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Resultados do OLPC são avaliados no Peru, e desapontam

A matéria do The Economist já sumariza no título: o retorno do investimento peruano em dotar os alunos de notebooks do projeto OLPC (One Laptop Per Child, inicialmente chamado de “laptop de 100 dólares”) desapontou. Segundo um estudo realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), as crianças que receberam os aparelhos não mostraram nenhuma melhoria em matérias essenciais como matemática ou leitura, nem foi encontrada evidência de que o acesso ao laptop aumentou a motivação ou o tempo dedicado às tarefas de casa.

O relatório aplaudiu o governo peruano por oferecer o hardware, mas apontou que ainda é necessário acompanhar a iniciativa com melhor treinamento para os professores e o currículo escolar, modificando assim o ambiente escolar.

O responsável por tecnologias educacionais no ministério da Educação peruano foi citado comentando: “se os professores estão dizendo aos alunos para ligar os computadores e copiar o que está no quadro, investimos mal” – e, para a reportagem do Economist, é o que parece.

Uma ressalva: o LWN destaca que o relatório do BID também menciona alguns aspectos positivos, como impactos positivos em habilidades cognitivas e as competências relacionadas ao uso de computadores. (via lwn.net – “A report from the Peru OLPC deployment [LWN.net]”)


• Publicado por Augusto Campos em 2012-04-09

Comentários dos leitores

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    Porfírio (usuário não registrado) em 9/04/2012 às 3:22 pm

    Se não há uma nova didática, o hardware não adianta mesmo.

    Se é pra investir, é pra pegar a estrada até o final: treinar os professores (com software específico pra isso?) a fazer as atividades às quais o dispositivo se propõe.

    Wilson (usuário não registrado) em 9/04/2012 às 4:11 pm

    Até quando os governantes se esconderão do fato de que só há educação de qualidade se houver o investimento no Professor? De nada adianta a tecnologia voltada para o ensino se o Professor não estiver preparado para utilizá-la. É preciso investir, primeiramente, no Professor. Ele é a chave da educação de qualidade.

    Sergio (usuário não registrado) em 9/04/2012 às 5:09 pm

    Tive um professor na faculdade, de cabeça branca, que ensinava programação oo e dizia a seguinte frase para os alunos: “aprender dói”.

    A construção do conhecimento exige tempo e trabalho, e para isso precisamos de bons professores (bem preparados e remunerados). Mesmo gostando de tecnologia ainda acho que o velho e bom quadro negro tem papel importante neste processo.

    Porfírio (usuário não registrado) em 9/04/2012 às 5:59 pm

    Antes da lousa ser inventada, @Sergio, haviam outros métodos piores. A tecnologia evolui e com ela as coisas melhoram.

    Muitos estudantes são prejudicados muitas vezes porque o processo de aprendizado tradicional não costuma ser muito inclusivo. A interação tradicional é [professor -> aluno], a boa e velha lousa não privilegia outras interações muito importantes: [aluno -> professor], [aluno aluno], [aluno consigo mesmo] e [aluno resto do mundo].

    A nova tecnologia pode ajudar nisso, mais do que simplesmente economizar papel. Mas isso não vai acontecer por mágica, exige toda uma reinterpretação do que consideramos didática.

    Porfírio (usuário não registrado) em 9/04/2012 às 6:02 pm

    Erro meu, minha culpa:

    … [professor -> aluno], a boa e velha lousa não privilegia outras interações muito importantes: [aluno -> professor], [aluno <-> aluno], [aluno <-> consigo mesmo] e [aluno <-> resto do mundo].

    Frangolino (usuário não registrado) em 9/04/2012 às 7:38 pm

    Já fui voluntário em oficinas de treinamento para professores. Não tem jeito. Se não houver engajamento de toda a comunidade escolar, não adianta hardware, software, seminários, melhores salários, etc. etc. etc.
    É claro que quanto mais recursos a disposição, menos o lenga-lenga se justifica.
    Educação não se faz só na escola ou só com uma tipo qualquer de ferramenta, seja ela qual for.

