Arquivos históricos do BR-Linux.org apresenta:

Linux in Brazil (MP3 Encoders )

Esta dica foi enviada pelo Elvis Pfützenreuter, da rootshell.com.br. Ele redigiu o texto como resposta a uma mensagem da lista Linux-Br, mas resolveu compartilhar conosco as informações. É leitura interessante para quem se interessa pelo padrão MP3.

Vamos ao texto do Elvis:

Mensagem original:

Em dom, 12 dez 1999, you wrote:
Galera...
Gostaria de saber se ha algum software para transformar musicas de cd direto para mp3 mas, (é claro) pelo linux e naum pelo ruindows

Resposta:

LAME version 3.13 (www.sulaco.org/mp3)
LAMER Ain't an Mp3 Encoder (Reconstruction-iso) version 3.13 with GPSYCHO psycho-acoustic model (version 0.50).

Esse site não fornece binários, mas tem links para outros sites que têm binários pré-compilados ;)

Algumas notas interessantes a respeito de compressores MP3, adquiridas através de cabeçadas, digo, experiências particulares:

  • A implementação inicial (ISO) de um compressor MP3 hipotético é pobre, não dá boa qualidade de som mesmo em taxas razoavelmente altas (256kbits) i.e. a compressão tem de ser pouca.

  • O principal problema da implementação de referência ISO é o perfil psico-acústico. Como a compressão MP3 é uma compressão "lossy", ou seja, alguns detalhes da música original são jogados fora para permitir uma compressão alta e CONSTANTE em termos de kbits/segundo. O perfil psico-acústico justamente define O QUE jogar fora, de preferência detalhes da música que o ouvido humano médio não sequer percebe. Exemplo; um som bem baixinho numa freqúência muito próxima a um som forte nunca é percebida pelo ouvinte, e pode ser extirpado sem prejuízo da qualidade "psicológica" do som.

  • Os "papas" dos compressores MP3 pertencem a um grupo chamado Fraunhofer, que aprimorou muito o perfil psicoacústico, conseguindo grande qualidade sonora mesmo a taxas baixas como 128kbps (que por isso mesmo é a mais comumente usada).

  • Até meados de 1998 o fonte para compresssor MP3 era livre. Em 1998 o Fraunhofer FECHOU o fonte, ou seja, passa a ser ilegal fornecer fontes ou binários do compressor MP3 com algoritmo "Fraunhofer". E parece que ele tem sido bem-sucedido em coibir tais compressores, particularmente os para Unix/Linux;

  • Em resposta a isso, o projeto GNU tem trabalhado num perfil psicoacústico de livre distribuição (nem só de software vive a liberdade de software!!!), chamado GPSYCHO. Existem outros perfis de livre distribuição, mas nenhum chega perto desse. Portanto, é perda de tempo usar qualquer compressor MP3 para Linux, a não ser o LAME supracitado.

  • O LAME/GPSYCHO ainda não chegou no mesmo grau de perfeição do perfil acústico dos compressores MP3 comerciais do Fraunhofer. Numa regra geral, a compressão a 160kbps do LAME é equivalente ao 128kbps do Frauhofer. Portanto, o preço a pagar por um algoritmo livre, por enquanto, é ter MP3s 25% maiores.

    Costumo comprimir com o seguinte comando:

    mp3encoder -e 5 -b 160 arquivo.wav arquivo.mp3

    e tem me rendido resultados quase sempre bons, variando um pouco em função do tipo de música. Músicas com batida de palmas ainda ficam um pouco esquisitas.

    Para quem for brincar com o LAME, que tente as opções de compressão com TAXA VARIÁVEL de dados, i.e. usa-se kilobits na medida da necessidade e não uma taxa fixa. Os MP3s resultantes tendem a ser bem menores, porém pode haver perda de qualidade dependendo o tipo de música. Definitivamente não para músicas com pequenos transientes de ruído (e.g. ao vivo).

    Espero que este e-mail seja de utilidade para quem pretende criar MP3. Lembrando que a jurisprudência tem considerado que geração de MP3 a partir de CDs particulares, e para uso particular, é legítimo, porém a distribuição desses MP3 é definitivamente ilegal !

    O Arquivo Histórico do BR-Linux.org mantém no ar (sem alteração, exceto quanto à formatação) notícias, artigos e outros textos publicados originalmente no site na segunda metade da década de 1990 e na primeira década do século XXI, que contam parte considerável a história do Linux e do Open Source no Brasil. Exceto quando indicado em contrário, a autoria dos textos é de Augusto Campos, e os termos de uso podem ser consultados na capa do BR-Linux.org. Considerando seu caráter histórico, é provável que boa parte dos links estejam quebrados, e que as informações deste texto estejam desatualizadas.