Arquivos históricos do BR-Linux.org apresenta:

Artigo comenta a venda casada de PCs e sistemas operacionais

Notícia publicada por brain em maio 9, 2004 04:12 PM | TrackBack


Job (job@eps.ufsc.br) enviou este link e acrescentou sua opinião: "No texto se discute uma coisa muito importante, que é uma pratica proibida no brasil: a 'Venda Casada'. Os micros são vendidos com o Windows já instalado, passando a idéia de que não tem custo. Essa visão promove a pirataria que por sua vez faz com que os produtos pirateados se tornem 'um padrão' no mercado doméstico fazendo com que os empresários comprem os mesmos ja que seus funcionários utilizam o mesmo em casa. Vai ai a pergunta "Não seria cabível dentro da legislação Brasileira, exigir das empresas a separação entre o preço do hardware e do software?" "

O problema da venda casada é sério, mas não acho que a análise seja tão simples como a acima. De qualquer forma, publico para permitir o debate. Quem já comprou um PC para usar com software livre e teve que adquirir um sistema operacional "compulsório" (e pagar por ele)?

 

Comentários dos leitores
(Termos de Uso)

» CWagner () em 09/05 17:16

Acho que esse problema é bem antigo, do tempo que não haviam opções para Sistemas Operacionais.

Creio que no tempo do MS-DOS, ou até mesmo antes disso, nos tempos dos MSX, TK-800, etc. Se não me engano havia uma determinação de que um sistema de computador deveria ser vendido com um conjunto mínimo de aplicações que possibilitassem o seu uso imediato por parte do comprador.

Daí, quando surgiu o IBM PC, Mr. Bill Gate$ entendeu que seria uma ótima oportunidade para fazer dinheiro, pois vislumbrou as possibilidades para ganhar dinheiro "fácil", convendo os executivos da IBM (empresários e não técnicos) que o aparelho deles não teria utilidade sem o seu "programinha". Os caras engoliram a história e começaram a vender o PC com o MS-DOS.

Depois que o padrão PC foi liberado para fabricação por outras empresas, a M$ passou a mesma lábia, e os caras caíram novamente.

Com o passar do tempo a M$ passou a ficar ambiciosa, ou a mostrar pro que realmente veio, e pressionava os fabricantes/integradores de hardware a venderem os computadores produzidos com o MS-DOS/Windows. Se alguém aí se lembra da historinha sobre monopólio, sabe bem do que stou falando, e não é apenas sobre browsers e tocadores de mídia. A pressão chegou até mesmo ao nível dos desenvolvedores de placas e dispositivos, pois se tinha a falsa idéia de que informática/computação era DOS+Windows, e se eu quisesse que meu componente vendesse eu deveria fazer um driver exclusivo para o Windows, já que era "única" solução possível. Se com hardware isso é verdade no campo do software é mais que notório, basta ver as soluções proprietárias para Windows e para Linux. Ainda bem que estão mudando o ponto de vista.

Enquanto isso o UNIX prosperava em outras áreas, o Mainframe perdia espaço, e o Linux começava a ser desenvolvido.

De lá, até os dias de hoje muita coisa mudou. O Linux ganhou terreno, o UNIX (*BSD) evoluiu tanto, ou talvez até mais que o SO do Sr. Linus, O BeOS apareceu, sumiu e ressurgiu como SO Livre... Ou seja, já existem opções de qualidade, e não apenas bonitinho "que nem o Windows".


» Henrique Vicente () em 09/05 20:02

Wagner, o windows é muito feio, seu design é terrivel (e azul quando trava :))


» CwAgNeR () em 09/05 20:40

Realmente... eu gosto de deixar aquela proteção de tela do xscreensaver que tem telas de crashes de outros SOs. Dá pra se divertir um pouco...


» Heitor Moraes () em 10/05 00:30

Melhor que separar o preço na nota, seria ter que faze-lo nos anúncios.
Já pensou algo do tipo: PC XYZ R$1500,00 (Windows não Incluido).
Isso ia ser a morte da M$.