    JosephDiniz (usuário não registrado) em 9/04/2012 às 8:37 pm

    Quando terminei de ler só consegui pensar em uma coisa: “incrusão digital”.

    Sem preparação dos professores e a criação de um ambiente salubre para se educar todas as iniciativas similares irão falhar igualmente.

    Ps. É um s@€© conjugar verbos no Swype.

    Renyer (usuário não registrado) em 9/04/2012 às 8:39 pm

    Professores qualificados, quadro branco e um pilot já é o suficiente.

    lucaugusto (usuário não registrado) em 10/04/2012 às 10:52 am

    Sou formado em Sistemas de Informação em uma universidade federal de grande renome nacional. Meu melhor professor utilizava apenas transparência, giz e boa didática, e isso bastava para o conteúdo que ele deveria ensinar.

    Porfírio (usuário não registrado) em 10/04/2012 às 12:26 pm

    As pessoas que defendem que a tecnologia atual de ensino é boa e suficiente estão assumindo que o professor dá aulas para uma parede (dotada de boa capacidade de abstração).

    O que não estão levando em conta é que, no lugar da parede, existem alunos. Eles são pessoas com diferentes graus de cognição e com necessidades diversas. Sempre houveram alunos com melhor desempenho (porque se adaptam facilmente aos métodos e ferramentas usados) e alunos com pior desempenho (são menos inteligentes? Não. Para eles as ferramentas e métodos usados não são os ideais).

    Não existem alunos “burros”. Existem alunos para os quais a metodologia imposta a eles não é suficiente para envolvê-los, despertar interesse pela matéria ou simplesmente não dispara seus gatilhos cognitivos.

    Devemos continuar usando os métodos de ensino do século passado? Provavelmente não, porque no século passado nós não usamos os métodos do século retrasado. As técnicas de ensino evoluem, usam-se métodos novos e ferramentas novas.

    O objetivo disso é incluir cada vez mais alunos dentro da faixa de bom aproveitamento. O mal desempenho de muitos alunos não é necessariamente culpa deles.

    Eu acho que, ao contrário do que disseram, o aprendizado não precisa doer. O conhecimento é o objetivo, a dor não. Não acho que uma aula tenha de ser uma sessão de BDSM.

    Apenas porque eu consigo levar um feixe de lenha montanha acima empurrando ele com o nariz, não significa que essa seja a melhor forma de fazer isso.

    Em resumo: acho importante existirem ferramentas avançadas de ensino. Quem é contra elas é porque não gosta da ideia de pagar por uma didática melhor para os seus filhos (ou os dos outros), preferindo gastar esses fundos com a cervejinha no fim do dia.

    A questão é que toda ferramenta, por melhor que seja, precisa ser usada com ciência e método. Sozinha, ela não faz nada.

    CarlosCaldas (usuário não registrado) em 11/04/2012 às 12:43 am

    Modismos tecnológicos são tão bons quanto é possível intuir (apenas intuir) porque não há nenhum estudo sério que demonstre que aprender utilizando um notebook é mais eficiente do que aprender utilizando um quadro negro e um giz. De forma contrária, há estudos que demonstram que a internet dispersa e diminui a capacidade de concentração.

    Toda essa “nova didática” está gerando um número enorme de analfabetos funcionais. Eu posso citar diversos exemplos absurdos que vivenciei onde diversos alunos que estudaram até a 4a série (na didática velha) dão show em cima de alunos de faculdade (na nova didática).

    Quando fiz faculdade havia um livro de física muito bom (e que não me lembro mais o autor) que era de 17XX e que era escrito à mão. A letra era uma porcaria mas a didática era muito boa. O livro de cálculo piskunov datava de 1965 (esse mais recente). Álgebra boleana data de 1840. O cálculo acho que é de 1500, etc…

    No século passado nós utilizamos as técnicas de ensino do século retrasado. E no século retrasado nós utilizamos técnicas de ensino do século anterior e assim sucessivamente.

    Comparar uma técnica milenar de ensino que propiciou toda evolução até os dias atuais com levar um feixe de lenha montanha acima empurrando ele com o nariz é sem cabimento simplesmente porque assim como ainda não foi provado que notebooks auxiliam não foi provado que quadros negros prejudicam.

