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Regulamentação das profissões do mercado de informática

Notícia publicada por brain em maio 5, 2004 10:09 AM | TrackBack


"Não sei se esse tema já foi discutido aqui, em todos os casos estou repassando. Recebi hoje a indicação desse link que é um fórum que trata da questão da regulamentação. O que sempre fiquei curioso é de saber como ficaria o Software Livre perante um um mercado profissional 'regulamentado'. Como um profissional poderia 'assinar' por um produto que teve a colaboração de muitas pessoas do mundo todo? Qual seria o escopo de sua responsabilidade. Se você achar interessante abrir um debate sobre isso, tá aí o link." O convite ao debate vem de Cassio Eskelsen.

 

Comentários dos leitores
(Termos de Uso)

» Joerlei P. Lima () em 05/05 10:18

Interessante. Como o corporativismo ainda está arraigado em nossa cultura. Quanta coisa é "regulamentada"!!
E depois ainda falam em estimular a indústria nacional de softwares. Basta ver como é feito nos países com maior produção/exportação de softwares: há liberdade para desenvolver e produzir.


» Daniel Fonseca Alves () em 05/05 11:23

Sou profissional de informática desde 94, acompanhei desde aquela época a evolução astrônomica da Informática.
Passei pela época romântica até a profissionalização.
Quando começaram as certificações refleti bastante em fazê-las. No entanto o alto-custo e o que chamo de pouca segurança de retorno(principalmente com as da Microsoft) me fizeram adiar a idéia.
Hoje meu foco é Linux, talvez prentenda uma LI.
Mas a pergunta que eu faço é:
Em face a constante mudança de mercado que existe hoje(principalmente em informática) que garante que um investimento que eu faça para me tornar um profissional qualificado no papel irá refletir no futuro na minha profissão ?
Não será esse o problema de profissionais que se formaram em 94 e que o conhecimento adquirido nesta época não é mais útil ?
Como definir os parâmetros de um conhecimento fundamental de um profissional de informática se esse parâmetros são sempre mutáveis ?


» Davi Dalben () em 05/05 13:49

Existem pelo menos duas situações em que algum tipo de controle externo de qualidade seria bem-vindo:

1 - Uma empresa vai se informatizar e contrata um "profissional" sem nenhuma qualificação para fazê-lo. Depois que tudo o que ele fizer não der certo, a empresa ficará com um pé atrás na hora contratar qualquer outro profissional de informática.

2 - Uma empresa lança um CD de acesso gratuito à internet que destrói a configuração do micro do usuário e impede sua remoção e ninguém é punido por isso.

Aqueles que são contrários à regulamentação dizem que o Código Civil Brasileiro é suficiente para punir os responsáveis por qualquer uma dessas situações.

Entretanto, somente com a regulamentação das profissões é possível impedir que o incompetente que fez isso continue fazendo bobagens como essa, pois ele perderia o direito de exercer a profissão.

Outra forma, que não dependeria de legislação, seria algum órgão de abrangência nacional (como a Sociedade Brasileira de Computação, por exemplo) criar um código de ética e atestar que um profissional o segue. Já seria um começo.

Quanto à colocação do Daniel, será que o que um médico formado em 1994 aprendeu na faculdade ainda tem serventia para ele? É para isso que servem os congressos e seminários: manter o profissional atualizado. E isso não vale só para o pessoal de informática.


» Job () em 05/05 14:28

Sou formado em Informática a 16 anos e mexo com computadores a mais de 20.
Sinceramente acho uma bobagem isto de "regulamentação", quem regula é o mercado.
Conheço muito gente "formada" "certficada", que faz e pior fala um monte de bobagens.
Cada empresa deve saber contratar bons serviços,
se não tem competência, existem consultorias para isso.
O que vale é a competência e não certificados e diplomas.
Mas, respeito muito a certificação, acho que algumas certficações são sérias, e podem servir como uma forma de identificar bons profissionais. Nunca fiz nenhuma, mas me lembro de um amigo que fez certa vez da Novell, a qual era muito exigente e séria.
Porem, ele nunca foi contratado por este motivo. :?