» bebeto_maya () em 10/05 02:30

__Ouvi aqui, neste fórum em que vos falo,gente dizendo que vender PC`s com o Windows é um commodity e não venda casada.E o que é um commodity, senão um eufemismo para venda casada?
__Não canso de citar o exemplo do BomPreço, aqui no nordeste, uma vez liguei pra lá, pedi um PC sem Window$, e eles me disseram que o computador só saia de lá com o praguento.Isso é crime.Agora é preciso que os consumidores revoltados se unam pra processar essas empresas que o praticam.E não ficar só reclamando!Conversa de bar só enrica o proprietário!


» Ricardo () em 10/05 08:29

Não é bem assim que funciona a coisa...

Imagine se na semana que vem chega uma lei que obriga a separação do hardware e software.

Aí vem um cidadão que quer o micro sem HD, outro sem as memórias, outro sem o processador, outro sem a tecla P no teclado, e por aí vai.

O computador que você compra em lojas é um equipamento único, assim como a sua TV, que você não pode tirar dela o software que controla o volume, busca automática de canais, nem comprar sem controle remoto (convenhamos, é outra peça... não seria venda casada?), etc.

Se você não quer um PC que já venha com sistema operacional, basta comprar as peças separadamente e montar. Mas se você quer aproveitar a promoção daquela loja, compre o que ela está vendendo.

E antes de discutir apaixonadamente o assunto, tente ir numa loja comprar um DVD sem o software (ou quem sabe um celular).


» CWagner () em 10/05 08:40

Acho que a GRANDE maioria das lojas não cobram o software instalado. Tanto é que se você for somar o valor das partes fica muito próximo do valor final do micro.

O que quero dizer é que 90% (ou até mais) dos micros vendidos já não têm o valor do software agregado. Se houver alguma mudança na legislação (alguém sabe de algum texto oficial que regulamenta a venda de computadores?), vai apenas oficializar o que já acontece.

Imagine se as "lojas de esquina" passarem a cobrar o valor do Windos XP, Office 2003, antivírus, PrintArtist, Corel Draw 11 e PhotoShop?

Com certeza daria para comprar outro micro, ou quem sabe algo "mais útil", uma nova geladeira, fogão, jogo de quarto e TV.


» Davi Dalben () em 10/05 09:14

Primeiro quero comentar sobre o comentário do CWagner (o primeiro): não sei se você viveu essa época do surgimento do PC mas, a meu ver, a história é outra: a IBM lançou um produto que queria que fosse funcional e encomendou à Microsoft um sistema operacional para ele. Na época não costumava haver mais de uma opção para cada micro. Portanto, o DOS não era vendido separadamente, a não ser seus upgrades.

Como a IBM usou uma arquitetura muito fácil de ser copiada, começaram a surgir "clones" (ilegais, mesmo) e, de alguma forma, cópias do DOS passaram a ser distribuídas de dentro da IBM (ou de dentro da Microsoft) para essas novas máquinas.

Vendo um novo mercado surgir, a MS deixou de fazer seu sistema exclusivamente para a IBM e lançou o MS-DOS, que ainda era a única opção legal para os clones. Mesmo o OS/2, que na época só rodava em micros PS/2 (IBM) não seria uma boa opção. Até que em 1991 a história tomou outros rumos e a partir daí vocês já a conhecem.

Portanto, até 1991 não havia venda casada. O DOS era parte do micro, como o software de controle de um DVD, que não tem substituto. Tire o software e o aparelho não funciona. Não dá para instalar outro no lugar.

Só de 1991 para cá (ou perto disso) é que passamos a ter opção de vários sistemas para um PC "padrão". E aí a operação passou a ser venda casada, sim.

Eu acho que os vendedores deveriam mostrar aos compradores que estão levando dois produtos, com preços separados e que, se comprados juntos, oferecem um bom desconto.

Alguém já viu essas ofertas da rede Extra, nas quais por R$ 0,01 a mais você leva outro produto? Deixa de ser venda casada, e normalmente o preço compensa.

O anúncio deveria ser, então: Micro por R$ 1.499,99; Windows por R$ 500,00. Compre o micro e leve o Windows pagando R$ 0,01 a mais, ou seja, os dois por R$ 1.500,00. Acabou a venda casada.

Ah! E quanto as "lojas de esquina", você está falando de pirataria? Desculpe, mas isso é brinde, não venda. ;-)


» Alexandre Figueiredo () em 10/05 09:48

Concordo com o Davi,
O exemplo do Extra foi excelente!