    Uma animação 3d bem feita poderia ajudar a entender o cálculo de uma integral dupla ou entender melhor as partes do corpo humano, mas o datashow do professor pode ser responsável por isso.

    Eu particularmente prefiro fazer contas complexas com papel e caneta onde posso riscar e rabiscar dezenas de vezes. Deixar um computador na mão do aluno é induzi-lo a utilizar planilhas e calculadoras já que o ser humano procura sempre o caminho mais fácil.

    Se smart phones distraem adultos responsáveis no trânsito, o que vc acha que um computador fará na mão de uma criança na sala de aula?
    Aluno com computador na mão = algum joguinho em em execução.

    Acredito que um kindle (modelo antigo) com apenas eBooks seria útil para que o aluno não precise carregar trocentos kg de livro. Mas um sistema estilo iPad é um passo para amplificar o problema do déficit de atenção.

    Se todos são potencialmente equivalentes em todos os ramos de conhecimento então isso significa dizer que o genótipo não influencia em nada na capacidade intelectual. Será isso verdade? O cérebro não é um elemento físico? Se o cérebro que é um elemento físico e é potencialmente igual para todos então outros elementos físicos são potencialmente iguais para todos? Qualquer um devidamente motivado poderia correr na mesma velocidade que Bolt?

    Se todos são potencialmente equivalentes em todos os ramos de conhecimento então isso significa dizer que o fenótipo não influencia em nada na capacidade intelectual. Será que um menino que ajuda o pai em uma quitanda fazendo contas desde pequeno não será provavelmente mais capaz de efetuar cálculos mais rapidamente que o menino que ajuda o pai capinando desde pequeno? Será que um desenho animado não é capaz de facilitar associações não triviais entre um assunto e um determinado contexto do mundo real?

    São exatamente esses diferentes níveis que justificam a necessidade de diferentes métodos de aprendizado. Mas multimídia na mão do aluno não significa necessariamente um método melhor…

    Alguém tem alguma duvida que copiar o quadro no caderno ajuda a memorizar? Atualmente não se copia porque a lousa digital publica diretamente no site da escola. Qual o resultado disso? Alunos terminam o 2o grau em escolas caríssimas e não sabem a fórmula de bhaskara que eu ainda lembro mesmo após mais de 10 anos de formado.

    Façamos um estudo de caso simples:
    Comparem a capacidade da velha guarda que estudou em escolha pública e não fez faculdade em produzir algoritmos (eles aprenderam no papel quando não se podia errar) com os alunos mais recentes de algumas faculdades privadas (que aprenderam no computador).

    O que é desenvolver a capacidade de abstração senão raciocinar utilizando o mínimo de ferramentas possível?

    Eu gostaria muito de entender essas novas teses e conclusões atuais porque sinceramente, para mim, muitas afirmações não fazem sentido algum.

    Não sou contra a evolução, mas antes de se gastar (para alguem ganhar) alguns milhões em computadores tem que haver um estudo sério do problema e das possíveis soluções. Sou contra essa política força bruta (tentativa e erro).
    E não sou contra a força-bruta apenas porque quero tomar minha cervejinha, mas também porque eu realmente acredito que algumas “evoluções” realmente prejudicam mais do que ajudam…

    Porfírio (usuário não registrado) em 11/04/2012 às 10:55 am

    “há estudos que demonstram que a internet dispersa e diminui a capacidade de concentração.”

    @CarlosCaldas, ninguém falou de internet. Os OLPC tem redes mesh conectando todos os alunos de uma sala de aula entre si e com o professor. O professor decide qual o “conteúdo do resto do mundo” trazer para a turma. O instrutor tem e sempre terá o volante nas mãos.

    “Toda essa “nova didática” está gerando um número enorme de analfabetos funcionais”

    Eu já tive professores de faculdade que estudaram na “velha didática” e que se expressavam e escreviam pior do que os alunos… De segundo grau.