A grande maioria de pequenas e médias empresas, não requisitam isso, gerealmente contratam por indicação ou preço.


» alvaro () em 05/05 17:27

Tudo bem regulamentar, mas desde que não seja obrigatório, principalmente o pagamento de taxas (ah, porque isto nunca fica de fora...)

Se eu sou um bom profissional "não regulamentado", eu tenho como provar para quem vai me contratar que eu sou bom o suficiente, não preciso de um papel para "comprovar".

Falo isto por causa do CREA, que "regulamenta" a profissão de engenheiros e arquitetos, mas a única coisa que eles fazem é cobrar a mensalidade...


» Leo PopStar () em 05/05 23:59

Srs,

A discussão deve ser encarada de maneira bem mais ampla do que vem sendo discutida aqui.
Com certeza a competencia nessa área não se adquire em Universidades. Mas muitas vezes é necessário sim um curso superior na área, principalmente se você trabalha na área de pesquisa (cientifica ou algum outro relacionado) onde requer não apenas o conecimento técnico, mas também conhecimento cientifico, matemático e por aí vai.
Mas quanto a regulamentação, acredito sim o mercado de trabalho deva sim dar maior atençao ou até mesmo prioridade aos que se especializaram, ou seja, GASTARAM tempo e dinheiro em 5 anos ou até mais para ter uma formação. Coloquei gastaram em maíuscula pois fica desproporcional um profissional concorrer uma vaga tendo formação superior, Mestrado, PHD e ainda ganhar o que merece, pois certamente a empresa vai preferir contratar alguém com nenhuma formação e por um valor irrisório, no final se não der certo, contrata outro por outra mixaria. Isso dá abertura aos fuçadores, de tanto fuçar dá certo no fim.

Se não precisa regulamentação ???? Então amanhã vou abandonar a área de tecnologia e abrir um consultório médico e vou sair operando as pessoas por aí !!! Ou um consultório dentário, ou até mesmo uma construtora.

Ótimo, quem se habilita a ser meu paciente ou a comprar as casas que estarei construindo ??? Sou um excelente auto-didata e isso que importa para eu ser o melhor médico ou dentista ou engenheiro do mundo !!!! BLZ ????

Curisnho da Microsoft ou da Sun não é nada !!! Certificações Lixo !! Valem até a próxima versão do Windows ou do Java. Só !!! Conhecimento descartavel !!!!


Aprenda a base de tudo meu amigo e isso não é o cursinho da Sun ou Microsfot que vai te dar.!

Abçs

Leo


» jr () em 06/05 09:01

Vou colocar pimenta nesta discussão:

Como fica o caso do Morimoto? E o Marcelo Tosatti?
Como ter certeza que uma pessoa certificada pode ser melhor que um autodidata? A comparação com médicos não faz sentido, pois a fisiologia não muda a séculos, portando o conhecimento adquirido é sempre válido. Já em informática, principalmente nos dias de hoje em que a informação está disseminada na internet, a qualquer momento, uma pessoa baseada apenas na sua força de vontade tem acesso a todo o conhecimento necessário para se desenvolver e criar novas coisas, sem que tenha o conhecimento acadêmico tradicional. Basta saber ler e ter acesso a rede. O paradigma está mudando rapidamente e isto assusta as pessoas. Indivíduos antes sem oportunidade passam a competir com "profissionais" que investiram dinheiro na carreira e conseguem resultados surpreendentes (vejam o caso dos telecentros na periferia de São Paulo).
Formação sem atualização não quer dizer muita coisa hoje em dia. Concordo com os colegas acima que esta história de regulamentação só serve para tentar criar um grupinho fechado para prover status e arrecadação, não criando necessariamente um situação melhor (vide as outras profissões regulamentadas como advogados, engenheiros, a tentativa de regulamentação dos jornalistas em face da grande quantidade de pessoas que realmente são boas naquilo, etc). Quem tem competência que se estabeleça.