As grandes lojas, vendem PC's de marca com um custo razoável. Nenhuma loja que eu conheço vende com 12x s/ juros ou com juros, que seja. O chato mesmo é abrir um de "marca" e encontrar uma placa da ECS, com tudo on-board. Ou seja, a mesma placa que você encontra na feirinha.

Quanto ao consumidor ser informado que ele está levando dois produtos por "um preço único" é importante. Pode, indiretamente, mostrar que há outras opções.

Eu devendo que elas poderiam colocar Linux, qualquer distro, que permita executar tudo na máquina. Já que elas poderiam controlar o que vai dentro do PC, elas forneceriam os drivers. Ou seja, eu compro com Linux e tenho do mouse ao modem funcionando.

O que a Apple faz, os outros deveriam aprender. Ela controla o hardware (e que hardware...) e o sistema operacional. Você paga caro, mas tem um máquina que não te deixa na mão.

O grande problema, para o usuário doméstico, é que há mais configurações de PC que opções de instalação do Gentoo. Ou seja, a minha é diferente da sua, que diferente da do fulano, que é diferente da do ciclano e que é diferente da do Presidente da República... Ou seja, tende ao infinito. No caso do Linux, haja driver pra tantos dispositivos.

[ ]s
Alexandre Figueiredo


» Pablo N. Hess () em 10/05 10:04

Alexandre, acho que no caso da Apple também existe venda casada. Se não me engano, é impossível comprar um Mac sem o MacOS. E eu acho que o MacOS não vem de brinde, não.
Obviamente posso estar enganado, mas acho que esse também é um caso de venda casada, e deveria ser combatido. A diferença é que o S.O. é bom :)


» Adilson Oliveira () em 10/05 10:26

Este problema da venda casada é um pouco complicado e teríamos que ter aqui a opinião de um advogado da área mas acho que podemos pensar assim de duas formas:
1) É venda casada pois o micro sem o SO instalado não funciona.
- A questão de o micro "funcionar" sem SO é relativo. Uma é o SO "instalado". Se eu der um boot via rede a máquina vai funcionar com o SO que for carregado da rede então este argumento não é válido. A mesma coisa é dizer que o caso é de escolha pois ele funciona com o SO que eu quero e não com aquele que eu estou sendo obrigado a usar.
2) Não é venda casada pois eu não preciso do SO que vêm instalado para usar o micro.
- Valem os argumentos acima ou ainda (forçando um pouco a barra), o PC é um equipamento genérico, não de uso específico. Se ele "funciona" ou não funciona é relativo. Se eu der um boot com aquele programinha que serve para testar memórias, me foge o nome agora, o PC vai estar funcionando sem um SO instalado.
Aliás, se formos pensar em funcionamento eletrônico, o PC funciona sem que o SO esteja instalado de qualquer outra forma que seja. O SO nada mais é uma das camadas que cria uma utilidade humana para ele. Funcionando, per se, ele já está.
Acho que a questão então seria um pouco diferente:
- O PC pode funcionar sem o SO que vem *pré-instalado*. Neste caso a resposta é sim. Eu quero ter a liberdade de fazer qualquer das alternativas acima possíveis.
Comentaram que seria o equivalente ao DVD ou ao celular mas aqui cabe outra diferenciação.
O software dentro deste tipo de equipamento é chamado de firmware exatamente por ser um auxiliar direto e estar ligado diretamente ao hardware para que funcione. Não há alternativa por ser totalmente específico e voltado para o equipamento ao qual está ligado.


» Muhamed Alkhalil () em 10/05 11:03

Acho esta discussão super saudável, porém acredito que só alcançará resultados palpáveis se a comunidade Linux Brasileira se unir e acabar com esta "venda casada".

Não tem como argumentar que um pc necessite sair da loja com windows. Este Sistema operacional não é necessário.

Comprei um notebook, que já veio o windows e o office da Microsoft. Eu precisava do notebook,mas não consegui tirar da venda estes softwares. O office veio até com uma nota fiscal separada de mais de R$600,00, sendo que a primeira coisa que eu fiz foi formatar e colocar o Slackware 9.1.

É uma venda casada onde a negociação é unilateral. Você não tem direito de escolha.