    “não foi provado que quadros negros prejudicam”

    Eles prejudicam o aluno que senta no fundo da sala (por falta de opção) e tem problemas de visão e/ou de audição. No lugar de apresentar mídia completa e precisa, eles permitem apenas esboços (professoras normalistas são treinadas em desenho em quadro negro, professores de faculdade tem outras prioridades). O uso de cores prejudica o contraste, por isso os substituímos pelos quadros brancos. O quadro negro faz o aluno ver o mundo através de uma representação pobre. O quadro negro não interage com o aluno. Não interagindo, ele não exige que o aluno participe do processo.

    Ele obriga o aluno a passar a maior parte do tempo de uma aula copiando seu conteúdo em um caderno de papel ao invés de usar seu tempo para entender o que é passado. A cópia dá ao aluno a falsa impressão de que ele está participando do processo, quando na verdade ele não está.

    O quadro negro não permite ao aluno repetir a mesma experiência que teve em aula mais tarde, para a fixação do aprendizado. Ele fatalmente vai preencher aquilo que ele não lembra com suposições que, mais tarde, se provarão incorretas.

    Os cadernos individuais não são participativos. Os alunos são incentivados a manter seus possíveis erros em segredo (coisa que no mundo real não é possível). A realidade atual, para a qual os alunos deveriam estar sendo preparados, é participativa e dependente de fluxos coletivos de trabalho.

    Mais alguma coisa?

    Empurrar um feixe de lenha morro acima usando o nariz. Digo e mantenho.

    “Eu particularmente prefiro fazer contas complexas com papel e caneta onde posso riscar e rabiscar dezenas de vezes”

    Um tablet e uma caneta capacitiva permitem isso. Sem gastar papel que mais tarde vai parar em uma lixeira qualquer ou ser perdido por aí. Ao invés disso, o que você escreveu pode ser armazenado em nuvem e ser acessível para as correções do professor. Também pode ajudar outros alunos.

    “Se smart phones distraem adultos responsáveis no trânsito, o que vc acha que um computador fará na mão de uma criança na sala de aula?”

    Smartphones não são dispositivos didáticos. OLPCs e Tablets educacionais são. Smartphones estão para dispositivos educacionais assim como diários estão para cadernos. O primeiro é de uso pessoal, o segundo é de uso didático.

    “Mas um sistema estilo iPad é um passo para amplificar o problema do déficit de atenção”

    Temos uma afirmação sem detalhamento nessa frase. Você fez algum estudo sério sobre isso ou se trata apenas de achismo pessoal?

    “Se todos são potencialmente equivalentes em todos os ramos de conhecimento então isso significa dizer que o genótipo não influencia em nada na capacidade intelectual”

    Isso pretende dizer que a inteligência será sempre um privilégio dos poucos geneticamente privilegiados capazes de entender aulas prolixas com materiais deficientes? Um precedente tão indesejável quanto incorreto.

    A realidade mostra que pacientes que perderam funções cerebrais devido a perda literal de tecido nervoso são capazes de recuperar essas funções mediante treinamento. O cérebro se reorganiza, dependendo apenas do “software” correto.

    A teoria das inteligências múltiplas questiona o que os séculos passado e retrasado nos disseram sobre o que significa ser inteligente. Os métodos tradicionais estão focados em privilegiar e desenvolver apenas umas poucas dessas inteligências. Os métodos atuais as levam em conta, são participativos e holísticos.

    Isso significa que no passado gênios em potencial, que jamais conheceremos, não se desenvolveram por falta de metodologia adequada.

    Todo ser humano pensante é inteligente e capaz de realizar completamente seu potencial, desde que seja treinado adequadamente.

    “isso significa dizer que o fenótipo não influencia em nada na capacidade intelectual”

    Você usou incorretamente o termo fenótipo.

    “Será que um desenho animado não é capaz de facilitar associações não triviais entre um assunto e um determinado contexto do mundo real?”

    Sem dúvida que é capaz. Por isso a atual proposta de ensino enfatiza a multimídia em contraste com os meios tradicionais.

    “Mas multimídia na mão do aluno não significa necessariamente um método melhor…”

    Multimídia interativa certamente significa um método melhor. A chave desse conceito é a participação e o envolvimento do aluno. Ele deixa de ser um mero espectador para se tornar um dos agentes do processo.

