Visite também: Currículo ·  Efetividade BR-Mac

O que é LinuxDownload LinuxApostila LinuxEnviar notícia


Licença Java: pomo da discórdia do padrão de interatividade da TV digital com o Ginga

O Circuito De Luca continua analisando o que está adiando a adoção do padrão brasileiro de interatividade em TV Digital, proposto para ser baseado em código aberto.

O texto é enorme, e os trechos que reproduzi abaixo não bastam para lhe fazer justiça. Siga o link para ver mais detalhes.

Via idgnow.uol.com.br:

Muito tem sido discutido nos fóruns especializados e nos grupos de trabalho do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital sobre a cessão do Java DTV, sem cobrança de royalties para uso no Ginga e a cobrança pelo licenciamento dos módulos Java TV e Java Virtual Machine (JVM).

A polêmica em torno do licenciamento do Java no seio do Fórum SBTVD acabou por revelar uma questão preocupante: a completa ignorância de muitos desenvolvedores a respeito. Uma grande parte da comunidade não entende exatamente como é o modelo de licenciamento do Java.

Afinal de contas o Java é livre ou não? O Open JDK é GPL? (…)

(…) Mas esse não é o pomo da discórdia no Fórum SBTVD. Nas discussões a respeito da TV Digital, algumas vezes essa “crítica” de que Java não é completamente livre aparece pura e simplesmente com o intuito de causar desinformação.

Todos concordam que se o desenvolvedor usar o código da Oracle (o OpenJDK), ou aceita a licença gratuita ou paga pelo direito de usá-la.

A discórdia está relacionada a preocupações com valores de licenciamento, controle do padrão pela Oracle, exigência de
certificação e tratamento discriminatório contra empresas brasileiras. Explico.

Segundo Bruno, a licença da especificação Java (JCP) garante acesso à propriedade intelectual de dezenas de empresa que contribuíram para ela, mediante a determinados critérios. A saber: que sua implementação do código seja (1) completa e (2) compatível (tenha passado no TCK, o teste de compatibilidade).

Portanto, no contexto do Ginga, todas as empresas interessadas em vender implementações comerciais do middleware, conforme a arquitetura padrão definida pelo Fórum SBTVD, referendada pela Associação Brasileira de Normas Técnica (ABNT), são obrigadas a passar por esse processo de certificação.

É aí que está a principal critica ao uso do Java. Mesmo que o desenvolvedor não use o código da Oracle, só tem direito à propriedade intelectual se passar no TCK. Se “pagar a certificação”. (…)

(…) Uma das discussões ainda em curso, hoje, no Fórum SBTVD (e que já se estende por mais de 12 meses) é garantir regras mais claras, que garantam mais transparência e agilidade no processo, assegurando de fato o atendimento não discriminatório para todas as empresas implementadoras do Ginga por parte da Oracle. (…)


• Publicado por Augusto Campos em 2012-08-20

Comentários dos leitores

Os comentários são responsabilidade de seus autores, e não são analisados ou aprovados pelo BR-Linux. Leia os Termos de uso do BR-Linux.

    Porfírio (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 2:58 pm

    Me corrijam se eu estiver errado: essa questão da homologação da Oracle só vale se vc chamar de Java ou disser que a sua implementação é “compatível com Java” ou com qualquer dos padrões relacionados.

    Se vc. não fizer isso, não tem que homologar ou seguir norma nenhuma, certo? As API incluídas no Android não seriam a prova cabal desse fato?

    Marcelo Mendes (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 3:04 pm

    Que engodo!

    Ironmaniaco (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 3:11 pm

    Java Trap.

    André Moraes (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 3:24 pm

    O problema não é quem escreve código Java, essas pessoas estão tranquilas pois a Oracle não possui reclamar de nada. Já para quem implementa a JVM ou outra VM está meio enrolado.

    Ou usa a OpenJDK do jeito que está ou reimplementa (ou usa Harmony por exemplo). Acontece que nesses casos a Oracle pode resolver tirar uma casquinha e exigir o pagamento de licensa para dizer que é uma JVM ou VM compatível com Java, considerando que é obrigatório que a VM passe no TCK.