Não concordo com o exemplos do dvd e do celular que foram citados. Estes equipamentos são arquitetura fechada com sistema embeded. Não é a mesma coisa.


» Ricardo () em 10/05 13:11

Então vamos considerar venda casada o teclado e o monitor.

Vamos considerar venda dcasada o processador (eu posso escolher outro).

Vamos considerar venda casada o controle remoto da TV (eu poderia comprar um universal).

Vamos considerar venda casada a bateria do celular, o carregador, etc.

São exemplos bem parecidos... Todos com substitutos às vezes até melhores.


» CWagner () em 10/05 16:43

Não sei se a analogia do Ricardo é válida (não estou discordando, apenas argumentando). Afinal de contas, o micro funciona sem alguns desses componentes, mas na maioria deles existem opções válidas. E acho que é essa questão: você é "obrigado" a comprar com o software porque não existe outra alternativa.

Eu gostaria de saber onde achar algo oficial sobre a venda de equipamentos de informática. Alguém saberia ?


» Clovis Sena () em 10/05 17:09

bom dia,

duas coisas:

1) outro dia comprei um micro que vi num anuncio do jornal, e eu mesmo fui pegar na loja. La o tecnico ligou para eu ver que funcionava. O que tinha nele?? Tinha o IBM DOS. Testei com um CD do kurumin e tudo funcionou normal. Ou seja, você consegue sim, comprar um micro sem windows. ( OBS: nao era das marcas famosas e tal)

OK, hoje este micro roda o Linux que eu instalei depois.

2) quanto ao fato do computador precisar do windows pra funcionar, eu discordo: podxeria muito bem vir com o freedos, ibm dos, o que for.

ou melhor ainda, basta dar boot com um cd do movix ou knoppix/kurumin

mas agora eu me pergunto: o que diz a lei??? ou seja, a lei de informática, o que ela diz sobre os itens do computador???

se a lei disser que o software basico _tem_ que ser o windows, entao os fabricantes estao simplesmente cumprindo a lei; por outro lado, se a lei for generica neste ponto, entao os fabricantes estao forcando a barra e _empurrando_ o windows.

alguem aqui ja parou para dar uma analizada na lei, pra ver o que ela diz??

t+


» Clovis Sena () em 10/05 17:34

para quem quiser se aprofundar:

- Lei nº 9.609/98 (Lei de Programa de Computador).
- Lei nº 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais).
- Lei nº 10.176/2001 (Lei de informática).


» Alexandre Figueiredo () em 10/05 17:41

Caros listeiros,

Gostaria de lembrar que eu sei que a Apple faz o HW e o SW. Ela se dá bem assim. Eu sito o exemplo. Sei que o Gentoo e o Yellow Dog funcionam nos pelos PC da Maçã.

Já no caso do PC, a loja poderia mostrar a máquina com um OS qualquer e, na hora da venda, não fornecer o OS instalado. O cliente deveria escolher qual ele deseja. Ou "pior", manda as duas caixas e deixa o usuário instalar sozinho ( :o) ). Quem sabe a discussão de facilidade não muda também.

Eu tive o mesmo problema que o colega a cima ao comprar o meu notebook. A gente tem que comprar com o OS que o fabricante está fornecendo pois é aquele que ele garante.

Qto aos drivers, para eu achar todos os drivers necessários foi uma complicação! Agora, haja lobby para que os fabricantes façam drivers para os OS do mercado...

Poxa! Tem que haver uma solução!

[ ]s
Alexandre Figueiredo


» CWagner () em 10/05 18:26

Acho que se o governo pudesse fazer alguma coisa seria determinar que houvesse drivers de dispositivos para todos os sistemas operacionais, ou etão obrigar o fabricante a dar ao usuário a liberdade de utilizar o driver mais apropriado, ou então dar ao usuário a liberdade de escrever seus próprios drivers para dispositivos, para isso deveria divulgar em algum meio (manual, internet...) as informações necessárias.


» Rodrigo Branco () em 10/05 18:58

talvez sejam "lendas urbanas", mas são interessantes as "brigas"...

http://www.linuxjournal.com/article.php?sid=7040

http://www.netcraft.com.au/geoffrey/toshiba.html
num dos pedaços do segundo link, o reclamante fala que removeu o windows sem fazer salva e o fornecedor pergunta: "como vc removeu o sistema operacional ?" .