    “Alguém tem alguma duvida que copiar o quadro no caderno ajuda a memorizar?”

    Eu tenho. Sou aluno. E memorizar (fazer a memória engolir sem mastigar) um tópico não significa efetivamente processar e compreender esse tópico. Pior, faz o aluno acreditar que fez alguma coisa nesse sentido, que ele fez a sua parte, quando na verdade não fez.

    “Atualmente não se copia porque a lousa digital publica diretamente no site da escola. ”

    No século passado, as pessoas foram preparadas para lidar com um mundo onde a informação era de difícil acesso. Neste século, os alunos devem ser treinados para lidar com um mundo onde a informação está cada vez mais facilmente disponível. Uma fórmula decorada não tem nenhum valor no mundo de hoje. Recitar bashkara de cor é muito menos importante do que saber onde, como e porque usá-la. E isso a maior parte das pessoas treinadas no método tradicional não sabe. Você sabe?

    “Comparem a capacidade da velha guarda que estudou em escolha pública e não fez faculdade em produzir algoritmos (eles aprenderam no papel quando não se podia errar) com os alunos mais recentes de algumas faculdades privadas (que aprenderam no computador)”

    O erro aqui não é usar computadores como ferramenta e sim em deixar que os compiladores façam o trabalho pelo aluno. Uma coisa não implica na outra.

    “mas também porque eu realmente acredito que algumas “evoluções” realmente prejudicam mais do que ajudam…”

    Então pare de meramente acreditar, estude o assunto e faça parte do processo que criará uma didática melhor pára nossos filhos no futuro.

    Carlos Felipe (usuário não registrado) em 11/04/2012 às 11:02 am

    Diretores de Escolas e governantes acham que é só jogar na mão dos alunos netbooks, tablets, lousa interativa e que voilà, o problema da educação está resolvido. Deem apenas um salário mais digno ao professor que o resto é perfumaria.

    Porfírio (usuário não registrado) em 11/04/2012 às 11:56 am

    Infelizmente, não é o caso @Carlos Felipe.

    O professor é carente de salário digno. Isso é um fato e precisa ser resolvido. Mas a solução da educação no Brasil passa pelo treinamento adequado dos professores.

    CarlosCaldas (usuário não registrado) em 11/04/2012 às 12:14 pm

    @Porfirio
    —–
    “Eles prejudicam o aluno que senta no fundo da sala (por falta de opção) e tem problemas de visão e/ou de audição.”

    Você acabou de identificar o problema e está sugerindo uma solução desconexa com o problema?
    Se o aluno senta no fundo por falta de opção é simplesmente porque a sala está superlotada e/ou é maior do que deveria.
    Não é muito mais simples prover salas com tamanhos menores e menos alunos onde o professor é capaz de prestar um atendimento mais individualizado?

    —–

    “Um tablet e uma caneta capacitiva permitem isso. Sem gastar papel que mais tarde vai parar em uma lixeira qualquer ou ser perdido por aí..”
    Quanto custa um tablet e quanto custa um pedaço de papel para terem resultados similares?

    Quantas vezes uma criança irá quebrar um tablet para que ele tenha que ser reposto?
    Você acha que o desenvolvimento de dispositivos tecnológicos é ecologicamente mais sustentável que papel e caneta?

    —–

    “Uma fórmula decorada não tem nenhum valor no mundo de hoje.”
    Concordo. Mas a prática leva ao aperfeiçoamento.
    Não adianta entender se não praticar.

    “E isso a maior parte das pessoas treinadas no método tradicional não sabe. Você sabe?”

    Não só entendo como sou capaz de deduzir a fórmula. me parece tão trivial que não seria capaz de fazer uma perguntas dessas. Mas essa discussão não vem ao caso…

    —–

    Com relação a fenótipo “O fenótipo resulta da expressão dos genes do organismo, DA INFLUÊNCIA DE FATORES AMBIENTAIS E DA POSSÍVEL INTERAÇÃO ENTRE OS DOIS”. Foi exatamente esse sentido que eu me referi.