    Se você resolver não pagar e criar uma VM incompatível basta não usar o nome “Java” em nada que fica tudo resolvido. Porém nesse momento a Oracle pode atacar com as patentes que ela possui.

    No Brasil isso não é tão problemático pois patentes de software não são válidas aqui (ainda bem), mas como muitas fabricantes de TV são multi-nacionais a coisa se complica.

    Enquanto a Oracle não abrir mão das patentes que possui sobre a implementação da JVM, fica muito difícil confiar que ela nunca vai processar ninguém.

    Rombo (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 3:27 pm

    eles deviam ter escolhido mono.

    *ducks*

    Rodrigo Kumpera (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 4:45 pm

    O problema é que a política de governança do Java nunca foi aberta ou livre dos grilhões da dona.

    Para poder ser Java precisa passar o TCK e esse vem com sérias restrições de uso. Isso foi um dos maiores pontos de discórdia da Apache com a Sun. Uma queria que sua implementação livre Harmony não ficasse restrita a desktop e servidores, enquanto a outra não queria liberar para uso embarcada – que era a maior fonte de renda do Java na época.

    A Oracle não deu sinal algum sobre mudanças nessa política.

    Quanto a ter adotado mono, bom, toda questão de licenciamento simplesmente não existiria.
    Primeiro que não seria o mono, mas o padrão do ECMA para a máquina virtual. Esse exige o licenciamento e transparente de todas patentes essenciais para implementar o padrão pelas muitas empresas que trabalharam nele – MS, Intel, HP, Novell e tantas outras.

    Fora isso, uma implementação da CLR (ECMA 335) não tem nenhuma restrição de uso ou exigência de royalties.

    Sem falta, por fim, que a MS abriu mão de todas suas patentes sobre o padrão para as implementações compatíveis – que significa implementar o menor profile da especificação.

    O GingaJ é um claro resultado do lobby financeiro atentando contra nossa soberania tecnológica. Em vez de adotar um padrão de verdade, escolheram essa mentira que é o JCP.

    Porfírio (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 4:51 pm

    “Porém nesse momento a Oracle pode atacar com as patentes que ela possui”

    Tem um cara muito legal chamado Alsup que nos fez o favor de gerar jurisprudência a respeito desse ponto.

    André Moraes (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 5:10 pm

    @Porfírio

    Sim, mas até aonde sei, nem todo juiz é obrigado à aceitar essa decisão do Alsup.

    Além disso, a Oracle retirou muitas das acusações de patentes nesse caso (a mando do Juiz) e ficou com as questões de copyrigth apenas.

    As patentes que não foram julgadas podem ser utilizidas em outros processos.

    Obs.: Tudo isso é com base na informação que foram apresentadas nas notícisa referentes ao caso, estou longe de ser um jurista especializado em legislação americana. :)

    Porfírio (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 5:33 pm

    “Sim, mas até aonde sei, nem todo juiz é obrigado à aceitar essa decisão do Alsup.”

    Olha, não sou advogado. Mas pelo que sei jurisprudência é uma referência importante que permite interpretar a letra da lei, e geralmente é decisiva. Porque o caso não teve um resultado X ou Y porque o “Juiz mandou”. Quem julga é o Júri. E Vox Populi vox Dei est.

    “a Oracle retirou muitas das acusações de patentes nesse caso (a mando do Juiz) e ficou com as questões de copyrigth apenas.”

    Retirou porque elas foram consideradas fora de escopo ou improcedentes. Mais jurisprudência.

    Olha, eu não gosto muito de cortinas de fumaça e é por isso que estou tomando as dores do Java nesse caso. Me parece que essa discussão toda a respeito do assunto não tem realmente nada a ver com licenciamento, essa parece apenas uma desculpa que apoia todo um jogo de interesses por trás disso.

    Tem gente nesse foro, até mesmo por aqui, dizendo uma coisa e pensando outra…

    Weber Jr. (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 5:56 pm

    É só o que faltava, advogar liberdade e independência recomendando produtos ou clones MS.

