por dizer que ele fere o direito de privacidade. Governo nenhum presta, não para a população. O estado está ai pra te explorar, e realimentar o próprio estado.
Alguém disse Hurd?? Que piada… hahahahaha
Não são 50 engenheiros que vão fazer funcionar um sistema que em 20 anos não conseguiu funcionar direito.
Ué, não foi a China que tempos atrás não anunciou algo semelhante?
Por onde anda o tal sistema operacional Chinês?
Engraçado que no caso do Irã, um vírus aproveitou uma brecha de segurança do Windows.
Sobre esse caso da Índia, para que criar mais um SO? Usem o GNU/Linux!
Enfim, mais do mesmo…
Reyner,
A distro da China é a Red Flag Linux. A distro da Russia vai ser desenvolvida a partir do ano que vem, e a Mandriva Linux pode ser escolhida como base desta distro nacional russa. A India também está no rumo de fazer a sua propria distro.
O Brasil já se preocupa com guerra cibernética, mas é o único dentre os paises do BRIC que ainda não anunciou sua distro nacional e nem há projeto ou comentário sobre isso.
Com estão cada vez mais frequentes as invasões de computadores e ataques cibernéticos de uma nação contra outra, vários países estão tomando providências contra a guerra cibernética e o linux tem sido a melhor opção de segurança. (ver matéria da Folha 18/1/10: Para França e Alemanha, Internet Explorer deve ser evitado.
Um texto de um Blog de Portugal de 2009 comenta o investimento de vários governos europeus em software livre.
Os Eua já tem seu “OS padrão”. Os países da UE não confiam mais em colocar suas informações crítica em banco de dados que não possa ser auditado, para a eliminação de backdoors, por isso muitos estão mudando para linux.
E dos BRIC o brasil é o único que não tem bala na agulha mais tem ladrão do colarinho branco roubando e soutinho por aí de sobra e vai que aquele país la do norte cisma que temos armas de destruíção em massa nessa hora a lábia e a onu não valem de nada a não ser que seja contra hoje a coisa esta mais calma mais amanhã @#$%&.
@anderson freitas,
Favor consultar um dicionário e uma gramática ANTES de escrever qualquer coisa.
Além de somar esforços, vão dividir.
Concordo que seria melhor adotar um SO livre, que pudesse ser auditado e trabalhar junto com ele, tem muitas alternativas pra tudo que é gosto.
O trabalho comaçaria onde os outro pararam e não teria de começar do zero algo que já tem soluções com 20, 30 anos de experiência.
Anderson
Ao contrário, a previsão é que o Brasil se torne uma das 5 maiores economias do mundo nos próximos anos ultrapassará vários países do “primeiro mundo”:BRIC_no_futuro
* —>> Crise consolida Brasil como 8ª economia mundial
* —>> Brasil é a oitava maior economia mundial – Com PIB de US$ 1,531 trilhão, economia brasileira volta ao posto que não ocupava há 11 anos
Pensando do ponto de vista economico, o governo está criando 50 novos empregos, mais um tanto em volta do ecossistema gerado. Imaginando que pra cada pessoa envolvida diretamente no projeto deles, haja mais 2 pessoas de apoio (administrativo, logistico, blablabla), e isso gere 3 empregos indiretos em relação ao anterior, teriamos 50+100+300 pessoas a menos passando fome na india. E so o fato destas quase 500 pessoas não estarem trabalhando em outsourcing para o ocidente em centros de suporte ligados por voip na att e ibm a 20 centavos de dolar a hora, já é um ganho imenso para a sociedade indiana.
Sim, eu apoio, e vejo nisso uma chama de liberdade,a tal liberdade que quem usa linux sempre apregoa. Então, mais-do-mesmo é arrogância. Se esta iniciativa melhora a vida dos indianos, gera entropia no mercado local e cria independencia tecnologica do exterior, eu aplaudo. De pé.
E lamento que “os paladinos da liberdade” fiquem desmerecendo este projeto.
@gusmão, argumento sem base. A mão-de-obra na Índia é baixíssima, assim como na maioria dos países hiper-populosos. Esta garantia de que os empregos gerados vão tirar gente (tipo os milhares de programadores e pesquisadores que moram debaixo de pontes?) da miséria inexiste.
Mas seguindo, estas mesmas vagas poderiam ser criadas com investimento em projetos já existentes, tais como os milhares de SOs open source de qualidade existentes no mercado. E projetos como o wine também, se eles quiserem mesmo manter uma compatibilidade com o Windows.
Trabalhar num projeto existente não é menos “glorificante” que trabalhar num novo projeto novo, que passará pelos mesmos problemas que projetos já consolidados passaram e superaram (se não superaram, pode-se ajuda-los a superar) e nem é menos soberano.
A não ser que a pretensão não seja por um sistema operacional open source. Se eles quiserem algo fechado (que faz muito bem para a soberania de um país, não?), que comecem do zero ou peguem algum projeto open source que não exija copyleft.
@tenchi, lamento por seu pensamento não ter conseguido entender o obvio: eles não querem dependencia externa, seja de qual tipo for. Pegar codigo feito por alguem de outro pais, com ou sem apoio de agencias governamentais/empresariais de outros paises, é o que eles NAO querem. A mão de obra local é bonus. Entendeu agora ou quer que eu desenhe? não tem nada a ver com copy_qualquercoisa. Tem a ver com soberania, e a com a liberdade de exerce-la.
o problema é se o projeto nao der certo… e pior, se nao optarem por um licenciamento livre, talvez não consigam desenvolver rapido o suficiente para o sistema ainda ser relevante quando estiver pronto..
comparo com o brasil, que tb teve um programa de desenvolver um sistema operacional 100% nacional
@Elias, não me lembro desse programa. Mas me lembro do Sisne da Itautec/Scopus e do SOX da Cobra e Edix(?) da Edisa.
@gusmão, isto que vc disse não é soberania. É xenofobia. Não querer usar um código só pq ele foi escrito por um “maldito americano imperialista” é o fim-da-picada, ainda mais em se tratando de tecnologia, ainda mais se tratando de software livre.
O que eu quis dizer é que eles podem pegar um projeto já existente, funcional e com “arestas a aparar”, mesmo que escritos por pessoas de outros países (inclusive por indianos, diga-se de passagem) e desenvolver internamente.
Bons pesquisadores/desenvolvedores/programadores indianos poderiam então fazer toda uma análise no código e na estrutura do software em questão para se certificarem não haver nada de errado com o código (o que pode ser uma tarefa mais difícil que escrever código do zero).
Soberania não é construir um muro em volta do seu país e falar “dessa linha ninguém passa”.
Não estou dizendo que eles não possam fazer isso, mas é uma tremenda de uma babaquice, dependendo do caso. Ou, se os políticos de lá (sempre eles) forem como no Brasil, será uma bela forma de conseguir recursos, desviá-los e depois pedir mais recursos, pois acabaram e o sistema ainda está em andamento :-(