    “Isso pretende dizer que a inteligência será sempre um privilégio dos poucos geneticamente privilegiados capazes de entender aulas prolixas com materiais deficientes?”

    Você notou a contradição na sua explicação?

    Você acabou de afirmar que alguns poucos são capazes de entender aulas prolixas com materiais deficientes. Isso realmente os torna privilegiados…

    Mas não significa dizer que o conhecimento deve ser restrito aos mais inteligentes.

    O conhecimento deve ser ensinado a todos. E assumir que existem pessoas mais inteligentes que outras (em algumas áreas de conhecimento) é o primeiro passo para justificar diversos métodos de ensino.
    Você não deveria negar que existem pessoas mais inteligentes do que outras porque essa ideia converge para justificar uma revolução na didática.

    —–

    “O erro aqui não é usar computadores como ferramenta e sim em deixar que os compiladores façam o trabalho pelo aluno. Uma coisa não implica na outra.”

    Então você vai ser capaz de proibir uma pessoa de instalar um compilador no “computador educacional dela”?
    Se o aluno tem um computador ele vai descobrir um jeito de instalar um programinha para facilitar a vida dele. é da natureza humana procurar o caminho mais fácil. não adianta remar contra a maré…

    —–

    “Então pare de meramente acreditar, estude o assunto e faça parte do processo que criará uma didática melhor pára nossos filhos no futuro.”

    Acredito que você “estudou muito” o escopo teórico e esqueceu a pesquisa de campo.
    Já estudou em escola pública?
    Já ensinou em escola pública?

    Já tive uma aluna que disse que não conseguia estudar em casa porque o pai chegava bêbado e a espancava todos os dias. Eu perguntei porque ela não ficava na biblioteca da escola e ela me disse que tinha que ir pra casa pra tomar conta da irmã pequena e o que irmão estava preso…
    A nova didática que você propõe vai resolver o problema dela?
    A nova didática é tão boa que irá fazer ela esquecer que tem que tomar conta da irmã pequena?
    A nova didática é tão boa que fará ela aprender coisas complexas vendo apenas uma única vez na sala de aula?
    A nova didática que você propõe vai resolver o problema visual do aluno que senta no fundo da sala?
    Eu acho que não.

    Não resta dúvidas de que um método holístico é melhor. Contudo o fato de ser melhor significa dizer que é suficiente se aplicado a uma realidade social tão tosca?

    O custo da “nova didática” é proibitivo para algo que não vai ser suficiente.
    Você que pesquisa muito o assunto tem uma idéia de quantos datashows e computadores são roubados em escolas públicas?
    Como citei antes, é uma concepção baseada em um modelo muito simplificado…

    Uma analogia que vejo é que se está objetivando colocar pilares mais resistentes na construção de um prédio (gastando muito com isso), mas o terreno não foi preparado para suportar o peso…

    São apenas hipóteses baseadas em um modelo de realidade muito simplificado que não leva em consideração o maior problema que é social.

    Porfírio (usuário não registrado) em 11/04/2012 às 5:12 pm

    “Não é muito mais simples prover salas com tamanhos menores e menos alunos onde o professor é capaz de prestar um atendimento mais individualizado?”

    Não, @CarlosCaldas. Recriar toda a infra-estrutura dos prédios de ensino e contratar toda uma horda de professores qualificados não é realmente mais simples nem mais barato que adotar tecnologia decente. Mesmo porque a tecnologia não resolve apenas esse problema.

    Em suma: é bonitinho e muito politicamente correto falar de atendimento personalizado, mas não é viável.

    “Quantas vezes uma criança irá quebrar um tablet para que ele tenha que ser reposto?”

    O projeto do tablet educacional, seguindo os mesmos moldes do OLPC, foi criado e homologado para condições severas de uso. A resposta para sua pergunta é: muito poucas vezes. É importante que vc. entenda de que não estamos falando do equipamento “civil” que vc. usa em casa.

    “Você acha que o desenvolvimento de dispositivos tecnológicos é ecologicamente mais sustentável que papel e caneta?”

    Sim, eu acho.