    Clésio Luiz (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 5:59 pm

    Depois do caso do Android, o Java virou essa bomba que muitos tem medo de tocar. E se o MONO já não cheirava bem, depois de todos os processos e acordos de patentes forçados que a Microsoft andou fazendo, você tem que ser muito louco para tocar nele.

    Existem várias linguagens que podem substituir o Java e o MONO. Não é necessário ficar perdendo tempo com eles mais. Escolha uma alternativa e vá em frente sem olhar para trás.

    Marcos (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 6:48 pm

    Bem, o fato é que isso não deveria nem estar no padrão ISTB-t. O brasil tem que ter liberdade de alterar o que bem quiser no padrão.

    self_liar (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 9:51 pm

    Ora ora rodrigo kumpera,continua ainda desenvolvendo para a novell?

    O que voce recomenda? Ah ,não diga MS .net por favor.Mono é todo incompleto .É implementação de segunda mão (não é ofensa,mas sim que não é referencia).

    Se mono fosse a referencia quem sabe né,mas não é.A verdadeira referencia é uma certa corporação cheias de patentes no .NET.Python a sua implementação de referencia é livre.

    self_liar (usuário não registrado) em 20/08/2012 às 11:51 pm

    O site do proprio idg explica bem legal a situaçao.E acho triste alguns reclamarem do java nos 45 minutos do segundo tempo.

    Marcos (usuário não registrado) em 21/08/2012 às 12:54 am

    Essa briga do tck é antiga, a Oracle bem que podia mudar essa licença e acabar com o mimimi.

    Marcelo Dalmas (usuário não registrado) em 21/08/2012 às 3:45 pm

    Deveriam ter escolhido Lua, com a vantagem que também foi desenvolvida no Brasil :)

    Rodrigo Kumpera (usuário não registrado) em 21/08/2012 às 7:32 pm

    Oi João – ou seja lá qual for o nome que se esconde por traz do self_liar.

    Eu não sugeri mono, caso não tenha notado. Sugeri usar ECMA 335, um padrão internacionalmente reconhecido e tão livre quanto outros como ODF.

    O conceito de implementação de referência não pode ser aplicado a python pois não
    existe um padrão que governa a linguagem/plataforma. O padrão é aquilo que a implementação da python.org faz.

    Isso não é exatamente o mais adequado para um padrão nacional que querem produzir para a TV digital. Se seria uma escolha melhor ou pior que Java ou a CLR, isso cabe aos técnicos envolvidos no padrão.

    Afirmar que X é livre e seguro contra patentes exige examinar todas as patentes registradas até um ano depois do lançamento de X para ver se alguma é violada.

    Projetos como zlib, ogg e png fizeram sua diligência contra patentes e várias das limitações desses projetos é exatamente para evitar algumas.

    Procurei online e não achei qualquer menção quanto a tal estudo existe para python ou sua implementação de referência.

    Não é possível afirmar que python é uma linguagem segura ou livre de patentes e dizer tal é se prestar a desinformação.

    self_liar (usuário não registrado) em 21/08/2012 às 7:51 pm


    O conceito de implementação de referência não pode ser aplicado a python pois não
    existe um padrão que governa a linguagem/plataforma. O padrão é aquilo que a implementação da python.org faz.

    A propria fundação que faz o python cria sua implementação de referência.Então é muito mais funcional do que um padrão limitado (o ecma para o .net cobre pouca coisa) que nem mesmo o seu criador (microsoft) oferece um implementação livre.

    Até o python sairia melhor nessa.E até o java sai melhor.

    Eu não sugeri mono, caso não tenha notado. Sugeri usar ECMA 335, um padrão internacionalmente reconhecido e tão livre quanto outros como ODF.

    Oras oras,quem implementa normalmente esse padrão ? A microsoft e a xamarin.E ainda quem iria usar um padrão somente ? As pessoas iriam usar mais do que isso.

    Enfim é conversa de 45 minutos do segundo tempo.E então fica parecendo gente criar um boicote num padrão que foi discutido já uns 3-4 anos.

Este post é antigo (2012-08-20) e foi arquivado. O envio de novos comentários a este post já expirou.