Existem casos que o Windows já vem "pré-instalado", então... se vc der boot, um unico bootzinho nesse windows pre-instalado vc já está concordando automaticamente com a licença do EULA e executando o Windows ? se vc executou 1 vezinha só o Windows vc perde a razão de solicitar o dinheiro de volta ?

em tempo, o cara disse que deu boot com um disco de instalacao do linux e passou o rodo em tudo no HD.


» Gustavo L. Pinho () em 10/05 21:35

Respondendo à sua pergunta Augusto: O último micro que comprei (um WalkPC da Itautec) veio com o WindowsXP "atachado". Rodei ele apenas uma vez. O segundo boot já dei com o CD de instalação do Debian pra sumir com o sistema da MS do micro... É o meu primeiro micro 100% GNU/Linux, sempre quis ter um micro rodando só o sistema livre, mas sempre alguma outra pessoa da família precisava usar o sistema da MS... finalmente consegui...


» Evandro Guglielmeli () em 11/05 01:10

Desculpem-me não ter lido todas as mensagens ainda, mas gostaria de comentar a mensagem do Ricardo que compara sistemas operacionais ao software de aparelhos de DVD e celulares.

Lamentavelmente, Ricardo, você está bastante equivocado no seu raciocínio... Não se pode comparar um computador com outros aparelhos como DVDs e celulares.

Um computador é um sistema de propósito geral, ou pelo menos bastante amplo; enquanto DVDs e celulares são sistemas dedicados, embora os celulares estejam tentando, ou aproveitando, a convergência tecnológica em mídia e informação.

Computadores são projetados para processar informações de uma forma geral; eles não são projetados para um fim específico, como transmitir pacotes de voz digitalizada (celulares) ou reproduzir sinais digitalizados armazenados em uma mídia (DVDs).

Um usuário pode, ou deve poder, pegar um sistema de computador (hardware) e instalar nele um sistema operacional (software) compatível com o hardware e obter, deste modo, um sistema de computação (hardware e software juntos) que atenda a sua necessidade. Computadores foram "criados" para isso, esta é a função que o fabricante de computadores garante.

Celulares e DVDs, e muitos outros dispositivos comuns da vida moderna, utilizam recursos da computação, obviamente reunindo hardware e software, para implementar as funções especificadas e garantidas pelo fabricante do aparelho.

Se o proprietário de um equipamento destes resolver modificá-lo, alterando as características físicas (hardware) ou lógicas (software), para implementar uma nova função ou "melhorar" alguma função normal, a primeira coisa a fazer é rasgar o certificado de garantia. Ele pode modificar o aparelho, mas perde automaticamente a garantia do fabricante.

Mas repare que os recursos de computação embutidos nestes equipamentos não são projetados para uso geral (mesmo que possam ter estar esta capacidade), eles estão ali apenas para implementar funções específicas do equipamento. Por isso estes sistemas de computação são chamados embutidos ou embarcados (termo originado da época em que sistemas de computação ainda eram grandes demais para caber numa lavadora, mas pequeno o bastante para ser embarcado em veículos de grande porte).

Veja que nos computadores o usuário escolhe o software para implementar as funções que ele deseja, enquanto nos equipamentos que usam computação embutida as funções são definidas pelo fabricante do equipamento.

Por isso não se pode falar em venda casada em relação ao software dos sistemas embutidos ou embarcados, pois o software, neste caso, é uma parte do projeto do equipamento.

Já em relação aos computadores de uso geral, o único software embutido é o que compõe o (ou a) BIOS. Quanto ao sistema operacional, nem o Mac-OS podia ser considerado como parte do projeto do equipamento (MacIntosh) uma vez que até para o Mac o pessoal conseguiu portar o Linux (Yellow Dog).

Portanto está perfeitamente caracterizada a venda casada quando se fala em sistemas operacionais para computadores pessoais (que são de uso geral).

Evandro Guglielmeli


» Ricardo () em 11/05 08:37

Evandro Guglielmeli, entendo a sua linha de raciocínio. Na verdade, o seu comentário foi um dos menos apaixonados aqui (e mais lógicos).