    “Não só entendo como sou capaz de deduzir a fórmula”

    Ok, e qual a aplicabilidade da fórmula de bashkara hoje? O que eu quero demonstrar é que hoje em dia é muito fácil ter, na palma das mãos, o acesso a uma fórmula. No entanto, é o discernimento que realmente faz a diferença.

    Não se pode dizer que interações sociais sejam um fator de manifestação fenotípica para o conjunto de genes que determina a morfologia cerebral, @Carlos. Foi o que eu quis dizer.

    “Você acabou de afirmar que alguns poucos são capazes de entender aulas prolixas com materiais deficientes. Isso realmente os torna privilegiados…”

    Não. Isso não é quantitativo. Os “privilegiados” que vc sugere não são mais inteligentes que o resto. Eles só estão mais adaptados às condições vigentes do que os outros. Outros estudantes podem ser tão ou mais inteligentes que os desse grupo mas não contam com o auxílio de uma metodologia que os favoreça.

    “Você não deveria negar que existem pessoas mais inteligentes do que outras porque essa ideia converge para justificar uma revolução na didática”

    Releia o texto que eu linkei a respeito da teoria de inteligências múltiplas. Ela é o embasamento que eu uso para negar a ideia de estudantes superiores ou inferiores aos outros.

    “Já estudou em escola pública?”

    Sim, na infância. Subúrbio carioca.

    “Já ensinou em escola pública?”

    Sim, como voluntário.

    “A nova didática que você propõe vai resolver o problema dela?
    A nova didática é tão boa que irá fazer ela esquecer que tem que tomar conta da irmã pequena?
    A nova didática é tão boa que fará ela aprender coisas complexas vendo apenas uma única vez na sala de aula?”

    Não, porque o problema da menina não é um problema didático e sim social. Uma didática moderna também não vai resolver o problema da fome na Somália. Talvez também não chegue a ajudar na libertação do Tibete da China ou resolver o problema da Homofobia em São Paulo (mas a esperança é a última que morre).

    “O custo da “nova didática” é proibitivo para algo que não vai ser suficiente.”

    Aquilo que estamos conceituando aqui como “Nova Didática” nem mesmo se refere a uma única solução possível e você já afirma que conhece seus custos e que ele é proibitivo em todos os casos? Vc está defendendo que o fato da realidade não ser perfeita faz com que não possa ser melhorada? Do meu ponto de vista, isso se parece muito com má vontade.

    Vc identifica problemas que não tem solução simples e coloca o procedimento que vc não quer ver implementado como uma dependência dessas soluções, conseguindo assim inviabilizar a proposta ou no mínimo adiá-la. Um expediente muito usado por políticos.

    “Você que pesquisa muito o assunto tem uma idéia de quantos datashows e computadores são roubados em escolas públicas?”

    Tanto quanto sei que esse é um problema operacional e não didático.

    CarlosCaldas (usuário não registrado) em 11/04/2012 às 7:04 pm

    @Porfirio,

    Resumo meu pensamento da seguinte forma:
    Problemas didáticos são ineficazes se os problemas operacionais não forem resolvidos. Da mesma forma são ineficazes se os problemas sociais não forem resolvidos.
    Minha forma de pensar não tem nada haver com política.

    Embora acredite que seja desperdiçar dinheiro realmente gostaria que você estivesse certo e que a solução de todos esses problemas pudessem estar relacionadas simplesmente ao uso de tecnologia adequada.

    Na minha opinião o aprendizado eficaz depende de uma infraestrutura social/operacional. Pelo que entendi, na sua opinião, é algo que pode ser resolvido de forma independente.

    Até o momento, por um motivo ou por outro, o exemplo do OLPC no Peru não deu certo e muito dinheiro foi gasto. Até onde eu sei não deu certo em nenhum lugar do mundo. Quando tiver um exemplo de sucesso favor publicar aqui para que possamos comemorar…

    Como vc já ensinou de forma voluntária e tem uma “técnica superior” imagino que o rendimento da turma com você foi muito superior ao rendimento com todos os demais professores. Você deveria compartilhar a experiencia de sucesso que você teve para que possa servir de exemplo e inspiração para outros professores não tão capazes…

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