Jr


» Daniel Fonseca Alves () em 06/05 09:36

Bom, vi pelos comentários que a profissão de médico e de engenheiro são sempre comparadas com a da informática para fazer frente a regulamentação.
Primeiro gostaria de dizer que eu acho a regulamentação muito importante também.
Mas vamos mexer os pauzinhos aqui.
Será realmente que a profissão de informática pode ser comparada a da medicina ou engenharia ?
1º O conhecimento de informática é muito mais dinâmico que estas duas, e não só no processo de atualização mas também nos paradigmas.
2º Os riscos envolvidos na profissão de informática podem ser muito mais baixos que o da engenharia e medicina, repito, podem ser mais baixos, veja o software livre que é distribuido sem garantias.
Em termos de comparação há diferenças.
A regulamentação desta profissão é muito difícil pois ainda não se sabe no que vais dar daqui a 10 anos(javaxphyton-MicrosoftxLinux-PCxPDA, como definir o que deve ser aprendido ?
E mais, se me lembro bem os únicos conhecimentos de base de um profissional de informática são os algoritimos, corrijam-me se extiver errado, que não são difíceis de aprender.
E por favor sem flames, não gosto de conversar com quem não é capaz de dialogar.


Acredito


» Sabugao () em 06/05 09:52

Vou exigir regulamentação para o meu mecânico!!

Como pode as pessoas sairem por aí, dirigindo seus carros, "revisados" na oficina da esquina que não tem mecânicos regulamentados?? Isso é uma arma.

Se é tão necessário regulamentar o setor de informática, não vejo por que não o é para os mecânicos de automóveis....


» Challado () em 06/05 17:23

A regulamentação é uma faca de dois gumes...

Eu não sou nem contra, nem a favor da regulamentação... O que eu sou a favor, e isso sim defendo, são punições para maus profissionais que, sem nenhuma competência, estão por aí escrevendo softwares, instalando servidores e trabalhando sem nenhuma qualidade e sem nenhuma diretiva, simplesmente sendo "mercenários", e fazendo tudo só pelo dinheiro.

Eu sou Bacharel em Informática pela UEPG. Não sou certificado nem em Janelas(TM) e nem no Linux, mas todos os desafios colocados a mim, incluíndo o AIX, SOLARIS e OS/2 foram vencidos sem nenhum problema.

Agora, cabe a questão: eu tenho aqui um rapaz que trabalha comigo. É excelente para trabalhar com hardware, com instalação de programas e manutenção, mas não sabe programar: não conhece a estrutura de um while, não sabe a diferença do while para um do-while. Faz recursão para funções que poderiam ser resolvidas com laços (o que reduz a complexidade do algoritmo), não sabe modelar um banco de dados dentro das Formas Normais. E vende sistemas por aí, que depois das duas mil linhas dentro do banco de dados começam a ficar lentas (tenta resolver problemas via programação, sendo que um sum() ou um avg() ou uma subquery com um left join poderiam resolver mais rapidamente) e a travar, baleando o banco de dados.

Eu me pergunto: o que evita que pessoas que não tem competência roubem o mercado de quem é competente? Sim, porque, para esse tipo de pessoas, apelar para o "baixo custo de implementação" e a velha "lábia" são as armas mais comuns.

E outra: EU ME ACHO CAPAZ. Mas, o QUANTO você é capaz? Ser Édipo, nessas horas, é hipocrisia. Deve haver uma forma de se dizer o quanto aquela pessoa sabe sobre a área a que se propõe a trabalhar comparado com outras pessoas.

Outra: o mercado não regula nada. O mercado só regula o preço. Quem vender mais barato ganha. Se o seu software foi modelado usando UML, se foi feito dentro das formas Normais, se você utiliza aplicação em 3 camadas, isso não vale nada pro mercado. O que vale é aquele programinha da esquina feito em Delphi que usa tabelas paradoxx e nas quais o cara faz a integridade referencial na unha. No final, os dois são bonitinhos, tem telinhas pra clicar, e na hora da compra, o cara vai pelo mais barato.

Gostaria da opinião dos colegas.


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