Mas quanto ao se substituir o sistema operacional de um computador... isso também tira a garantia do mesmo. Eu posso montar um computador e vendê-lo com o Mandrake Linux, porque (supondo, é claro), com esse Linux eu garanto 100% de funcionalidade. Aí vem um cidadão e instala Windows XP ou o Banana Linux. É claro que eu não vou dar mais garantia para esse micro, pois ele não foi utilizado de acordo com as especificações do fabricante.

Você não deve ter lido o meu comentário onde sugiro comprar PCs sem monitor, sem processador, sem memória, etc. São ítens tão substituiveis quanto o SO. O mesmo vale para o controle remoto da TV, a bateria e o carregador do celular (eu tinha 2 carregadores da Nokia em casa, quando comprei outro celular, fui obrigado a levar o terceiro carregador idêntico (mesmo modelo). Isso também deveria ser venda casada, e eles deveriam abater do preço).

Vejam que não gosto de comprar um computador que já vem com Windows XP instalado sendo que vou usar Linux... mas a amioria dos comentários nesse sentido são apaixonados e sem lógica.

Considerar o SO como não sendo parte do computador que se compra, é o mesmo que não considerar as demais peças do mesmo. Vale também o exemplo do carregador de celular.

Existe uma lei que proibe a venda de PCs sem o sistema operacional, por causa da pirataria. Claro, as lojas poderiam vender com Linux, mas nenhum fabricante ou loja são obrigados a oferecer as duas opções, assim como não podem ser obrigados a oferecer micros com a opção de marca de memórias e processadores.

Agora falando um pouco dos softwares de celular. A Nokia cobra por alguns jogos em seu site. Eu poderia pedir para eles mandarem um celular sem os jogos, abatendo do preço, não poderia?

Esta é uma discussão muito ampla para apenas se dizer: venda de hardware e software juntos é venda casada.


» Paulo Soares () em 11/05 09:55

Pessoal, estou chegando agora mas já acompanho a lista a algum tempo.
Acho que estamos nos esquecendo também de um fato relevante: a pirataria.
Não é pirataria, muito descarada por sinal, a venda deste famoso SO junto com o PC?
Eu entro numa loja, escolho a minha configuração e ao final, recebo um SO com o mesmo número de série que tantas outras pessoas compraram, não é pirataria?


» hamacker () em 11/05 09:58

Ninguem aqui falou sobre esses programas chamados de OEM custarem uma ninharia se adquiridos juntamente com o hardware, e que para adquiri-los separadamente vai custar mais do que o dobro do preço. Micros de Marca vem com quase R$ 1000,00 (ou mais) só no valor dos softwares que foram subsidiados pelos fabricantes de software (microsoft, mcfee, symantec,...) graças a venda em escala.
As pessoas que usam Windows que são a maioria gostam disso. Gostam de comprar um computador e ligar na tomada e ver tudo instalado : Windows, Office, Antivirus, Firewall, etc..

Quem usa Linux (eu uso) é minoria. Acho que fazer prevalecer a nossa vontade vai penalizar a maioria.

Acho que diferentemente disso, ao inves de fazer com que HP, COMPAQ, DELL vendam seus micros sem os "commodities", poderíamos comprar computadores de outros que oferençam a opção "pelada" (+barato).
Se os grandes fabricantes sentirem nossa falta e formos interessantes para eles então irão oferecer este tipo de opção.

Nada de radicalismo, vamos fazer prevalever o bom senso e sem interferir na escolha de venda do fabricante, afinal eles não são monopólio e temos muitas escolhas.

[]'s a todos.


Comentários desativados: Esta discussão é antiga e foi arquivada, não é mais possível enviar comentários adicionais.



O Arquivo Histórico do BR-Linux.org mantém no ar (sem alteração, exceto quanto à formatação, layout, tabela de caracteres, etc.) o acervo de notícias, artigos e outros textos publicados originalmente no site na segunda metade da década de 1990 e na primeira década do século XXI, que contam parte considerável a história do Linux e do Open Source no Brasil. Exceto quando indicado em contrário, a autoria dos textos é de Augusto Campos, e os termos de uso podem ser consultados na capa do BR-Linux.org. Considerando seu caráter de acervo, é provável que boa parte dos links estejam quebrados, e que as informações deste texto estejam desatualizadas.